A nova série adolescente da Netflix ainda nem estreou e já causa polêmica
Uma coisa meio "Meninas Malvadas" e "The Heathers", "Insatiable" é gordofóbica e já fizeram até petição para ela não ir ao ar.
A nova série da Netflix, “Insatiable”, ainda bem estreou, mas já causa polêmica na web: muitas pessoas consideraram a premissa da história gordofóbica e problemática.
Olha só o trailer:
A produção conta a saga de Patty, interpretada pela ex-estrela da Disney Debby Ryan, uma garota gorda vítima de bullying no colégio. Após quebrar a mandíbula e passar as férias de verão sem comer, ela volta magra e dentro do padrão estético para a escola e se torna popular e ~desejada~ por todos. Agora, é hora de se vingar de todo mundo que fez ela sofrer.
É uma comédia com humor negro, uma coisa meio “Meninas Malvadas”, “The Heathers” e “Um Crime Entre Amigas”, três clássicos do gênero, o problema é que o ano é 2018 e a “internet” não comprou essa ideia de que ela precisa ser magra para dar a volta por cima. Além disso, entre as principais críticas, estão o fato da atriz magra usar um fat-suit, aquela roupa com enchimento, a reafirmação daquele conceito ultrapassado de “revenge body”, que diz tudo bem “dar um tapa” na própria imagem em nome da vingança, e de como essa narrativa pode causar complexos alimentares e perpetua, mais uma vez, a objetificação do corpo feminino
Ativistas já até criaram uma petição com mais de 90 mil assinaturas para que a gigante de streaming desista de exibir o produto. “Por muito tempo, as narrativas dizem para as mulheres e jovens influenciáveis de que para elas serem queridas, ter amigos e serem desejadas pelo olhar masculino, além de, em certa medida, serem seres humanos dignos, elas precisam ser magras”, diz o documento.
A polêmica foi tão grande, principalmente lá fora, que tanto a roteirista do show, Lauren Gussis, quanto a protagonista, Debby, precisaram escrever textões nas redes sociais. contando as próprias histórias delas de problemas com o corpo e de como o seriado quer, através de uma sátira, fazer uma ~crítica social foda~.
“Aos 13 anos, eu tinha tendências suicidas. Minhas melhores amigas me largaram, eu sofria bullying, eu queria vingança. Eu achava que se eu parecesse bonita por fora, isso seria o suficiente. Em vez disso, desenvolvi um complexo alimentar. E aquele tipo de raiva que faz você desejar fazer coisas ruins. Eu ainda não estou confortável comigo mesma, mas estou tentando compartilhar meu interior – compartilhar minha dor e vulnerabilidade por meio do humor. Esse é o meu jeito. A série é um conto sobre como pode ser destrutivo pensar que o exterior é mais importante – sobre julgar superficialmente. Por favor, deem uma chance para a série”.
Não colou.
“Acabei de ver o trailer de Insatiable, Escutei que os atores e a produção querem que a gente dê um voto de confiança e olhe além do trailer, mas trailers foram criados para seduzir – esse trailer me afastou. Em qual planeta perder peso por meio de uma mandíbula quebrada pode ser inspirador? Eles sabem o que isso implica?”
A Netflix, casa de produtos progressistas e inclusivos, como “GLOW”, “Orange is the New Black“ , o especial Hannah Gadsby: Nanette’ e a incrível “Cara Gente Branca”, que mostra de forma didática e com senso de humor o racismo em uma faculdade dos Estados Unidos, não é novata quando o assunto é polêmica. especialmente se a atração é voltada para o público adolescente. “13 Reasons Why” até hoje é acusada de romantizar o suicídio, o filme “O Mínimo Para Viver” de representar de forma equivocada a anorexia, além do sucesso de “A Barraca do Beijo”, longa bastante problemático.
“Insatiable” tem estreia prevista para o dia 10 de agosto e até lá deve causar muitas discussões.