Vanessa Rangel da Silva mede 1,80 m e foi dos 96 kg para os 74 kg
Foto: Alex Santana / Arquivo pessoal
Eu tinha 17 anos, estava no começo do 3º colegial e até então nunca tinha beijado. Eu era a única BV (boca virgem) das garotas do meu ano. Uma vergonha. E não era para menos: estava com 96 kg! Ninguém queria beijar a gorda da escola. Eu era zoada o tempo todo. Quando entrava na sala de aula, toda a galera segurava na parede e gritava: “Cuidado, terremoto!!!”. Eu corria para chorar no banheiro. Chegava em casa e chorava de novo… Cansada de ser a aberração do colégio, decidi que até o fim do ano eu ia ficar magra e bonita. Era um desafio e tanto, mas eu não podia mais viver daquele jeito.
Gorda e malcuidada, eu era uma menina num corpo de senhora
Não foi por acaso que me tornei uma adolescente obesa. Minha alimentação era totalmente errada. E exagerada. Num mesmo dia, eu devorava um pacote de bolacha recheada de uma só vez, salgadinhos de saquinho, litros de refrigerante, copos e mais copos de leite achocolatado, 50 balas por dia – sim, eu tinha a pachorra de contar… Com isso, meu corpo de 1,80 m foi crescendo para todos os lados. É, eu fazia por merecer o apelido de baleia assassina que me deram. Eu era uma menina num corpo de senhora. Moro no litoral, mas não tinha coragem sequer de colocar o pé na praia por vergonha do meu corpo.
Foi então que, no começo de 2005, resolvi procurar uma nutricionista. De cara, ela cortou todas as porcarias que eu comia e me indicou uma reeducação alimentar. A médica também me passou a receita de um shake de guaraná com colágeno para acelerar meu metabolismo e deixar a pele firme depois que eu emagrecesse. Como sou viciada em doces, também investi nas balas de gelatina. Elas controlavam aquela vontade insuportável de devorar chocolates, bolachas recheadas e outras guloseimas.
Meu estômago parecia ter vida própria: ele gritava!
Se eu disser que foi fácil alterar minha rotina alimentar, estou mentindo. Meu estômago parecia ter vida própria de tanto que se contorcia e gritava. Mas eu estava determinada a passar o Ano-Novo fininha. Tanto que também comecei a pegar pesado na malhação. Ia para a academia todos os dias. Fazia esteira, musculação, spinning, jump…
Após quatro meses de dieta e exercícios, cheguei aos 74 kg, meu peso ideal. O problema é que fiquei tão focada em emagrecer que perdi a mão e desenvolvi uma anorexia nervosa. Fiquei obcecada em ser magra. Foi um período muito difícil da minha vida, mas, com ajuda médica e o apoio da minha família, consegui superar a doença e voltar aos 74 kg.
Só então pude me enxergar como eu realmente era: uma garota linda e em forma! Consciente da minha nova aparência, joguei fora todas aquelas roupas de senhora que eu usava e passei a vestir só peças justinhas e decotadas. Perdi 21 cm de cintura e fiquei parecendo uma modelo! Com um corpo escultural, abalei as estruturas nas festas de Natal e Ano-Novo! Recebi elogios de todo mundo!
E agora o que não falta é admirador atrás de mim. Até hoje nunca namorei, mas já tive vários casinhos. É muito louco: num dia, você é objeto de repulsa; no outro, de desejo. Como já estive dos dois lados, sei exatamente o que quero para mim: ser magra, bonita e saudável para sempre!
Vanessa ficou linda e saiu na capa da revista SOU MAIS EU!
Foto: Reprodução revista SOU MAIS EU!
Exagerei na dieta e fiquei anoréxica
Depois da dieta e da malhação, eu já tinha perdido 22 kg e ganhado um corpo bonito. Mas eu não enxergava isso. Queria emagrecer mais e mais. Comecei a pular refeições para perder mais peso, jogava a comida fora escondida e forçava o vômito no banheiro depois de comer. E só pensava em malhar. Acordava às 4 h da manhã para correr! Assim, atingi os 59 kg – tenho 1,80 m de altura! Todos me alertavam que eu estava feia de tão magra, mas eu não ligava. Achava que ainda estava gorda, acredita? Até que meus pais me fotografaram daquele jeito para que eu visse minha aparência doente. Só então minha ficha caiu. Fomos ao endocrinologista e ele foi categórico: eu estava comanorexia. Depois de passar um mês esquelética, aos poucos fui voltando a me alimentar direito com a dieta passada pelo médico. Meu pai me obrigava a comer e ficava me vigiando durante as refeições. Minha irmã me seguia o tempo todo para eu não vomitar no banheiro. Depois dequatro meses, recuperei meu peso, voltei a ficar saudável e nunca mais tive aqueles impulsos doentios da anorexia.
Cuidado! Dietas muito radicais podem levar à anorexia
A anorexia é um transtorno alimentar caracterizado pelo medo excessivo de engordar, pela visão distorcida da autoimagem (mesmo magra, a pessoa acha que está gorda) e pela perda rápida e acentuada de peso. “Não há como prevenir a anorexia, mas um diagnóstico precoce aumenta as chances de cura”, explica Táki Cordás, psiquiatra e professor de psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP). O especialista dá algumas dicas para identificar e tratar a doença:
Como saber se a dieta passou do ponto?
·Na anorexia, o emagrecimento é muito acentuado. Para avaliá-lo, utiliza-se como parâmetro o IMC (Índice de Massa Corporal, que é calculado da seguinte forma: peso dividido pela altura ao quadrado). Na mulher, esse número deve variar entre 19 e 24. Nos homens, entre 20 e 25. Índices inferiores a 17 indicam perda de peso grave.
·Pessoas com anorexia nervosa sempre apresentam peso abaixo do normal e se recusam a comer adequadamente.
·Os pacientes com a doença fazem atividades físicas de forma exagerada, jejuam, forçam o vômito depois de comer, usam laxantes e moderadores de apetite.
·Anoréxicos têm uma distorção grave da sua autoimagem. Uma mulher esquelética se olha no espelho e se acha gorda.
Como é o tratamento?
·O médico receita uma reeducação alimentar, orienta a terapia familiar e, se necessário, entra com medicação. Na maioria das vezes, a paciente é levada à força pelos pais e diz que não vai seguir as recomendações porque não quer engordar.
·Não há um medicamento específico para tratar a anorexia nervosa, mas os antidepressivos são usados habitualmente, porque as pacientes também costumam apresentar sintomas de depressão. Algumas têm pensamentos obsessivos, como contar compulsivamente o número de calorias dos alimentos.
Receita do meu shake de guaraná com colágeno
Ingredientes:
·1 copo (200 ml) de leite desnatado
·1 pacotinho de polpa congelada de fruta
·2 colheres (sopa) de colágeno em pó hidrolisado
·1 colher (sopa) de guaraná em pó
Modo de fazer: Bata tudo no liquidificador e sirva em seguida.
Balas de gelatina estimulam a produção natural de colágeno
Foto: Alfredo Franco / BOA FORMA
Balas de gelatina dão saciedade
Poderosas aliadas do emagrecimento, as balas de gelatina, como são conhecidas popularmente, são feitas de colágeno hidrolisado (gelatina farmacêutica). Elas possuem muito mais aminoácidos do que a gelatina normal. Isso faz com que o organismo produza mais colágeno, substância que combate a flacidez, melhora as unhas e o cabelo, aumenta o ganho de massa muscular e, claro, contribui para a perda de peso, segundo a nutricionista funcional Carolina Baccei. “Quando ingeridas com água, essas balas formam um gel no estômago que ocupa espaço e promove aquela sensação de saciedade”, explica a especialista. O ideal é consumir duas unidades por dia, antes do almoço e do jantar. A bala é contraindicada para quem tem problemas renais. “Por isso, é preciso consultar um médico ou nutricionista antes de iniciar o consumo”, recomenda Baccei.
Receita de bala de gelatina caseira
Ingredientes:
·3 caixas de gelatina diet
·2 envelopes de gelatina incolor sem sabor
·1 copo (250 ml) de água fervente
·1 copo (250 ml) de água fria
Modo de fazer:
Dissolva a gelatina diet na água fervente e reserve. Em seguida, hidrate a gelatina incolor na água fria. Deixe repousar por cinco minutos. Leve-a ao micro-ondas por 30 segundos ou ao banho-maria para dissolvê-la. Misture as duas gelatinas. Unte um refratário com óleo de milho, limpe o excesso e despeje a gelatina. Leve à geladeira por uma hora. Retire, corte em pedacinhos ou use cortadores especiais próprios. Se preferir, embrulhe em papel celofane. Rende 50 unidades.
Fotos: Divulgação
1. Bala de colágeno e chá vermelho, 30 unidades, da Ecolive, na UltraFitness, R$ 27,90*
2. Bala Beauty Candy (colágeno e vitaminas), 150 g, da Beauty’in, na Corpo Perfeito, R$ 25*
3. Balas de algas marinhas, chá verde e colágeno, 150 g, da Sweet Jelly, na Natural na Rede, R$ 9,40*
4. Balas de colágeno e chá verde, 20 unidades, da Snella, na SnellaShop, R$ 23,90*
*Preços pesquisados em Maio/2012