50 anos de novelas – capítulo 6
O estilo hippie-chic de Glorinha (Malu Mader) em O Outro e o anel-pulseira de Jade (Giovanna Antonelli) de O Clone virou febre
O estilo hippie-chic de Glorinha (Malu Mader) em O Outro e o anel-pulseira de Jade (Giovanna Antonelli) de O Clone virou febre
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Ao olharmos para trás nesses 50 anos, tanto nas páginas da Contigo! quanto nas novelas, dificilmente escaparemos de comentários do tipo nossa! olhe a roupa que ela está usando! ou eu tinha uma peça dessas também!. Sim, o que vestiu personagens das tramas serviu de inspiração para o figurino do público, que até hoje vê na teledramaturgia o que está na moda. Mas isso se tornou uma via de duas mãos a partir de 1973, quando a figurinista Marilia Carneiro, 72 anos, foi para a Globo e, em vez de confeccionar as peças com as costureiras da casa, passou a buscar roupas nas butiques do Rio de Janeiro para os atores usarem em cena, compondo looks originais e marcantes. Alguns se tornaram clássicos, como a moda discoteca de DancinDays (1978) representada pelas meias coloridas de lurex usadas com sandálias por Júlia (Sonia Braga, 62) na pista de dança. É de Marilia também o estilo Jade (Giovanna Antonelli, 37) criado em O Clone (2001), com véus e trajes típicos das muçulmanas adaptados ao visual ocidental. Seu parceiro, Paulo Lois, 61, foi o responsável por uma das maiores febres da época ao sugerir para a protagonista os famosos anéis-pulseiras, que passaram a ser vendidos até por camelôs.
Edson Celulari lançou tendência com a camisa flamel em Fera Ferida e Dino César (Mário Gomes) e o colarzinho de contas usado em Duas Vidas
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Os adereços, aliás, geralmente ganham as ruas após compor o look de um personagem de novela. Com Duas Vidas (Globo, 1976), por exemplo, a figurinista Kalma Murtinho, 92, lançou moda ao colocar um colarzinho de contas em Dino César (Mário Gomes, 60), muito imitado pelos rapazes da época. Em Baila Comigo (Globo, 1981), Helena Gastal mandou confeccionar os meiões de lã estilizados em polainas usados por Joana (Betty Faria, 71) na academia de dança, e a peça ganhou vida própria entre o público, que a adaptava aos mais diversos visuais. Até as pochetes que faziam parte do estilo hippie-chic de Glorinha da Abolição (Malu Mader, 46) em O Outro (Globo, 1987) caíram no gosto popular graças à criação do figurinista Marco Aurélio, 57, responsável também, entre outros trabalhos, pelo exagero de laços e fitas copiado da Viúva Porcina (Regina Duarte, 66) de Roque Santeiro (Globo, 1985).
Algumas peças se renovaram depois de fazerem parte do figurino de uma trama, como os vestidos longos e despojados de Vitória (Cláudia Abreu, 42) em Belíssima (Globo, 2005). Outras também ficaram conhecidas por causa da produção ou do personagem, como foi o caso do sapato cavalo de aço, usado por Tarcísio Meira, 77, em Cavalo de Aço (Globo, 1973), e a camisa flamel, modelo que Edson Celulari, 55, trajava em Fera Ferida (Globo, 1993), na qual interpretava o alquimista Raimundo Flamel. E, enquanto houver novelas, outras modas virão por aí.
As polainas de Joana (Betty Faria), de Baila Comigo, entraram no figurino do público e Cláudia Abreu e o vestidão repaginado de Vitória, sua personagem em Belíssima
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