O universo de James Bond era um dos últimos filmes tradicionais masculinos que perpetuava a cultura da mulher-objeto, mas esses tempos chegaram ao fim. Pelo menos é o que se sabe, embora todos os segredos de No Time to Die sejam guardados à sete-chaves, na próxima produção do espião inglês veremos uma 007… mulher. Isso mesmo, James Bond terá se aposentado e sua posição será ocupada pela agente interpretada pela inglesa Lashana Lynch. Embora o filme só deva ser lançado nos cinemas em abril de 2020, a contratação da roteirista Phoebe Waller-Bridge foi ostensivamente para trazer uma perspectiva feminina à história. Afinal ela é a autora do momento, à frente das duas séries de sucesso no universo de streaming: Killing Eve e Fleabag. Mas até onde se sabe a participação de Waller-Bridge é apenas atrás das câmeras, à frente os destaques são Lynch e a cubana Ana De Armas. Se fosse em outra época, as duas seriam imediatamente chamadas de Bond Girls, entrando para uma galeria de atrizes que fizeram o papel de namorada de James Bond. Atrizes desde Kim Basinger, Halle Berry até Eva Green e Michele Yeoh. Não será o caso em No Time to Die. “Vai ficar bem óbvio que evoluímos e que Lashana é uma das personagens principais no filme e veste as calças, literalmente’, explica De Armas à revista The Hollywood Reporter em referência à expressão machista em inglês – wear the pants – que significa ‘quem manda’. “Eu visto os vestidos, ela, as calças”, brinca.
Lynch é conhecida do público fã dos super-heróis como a melhor amiga da Capitã Marvel, Maria Rambeau. Ela já postou um teaser dos bastidores da filmagem em junho na sua conta do Instagram, dizendo: “Um gostinho…”
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Uma das grandes fofocas de No Time to Die – já desmentida pelos produtores – é que ela será a literalmente nova ‘James’ Bond. Não, para o nome, mas sim para a sigla. No Time To Die promete redefinir o papel das mulheres na franquia. “Eu não queria alguém habilidosa. Eu queria alguém que fosse durona e que tivesse um passado e uma história, uma mulher que tem problema com seu peso e talvez alguns problemas com o namorado”, explica Lynch sobre a personagem. “Em uma das conversas sobre ela discutimos se ela estaria em seu período menstrual durante uma das cenas”, ela detalha.
As mudanças já começaram há algum tempo: M, a chefe de Bond, foi interpretada por décadas por Judi Dench, a secretária Money Penny deixou de ser uma figurante de escritório e entrou em ação quando passou para Naomi Harris e a última namorada de James, Madeleine Swann, interpretada por Léa Seydoux também não era passiva. A primeira a ter uma atitude de igual com o espião foi interpretada por Diana Rigg, no único fracasso nas bilheterias da franquia, À Serviço de Sua Majestade. Veio antes do tempo, talvez, afinal ainda estava no final dos anos 60. Tracy, a personagem de Rigg, foi a única mulher a se casar com James Bond. Para quem acompanha as histórias do 007 sabe o resultado da união. Com um histórico nada inspirador para mulheres, ambas Lynch e De Armas tiveram suas dúvidas de participar da produção até terem a confirmação de que não serão as típicas namoradas precisando ser salvas pelo espião inglês.
As diferenças já se sentem nos bastidores. Quando De Armas chegou ao set, não foi conhecer Daniel Craig que a impressionou, mas sim a roteirista, Waller-Bridge. ” Eu vi Phoebe e fiquei toda vermelha, como um tomate. Fiquei ‘Oh meu Deus, posso te abraçar? Quero ser sua amiga'”, conta a atriz. Lynch teve uma reação parecida. “Oh meu Deus, uma garota inglesa como eu. Ela vai saber como cuidar das mulheres na tela’, confessou.
Não se fala muito da trama, mas as mulheres não vão sacrificar os looks para ficarem menos femininas. “Cérebro e visual estarão de igual dessa vez”, garante De Armas sobre sua personagem. “Minha personagem é muito esperta e vai ajudar a Bond a navegar sobre algumas coisas que ele não conseguiria sozinho”.
Faltam cinco meses para descobrirmos como será. Curiosa?
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