A nova série da Netflix, “Insatiable”, ainda bem estreou, mas já causa polêmica na web: muitas pessoas consideraram a premissa da história gordofóbica e problemática.
Olha só o trailer:
A produção conta a saga de Patty, interpretada pela ex-estrela da Disney Debby Ryan, uma garota gorda vítima de bullying no colégio. Após quebrar a mandíbula e passar as férias de verão sem comer, ela volta magra e dentro do padrão estético para a escola e se torna popular e ~desejada~ por todos. Agora, é hora de se vingar de todo mundo que fez ela sofrer.
É uma comédia com humor negro, uma coisa meio “Meninas Malvadas”, “The Heathers” e “Um Crime Entre Amigas”, três clássicos do gênero, o problema é que o ano é 2018 e a “internet” não comprou essa ideia de que ela precisa ser magra para dar a volta por cima. Além disso, entre as principais críticas, estão o fato da atriz magra usar um fat-suit, aquela roupa com enchimento, a reafirmação daquele conceito ultrapassado de “revenge body”, que diz tudo bem “dar um tapa” na própria imagem em nome da vingança, e de como essa narrativa pode causar complexos alimentares e perpetua, mais uma vez, a objetificação do corpo feminino
Caralho Netflix tá difícil viu, que merda gordofobica, é decepcionante. Todo mundo maratonando My mad fat diary agoraaaaa!!! https://t.co/rl7BTRtMIA
— bells (@todebells) July 22, 2018
Ativistas já até criaram uma petição com mais de 90 mil assinaturas para que a gigante de streaming desista de exibir o produto. “Por muito tempo, as narrativas dizem para as mulheres e jovens influenciáveis de que para elas serem queridas, ter amigos e serem desejadas pelo olhar masculino, além de, em certa medida, serem seres humanos dignos, elas precisam ser magras”, diz o documento.
A polêmica foi tão grande, principalmente lá fora, que tanto a roteirista do show, Lauren Gussis, quanto a protagonista, Debby, precisaram escrever textões nas redes sociais. contando as próprias histórias delas de problemas com o corpo e de como o seriado quer, através de uma sátira, fazer uma ~crítica social foda~.
This is my truth. @insatiable_ pic.twitter.com/xbs3YtueCQ
— Lauren Gussis (@GussisLauren) July 21, 2018
“Aos 13 anos, eu tinha tendências suicidas. Minhas melhores amigas me largaram, eu sofria bullying, eu queria vingança. Eu achava que se eu parecesse bonita por fora, isso seria o suficiente. Em vez disso, desenvolvi um complexo alimentar. E aquele tipo de raiva que faz você desejar fazer coisas ruins. Eu ainda não estou confortável comigo mesma, mas estou tentando compartilhar meu interior – compartilhar minha dor e vulnerabilidade por meio do humor. Esse é o meu jeito. A série é um conto sobre como pode ser destrutivo pensar que o exterior é mais importante – sobre julgar superficialmente. Por favor, deem uma chance para a série”.
Não colou.
https://twitter.com/Nabela/status/1020330519815426049
“Acabei de ver o trailer de Insatiable, Escutei que os atores e a produção querem que a gente dê um voto de confiança e olhe além do trailer, mas trailers foram criados para seduzir – esse trailer me afastou. Em qual planeta perder peso por meio de uma mandíbula quebrada pode ser inspirador? Eles sabem o que isso implica?”
A Netflix, casa de produtos progressistas e inclusivos, como “GLOW”, “Orange is the New Black“ , o especial Hannah Gadsby: Nanette’ e a incrível “Cara Gente Branca”, que mostra de forma didática e com senso de humor o racismo em uma faculdade dos Estados Unidos, não é novata quando o assunto é polêmica. especialmente se a atração é voltada para o público adolescente. “13 Reasons Why” até hoje é acusada de romantizar o suicídio, o filme “O Mínimo Para Viver” de representar de forma equivocada a anorexia, além do sucesso de “A Barraca do Beijo”, longa bastante problemático.
“Insatiable” tem estreia prevista para o dia 10 de agosto e até lá deve causar muitas discussões.