Bilbo Baggins foi visto pela última vez quando tinha mais de 1.700 anos. Os hobbits, conhecidos por sua longevidade, ganharam mais notoriedade (e respeito) depois que o ‘bolseiro’ liderou aventuras incríveis na Terra Média ao lado do mago Gandalf. Bilbo eternizou as histórias em seu livro, O Hobbit- Lá e Lá de Novo (The Hobbit – There and there again), que depois foi retomado por seu sobrinho, Frodo. Para quem leu O Senhor dos Anéis e/ou viu os filmes, certamente imaginou imediatamente o ator Ian Holm em sua brilhante e definitiva interpretação do personagem. A vida fora da ficção é mais curta, e hoje (19) foi divulgado que o ator faleceu em Londres, aos 88 anos.
“Ele morreu pacificamente no hospital, com seus familiares e seu cuidador. Charmoso, gentil e extremamente talentoso, sentiremos muito a sua falta,” disse a nota à imprensa de seu agente.
Holm era adorado pelos melhores atores e estrelou clássicos do cinema como Carruagens de Fogo (para o qual foi indicado ao Oscar), As Loucuras do Rei George (outra indicação), Greystoke- A Lenda de Tarzan, Henrique V e Alien – o Oitavo passageiro, apenas para citar outros, além das adaptações da obra de J. R. R. Tolkien para o cinema.
A causa da morte foram as complicações naturais do Mal de Parkinson, que afastou o ator do trabalho que o manteve ativo até poucos anos atrás. Sua viúva, Sophie de Stempel, compartilhou fotos dos últimos dias de vida do artista, inclusive vários desenhos que ela fez do marido.
Simpático e versátil, preferido pelos melhores
Assim como a de todos os grandes artistas britânicos, a carreira de Ian Holm começou nos palcos, com Shakespeare, e colecionou prêmios, inclusive um Tony quando encantou a Broadway na peça The Homecoming, nos anos 1970. Porém, ele desenvolveu um profundo medo do palco que o afastou do teatro e o levou de vez para o cinema.
Em Alien – O Oitavo Passageiro, de 1979, ele roubou a cena como o cientista Ash, mais tarde revelado como um (atenção spoiler!) robô. Em seguida, o papel do sensível técnico italiano Sam Mussabini, em Carruagens de Fogo, o rendeu uma indicação ao Oscar. Dali, até a sua morte, Holm foi um dos artistas mais versáteis e ativos em filmes, aparecendo em dramas, aventuras ou comédias com igual destaque.
No entanto, ele será lembrado mesmo pela ligação que tinha com a obra de J.R.R. Tolkien. Ainda nos anos 1980, deu voz a Frodo Baggins em uma versão do clássico da literatura para rádio e depois, nos anos 2000, assumiu o papel de Bilbo Baggins na trilogia O Senhor dos Anéis, que repetiu também na trilogia O Hobbit, que acabou sendo seu último trabalho.
Uma das últimas aparições de Holm, já bastante debilitado, foi na pré-estréia em Londres do filme biográfico sobre o escritor, Tolkien, em 2019. Adorado por unanimidade por diretores e colegas, sua morte foi profundamente lamentada ao redor do mundo. Para os fãs, ele seguiu – como Bilbo – nas Terras Imortais, o continente além da Terra Média, inacessível aos humanos e onde apenas barcos elfos conseguem chegar.