Em seu primeiro papel na televisão, a atriz Juliana Caldas já tem uma baita responsabilidade pela frente. Isso porque “O Outro Lado do Paraíso” será a primeira novela a falar sobre o nanismo de uma maneira séria, retratando os dramas pelos quais as pessoas passam quando têm essa deficiência. Além de abordar o preconceito, o folhetim também vai mostrar as dificuldades geradas pela falta de acessibilidade.
Na trama, Juliana será Estela, filha de Sophia (Marieta Severo) e irmã mais nova de Gael (Sérgio Guizé) e Livia (Grazi Massafera). Por ter nascido diferente, Sophia resolveu colocar Estela num internato na Suíça e ela não vê a família há muitos anos. Isso muda quando Livia pede para que a irmã esteja no casamento de Gael. De volta ao Brasil, a moça é recebida com desprezo pela mãe, mas decide ficar por aqui.
“Esse é um belo presente que o Walcir [Carrasco, autor da novela] está me dando”, comemora ela. Sobre as diferenças entre ela e a personagem, Juliana diz que nunca sofreu preconceito em casa. “Meu pai é anão e eu tenho mais um irmão que é anão também. Minha mãe era de estatura normal”.
Mas apesar de ter familiares com nanismo, ela diz que a casa em que cresceu nunca foi adaptada. “Minha mãe nunca adaptou nada na minha casa, ela fazia eu me virar e aprender, porque o mundo não ia se adaptar a mim, infelizmente”, explica.
E a gente bem sabe que a falta de acessibilidade não é a única barreira na vida de quem tem uma deficiência. A discriminação também é um problema grave. “Na minha opinião, preconceito é falta de conhecimento. É falta de conhecer, de perceber, de tudo, entende? Então, a partir do momento em que você conhece um deficiente, você acaba conhecendo outras coisas, não só um ser humano, mas também descobre do que ele é capaz, mesmo com a dificuldade”.
Juliana conta que tem experiência com teatro infantil e chama a atenção para a importância da educação que é passada dentro de casa. A atriz comenta que as crianças muitas vezes não compreendem que ela é uma adulta, mas isso não a incomoda, pois sabe que é por inocência. “Me deixa chateada quando o pai, ao invés de ensinar, faz o contrário, dá risada, aponta, e diz ‘é anão!'”.
E é por causa dessa ridicularização tão frequente que o termo “anão” foi trocado por “pessoa com nanismo”, para se referir a quem tem tal deficiência. Mesmo assim, Juliana explica que nem todos se ofendem com a palavra. “Depende muito. Se não for pejorativo eu, particularmente, não vejo problema. Porque eu sou anã, eu não vou negar, gente. A gente se chama por ‘pequenos’, porque vemos como uma forma carinhosa”.
Além de minimizar a falta de conhecimento sobre a realidade de quem tem nanismo, Juliana também acredita que Estela pode ajudar as pessoas com deficiência a se valorizarem mais. “Eu quero levantar essa bandeira, só que eu também quero que cada pessoa com nanismo, ou com algum tipo deficiência, que elas levantem a própria bandeira de respeito. De se impôr. Por que, infelizmente, a sociedade não dá esse espaço para a gente. Então, se você não se impõe, você não vai conhecer o que é capaz de fazer”.
Confira aqui todos os resumos da novela “O Outro Lado do Paraíso”