50 anos de novelas – Capítulo 1
Contigo! comemora com a revista meio século de vida e homenageia a teledramaturgia brasileira
A pioneira 2-5499 Ocupado, com Tarcísio Meira e Glória Menezes
Foto: Divulgação
Um ano após a inauguração da televisão no Brasil, em 1951, a TV Tupi colocou no ar Sua Vida Me Pertence, uma ficção seriada exibida duas vezes por semana. Aos poucos, o gênero foi conquistando espaço nas grades de programação até que, em 1963, a TV Excelsior estreou a primeira novela diária, 2-5499 Ocupado, de Dulce Santucci, baseada no texto de argentino Alberto Migré, com Tarcísio Meira, 77 anos, e Glória Menezes, 77, como protagonistas.
Conforme mais aparelhos de TV iam fazendo parte dos lares brasileiros, a telenovela ganhava mais público. As tramas de origem latino-americana, como O Direito de Nascer (TV Tupi, 1964), faziam sucesso, mas o gênero pedia uma reformulação, já que a audiência crescente cobrava uma maior identidade com as tramas levadas ao ar. Foi com essa percepção que o trio formado pelo autor Bráulio Pedroso, pelo diretor Lima Duarte, 82, e pelo ator Luís Gustavo, 79, e capitaneado pelo pioneiro da televisão brasileira, Cassiano Gabus Mendes, criou a novela Beto Rockfeller (TV Tupi, 1968), em que a história se aproximava da realidade nacional e os personagens eram “gente como a gente”.
Esse caminho foi trilhado pelas produções que vieram a seguir, e duas autoras se destacaram com suas tramas: Ivani Ribeiro, na Tupi de São Paulo, e Janete Clair, na Globo do Rio de Janeiro. Ivani foi a responsável por sucessos como Mulheres de Areia (1973), A Viagem (1975) e O Profeta (1977), todas refeitas posteriormente na emissora carioca. Janete, em parceria com o diretor Daniel Filho, 76, foi uma das responsáveis pela criação do “padrão Globo de qualidade” com novelas como Véu de Noiva (1969), Irmãos Coragem (1970) e Selva de Pedra (1972), que teve o êxito de conquistar 100% de audiência em um de seus capítulos finais. Foi na década de 1970 que as novelas se consolidaram como líderes de audiência nas grades de programação, posto que ocupam até hoje.
Luís Gustavo em Beto Rockfeller, que criou a identidade nacional e Lima Duarte e Regina Duarte em Roque Santeiro, sucesso após a censura
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Na mesma época, sob o regime militar, as produções se tornaram alvos da censura vigente no país, e o caso mais notório foi Roque Santeiro, escrita em 1975 por Dias Gomes para ocupar o horário nobre da Globo e que acabou indo para a gaveta no dia de sua estreia por ordem do governo. Para substituí-la, a mulher de Dias, Janete Clair, escreveu às pressas Pecado Capital. Com o fim da censura, em 1985 Dias, em parceria com Aguinaldo Silva, 68, retomou Roque Santeiro, que foi ao ar e se tornou sucesso absoluto. Com temáticas abrangentes, elencos estelares, aprimoramento tecnológico e sempre de olho na identificação do público, o gênero segue se renovando e atraindo a audiência, como foi o caso recente de Avenida Brasil (Globo, 2012), que parou o país para ver o desfecho de Carminha (Adriana Esteves, 43). Os ídolos, as trilhas sonoras, as modas, tudo isso será abordado nas próximas edições em comemoração aos 50 anos da novela brasileira. Até lá.