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Projeto capacita refugiados para serem professores de idiomas

Conheça o Abraço Cultural, a escola que dá oportunidade de trabalho aos refugiados e também enriquece seus alunos culturalmente.

Por Júlia Warken
Atualizado em 20 jan 2020, 13h39 - Publicado em 23 Maio 2017, 11h33
 (Abraço Cultural/Divulgação)
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Quem mora em grandes cidades brasileiras já vem notando, há alguns anos, que o número de refugiados é cada vez maior. O país representa a esperança de dias melhores, mas essas pessoas encontram por aqui a barreira da língua, a escassez de empregos e algo ainda pior: o preconceito.

Pensando nessa triste realidade, surgiu em São Paulo o Abraço Cultural, uma escola de idiomas cuja proposta é dar oportunidade de emprego a refugiados. Tudo começou através do Atados, uma plataforma que conecta ONGs e pessoas interessadas em fazer trabalho voluntário. Há anos, o Atados vem chamando a atenção para a causa dos refugiados e, em 2014, promoveu a 1ª Copa do Mundo dos Refugiados – evento realizado na época da Copa do Mundo.

“Começamos a notar que havia muitas pessoas a fim de participar de mais ações com refugiados e também percebemos que tem gente, como por exemplo do Haiti, que fala francês, inglês, espanhol, criolo e português. São cinco línguas e, mesmo assim, eles chegam ao Brasil com uma dificuldade grande de se inserir no mercado de trabalho”, conta Daniel Assunção, que fundou o Abraço Cultural junto com o amigo André Cervi.

Pouco menos de um ano depois, em março de 2015, a escola começava a ganhar forma. A ideia inicial era lançar um curso de férias em junho daquele ano, com aulas de francês, espanhol, árabe e inglês. “Na época estava se falando muito sobre os refugiados na mídia, então nós tivemos cerca de 800 inscritos, sendo que a meta inicial era de 40”, relembra Daniel.

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(Abraço Cultural/Divulgação)
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O sucesso foi tanto que não havia professores o suficiente para tanta demanda. Só nesse pontapé inicial, foram atendidos 123 alunos, divididos em 12 turmas. Já no segundo semestre de 2015, outras turmas foram abertas e no início de 2016 o Abraço Cultural ganhou também uma sede no Rio de Janeiro. Hoje em dia, a escola conta com cerca de 30 professores, todos refugiados. A maioria deles vem do Haiti, Congo e Síria.

Uma dessas professoras é a haitiana Geneviève Chérubin, que chegou ao Brasil há 2 anos. Em sua terra natal, ela trabalhava como educadora infantil, oficio que continuou exercendo como voluntária depois do terremoto que dizimou o Haiti, em 2010. Ao chegar em São Paulo, em 2015, ela conheceu o Abraço Cultural através de um amigo que também é professor.

“O projeto mudou bastante coisa na minha vida, pois eu estava sem trabalho e com poucos amigos. Foi a melhor coisa que podia me acontecer. Agora consigo me virar e posso fazer o que gosto: ensinar. Meus alunos são pessoas muito abertas eles são muito interessados em conhecer minha cultura. Fazemos uma troca”, conta a professora.

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A professora haitiana Geneviève Chérubin ()

Para além do idioma, promover essa troca cultural também é umas das principais missões da escola. “As lições das aulas não vão ser sobre a Torre Eiffel, por exemplo. Vão ser sobre uma região do Congo ou do Haiti”, explica Daniel Assunção. Paralelo a isso, uma vez por mês é realizado um grande encontro cultural entre todos os alunos e professores, com dança, música e arte típicas de cada país.

Apesar de ter uma proposta diferente das escolas tradicionais, Daniel frisa que o Abraço Cultural também se preocupa em capacitar os professores e em ter uma grade curricular bem planejada. “Temos uma metodologia própria – focada em conversação e bem ligada a elementos culturais – que é feita por uma equipe pedagógica composta por professoras de grandes escolas. Essa equipe treina os refugiados, prepara o conteúdo didático e alinha com eles o que vai ser dado em sala de aula”.

Atualmente, a escola conta com uma unidade em São Paulo (Pinheiros) e duas no Rio de Janeiro (Tijuca e Botafogo). Para saber sobre valores, endereços e novas turmas, basta acessar o site do Abraço Cultural. Lá também é possível candidatar-se como professor (caso você seja refugiado) e como voluntário.

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