Paloma Bernardi é um rosto bem conhecido na televisão brasileira, ao longo da carreira já passou por mais de 15 novelas e séries com personagens marcantes. Paloma apareceu na TV pela primeira vez aos 11 anos, na telenovela Colégio Brasil, do SBT, e não parou mais. A atriz está no elenco de Ninguém é Ninguém, filme nacional que está em cartaz nos cinemas, e projetando sua carreira internacional com o curta-metragem A Senhora do Andador, que está rodando festivais pelo mundo.
E tem mais! Na televisão aberta, ela é a protagonista da 6ª temporada de Reis, intitulada A Conquista, uma superprodução da TV Record sobre a história bíblica da nação de Israel. Na trama, ela interpreta a Bateseba, uma mulher que está dividida entre dois amores, o marido Urias e o rei Davi. Dona de uma grande simpatia, Paloma Bernardi conversou com a CLAUDIA sobre trabalho, importância de papéis femininos e futuro, que envolve ser a próxima mulher inspiradora de Pedro Almodóvar.
Entrevista com Paloma Bernardi
O curta que você é protagonista, A Senhora do Andador, está na seleção do Festival de Cinema Liverpool Indie Awards e ainda não chegou no Brasil, certo?
“Ainda não, a gente está fazendo o processo inverso. Fizemos toda a filmagem aqui no Brasil e esttá mandando para vários festivais. Esse [Festival de Cinema Liverpool Indie Awards] foi o primeiro que abraçou o nosso projeto, e a gente fica muito feliz, porque é um curta independente feito na raça. Todo mundo ali estava por amor à arte e por acreditar nesse segmento de curta-metragem, que às vezes as pessoas não dão muito crédito. É um trabalho que tem o seu valor! Estamos apresentando primeiro internacionalmente para depois abraçarmos aqui no Brasil.”
Além do curta, você está na TV com a 6ª temporada de Reis, na Record, e em cartaz no filme Ninguém é de Ninguém. Como é para você viver personagens tão diferentes?
“Como atriz eu posso dizer que isso é uma grande alegria, porque fazer personagens diferentes é um desafio, mergulhar em lugares que eu nunca visitei. São histórias distintas do que vivo e do que sou. Faço questão de trazer holofotes para isso. São universos totalmente diferentes, mas que ainda assim estamos falando do ser humano. Eu sempre falo isso, o ser humano é a nossa matéria-prima de trabalho em todos os sentidos, né?”
Hoje em dia a gente vê mais papéis sobre mulheres para mulheres, e estamos falando aqui de personagens complexas e relevantes. Ainda há muita coisa que precisa evoluir no cinema e na TV, e você tem essa chance de dar a voz à essas mulheres.
“Estamos nesse movimento de trazer holofotes para nós e conquistar um espaço que já vem sendo galgado há muito tempo. Hoje, eu acho que a gente ainda não conquistou 100%, mas estamos nesse caminho. Cada entrevista e trabalho artístico que a gente possa divulgar essas questões das mulheres para a sociedade faz com que a gente vá subindo um degrau. Eu nunca digo ‘ai gente quer ser melhor do que os homens’. Os homens já têm os lugares preestabelecidos, mas a gente pode também caminhar lado a lado. Encontrar um lugar igual, igualitário, na verdade. É muito bacana usar arte para refletir, transformar, curar e levantar bandeiras como a nossa, de colocar a mulher em lugar potente.”
Cada temporada de Reis tem uma trama principal, na sexta, o foco é a história de Bateseba com Davi. Como tem sido essa virada agora que você é a protagonista?
“Eu estou muito feliz! As novelas bíblicas, até como a nossa autora costuma dizer, vão além, porque é bíblico e também histórico, o que nos abre margem para tratar de relações humanas. São batalhas internas e externas que acontecem ali naquele universo da série. Acho que o público se identifica nesse ponto, a gente tem um público muito fiel, que acompanha pela parte histórica também. A Bateseba traz uma discussão que eu me identifico, que é a das dúvidas internas. Ela é vítima dos seus próprios desejos impulsivos e questionamentos. Ela vive entre razão e emoção. Ela é casada com um homem maravilhoso, só que desperta um interesse por Davi e fica nesse triângulo amoroso. As escolhas da vida podem destruir uma relação e isso tudo acontece no dia a dia. Eu fico muito feliz de estar vivendo essa personagem, é a minha primeira protagonista na televisão aberta.”
Sua primeira protagonista? Que legal.
“Sim, sim, é que os personagens que fiz durante a minha carreira foram de destaque. Na Record, eu vivi a Samara, em Terra Prometida, que foi antagonista.” Paloma cita também o papel de Lúcia, na série da Netflix, O Escolhido. “Então, assim, são personagens bem marcantes, né? Como protagonista real, é a primeira vez. A demanda de trabalho é muito grande assim muito intensa, mas faz parte do show.”
Você prefere viver a vilã ou a mocinha?
“[Risos] Olha, a vilã é sempre bem interessante, né? Porque a gente faz coisas que a gente não faria na vida. É divertido fazer uma vilã. Nesse trabalho, especificamente, a Bateseba não é uma vilã, só que o público está ficando com raiva. Como já está escrito na Bíblia, o povo já sabe que ela vai trair o marido, não é um spoiler, e vai seduzir o Rei Davi. A minha personagem está virando uma vilã humanizada, através das suas próprias atitudes o público está a reconhecendo como uma vilã.”
Voltando para os filmes, em breve veremos você em TPM! Meu amor. O que você pode contar dessa produção?
“Sim, a gente vem no segundo semestre. Esse filme tem uma longa história, eu estou com ela em minhas mãos há 11 anos. Na época, eu falei para o produtor ‘eu quero ser protagonista do seu filme’. Se passaram 11 anos e ele me chamou para fazer.”
Olha só, que bom, ele lembrou!
“A gente fica ali plantando uma sementinha e ela veio gerar frutos. Então foi muito divertido o processo, porque fala sobre o nosso universo feminino, como ficamos quando a TPM está aguçada. Isso vai se aflorando na minha personagem. Ela vai lidando com isso, querendo quebrar uns paradigmas. Como os lugares que a mulher é colocada na sociedade: eu posso ser sensual, eu não preciso ter um padrão de corpo. É tudo sobre o universo feminino com um tom de comédia. Eu tenho feito trabalhos muito dramáticos, esse vem com uma proposta mais leve, é bem interessante.”
E o que vem aí no futuro?
“Acho que tenho que dar uma respirada. Talvez eu vá para a Europa. Estou estudando muito espanhol e estou adorando. Acho que, de repente, quero projetar uma carreira internacional nesse segmento. Eu estou tão apaixonada pelo espanhol que eu já falei que quero trabalhar com o Almodóvar em breve, eu vou ser a nova Penélope Cruz dele” [risos].
A gente espera que isso aconteça! A atriz pede também que o público vá assistir ao longa Ninguém é de Ninguém para apoiar o cinema nacional. O filme foi lançado dia 20 de abril e essas primeira semanas são bem importantes. E para assistir a sexta temporada de série Reis, na TV aberta, basta ligar na Record às 21h, de segunda a sexta.