Daniela Fontan é bem humorada e simpática como sua personagem em “Amor Eterno Amor”
Foto: AgNews
Difícil não se encantar com Daniela Fontan. Simpática e engraçadíssima, a atriz, de 32 anos, é daquelas que dificilmente fica mal-humorada e contagia todos ao redor com sua risada.
Gente como a gente, como ela mesma se define, a intérprete de Gracinha, de “Amor Eterno Amor“, lembra, às gargalhadas, a aventura diária para ir da sua casa, em Santa Teresa (próximo ao centro), ao Projac, na zona leste do Rio (cerca de 35 km). “Enfrento todos os dias quatro ônibus para chegar ao trabalho. Quando as pessoas me veem, procuram logo o Luciano Huck, achando que é pegadinha”, diverte-se.
O que a Gracinha tem de especial?
É uma personagem maior do que as outras que já fiz. Na verdade, cada papel é diferente por motivos diferentes e todos são bons. Mas ela está sendo um presente. É tudo muito oposto de mim, do que eu estou acostumada a viver cotidianamente.
Ela é a mais marcante na sua carreira?
O último sempre é! No teatro, todos foram especiais, na televisão, é esse agora. A gente fica muito envolvida e, quando acaba a novela, é uma morte. É horrível dar “tchau” ao papel. Quando estou no ônibus, voltando para casa e as pessoas chegam para falar comigo, ainda faz parte do trabalho. Eu não me desligo. Antigamente, eu saía da Globo, entrava na condução, dormia e só acordava em casa. Hoje em dia as pessoas me cutucam e dizem: “Oi? Desculpe te acordar, você não é aquela da novela?”
As pessoas não devem acreditar muito.
Não. Muitas ficam procurando o Luciano Huck, achando que é alguma pegadinha. Mas não é. A pegadinha sou eu não ter carro. Pego quatro conduções diariamente e o susto do povo é descobrir que a gente é normal. É tudo muito igual.
Você gosta de se ver na televisão?
Não. Fico muito tensa! Mas sou obrigada a ver para corrigir as coisas. Sou muito
cri-cri. Mas sofro, porque acho que sou muito mais alta do que na TV, muito mais magra e que meu dente é mais junto. Sempre acho que tem alguma coisa errada.
E, por falar nisso, como é você em relação ao espelho?
Todo mundo na rua fala: “Mentira! Eu tinha certeza de que você era gorda!” Aí eu respondo: “Mas é que eu não sou magra”. E aí ouço: “Não, mas é que na televisão, tu é muuuito gorda!” A pessoa acha que está fazendo um elogio e está me esculhambando! Nesse momento, quero enfiar a minha cara no bueiro.
É uma loucura essa intimidade que surge entre artista e público por causa da TV…
Toda vez que você abre a boca para falar para um país inteiro, a responsabilidade é enorme, independente do personagem. Não só o que você fala em cena, mas também o que fala fora. As pessoas estão sempre a ouvindo e querem saber o que você acha a respeito de tudo. Sem querer, vira referência. É preciso ter consciência dessa responsabilidade.
Gracinha é muito carismática e simpática. Como é o assédio das pessoas na rua?
É muito amor, gente! Ave, Maria! Fui para Belém, recentemente, e foi tanto abraço, tanta palavra de carinho… Não só lá, mas em todo lugar é assim. As pessoas adoram, porque ela é uma menina que corre atrás do amor, mas não passa por cima de ninguém. É uma alma muito pura. É gente boa! E o que mais tem na rua é gente boa, graças a Deus.
Por falar em amor, já correu atrás de um?
Não digo correr, mas demorei muito para desistir de um, que eu deveria ter chutado há muito tempo. Estava tudo dizendo que iria dar errado e eu tentava sempre mais uma vez. Por achar que era o amor da minha vida, relevei coisas que eu não deveria e sofri mais do que podia. Foi um aprendizado.
Acha que a comédia a aproxima do público?
A comédia quem faz é a Beth (a autora de “Amor Eterno Amor”, Elizabeth Jhin) e sua equipe. Eu estou fazendo só o que está escrito. E essa sinceridade do texto faz com que as pessoas se aproximem. Só estou dando a carne e o cabelo à personagem.
Quais são seus projetos para depois da novela?
Não tenho nenhum. Mas seguirei com meu grupo, o Roda Gigante. Trabalhamos em hospitais, como palhaços. Nós fazemos intervenções em unidades públicas. Por causa da novela, neste ano tive que parar. Mas, quando acabarem as gravações, eu volto para as minhas crianças. Estou morrendo de saudade. Mas eu não sei ainda o que vai rolar… Vai que alguém me chama para ser protagonista da próxima novela das 9? (risos)
Fale mais sobre o Roda Gigante.
A gente vai às alas infantis de cinco hospitais da rede pública no Rio de Janeiro. Damos curso de humanização, que vai do faxineiro ao assistente social, chegando até o médico-chefe do hospital. Eu adoro fazer. Esse trabalho é maravilhoso porque os palhaços são os únicos que cuidam da saúde das pessoas, e não da doença.