Ainda criança, Thereza Eugenia descobriu o gosto pela fotografia no laboratório escuro que a avó mantinha em casa, em Serrinhas, na Bahia. Herdou a paixão, mas formou-se enfermeira e levava as fotos como hobby. Só foi entender que o talento poderia se tornar profissão nos anos 1970, quando retratou sua irmã e se impressionou com o resultado. Já vivendo no Rio de Janeiro, começou a fotografar artistas da MPB – que ela adora – em shows. “Minhas câmeras não eram profissionais, mas Bethânia e Maysa amaram o trabalho. Só que os agentes achavam que os cliques não eram comerciais. Tudo mudou quando fotografei Roberto Carlos”, conta ela.
Uma de suas fotos, feita com uma câmera emprestada, foi escolhida pelo próprio cantor para estampar a capa do disco que levava o nome dele, lançado em 1970. A partir daí, as portas se abriram definitivamente para Thereza. Ela se tornou figura tão importante da música popular brasileira quanto os cantores. Seus retratos tinham clima intimista, eram tirados na casa dos artistas, e, assim, ela acabou fazendo amizade com eles. “Os tempos eram outros. Conseguia acompanhá-los em momentos de lazer e até os levava para minha casa. Essa confiança aconteceu também porque nunca fiz registros comprometedores ou polêmicos”, explica a fotógrafa, hoje com 80 anos.
Ao longo das décadas de 1970 e 1980, Thereza reuniu enorme acervo. Alguns retratos estão em seu Instagram (@therezaeugenia), mas, em breve, muitos dos registros desse período histórico da MPB serão reunidos em um livro organizado pelo arquiteto Augusto Lins Soares. “Conheci Thereza quando estava produzindo a fotobiografa de Chico Buarque. Percebi que ela tinha muito material e com potencial enorme; então a convidei para montar esse projeto”, conta ele. Ainda sem editora, a previsão é de que a obra seja publicada no segundo semestre deste ano.
Resiliência: como se fortalecer para enfrentar os seus problemas