Emma Stone fala sobre “Maniac”: “não há nada que possa te consertar”
A estrela de "Maniac" fala sobre a experiência de trabalhar na série de Cary Joji Fukunaga.
Maniac, a nova série da Netflix que estreou nessa sexta-feira (21), tem tudo para ser sua maratona de fim de semana e nova mania. Dirigida por Cary Joji Fukunaga, o nome por trás da maravilhosa primeira temporada de “True Detective”, Maniac conta a história de Annie (Emma Stone) e Owen (Jonah Hill), dois desajustados que se encontram em um misterioso experimento de uma indústria farmacêutica.
A história se passa em um futuro próximo, mas a estética é do tipo “futurismo do passado”, como se o tempo tivesse parado nos anos 1980 e a evolução tecnológica não tivesse acontecido da forma que aconteceu. Em 10 episódios acompanhamos Annie e Owen em busca da cura para seus traumas e problemas e em uma viagem para dentro deles mesmos.
Com exclusividade para o MdeMulher, a Netflix cedeu uma entrevista com Emma Stone, estrela e produtora executiva da série, em que ela fala mais sobre o processo criativo e o que podemos esperar da série.
Conte como você se envolveu com Maniac.
Cary (Fukunaga, o diretor da série) e eu somos representados pela mesma empresa. Eles receberam um resumo dessa série norueguesa chamada “Maniac”. Tudo o que realmente tínhamos era um trailer curtinho e um resumo da premissa. E achamos o conceito muito interessante.
Conversamos sobre quem mais seria legal para trabalhar na série, e Cary disse que estava saindo frequentemente com o Jonah (Hill). Eu só disse: “Meu Deus, temos que fazer um FaceTime com ele agora mesmo. A gente precisa! Temos que chamar o Jonah!” Isso foi insano. Nunca trabalhei com algo que parecesse tão certo, desse jeito.
Ligamos para o Jonah e dissemos: “Estamos chegando!” Ele disse: “Tudo bem!” Então entramos em um táxi e fomos até a casa dele, nos sentamos e fizemos o convite: “Você quer tentar fazer essa série com a gente? Este é apenas o ponto de partida. Nós
precisamos encontrar um roteirista e descobrir como vamos fazer isso, mas você quer tentar?” Jonah respondeu: “Eu estou dentro! Vamos fazer isso.”.
Como você e Jonah se conheceram?
Jonah e eu nos conhecemos no início de 2006, quando fiz o teste para “Superbad – É Hoje”, que foi o primeiro filme que eu fiz. Ele foi a primeira pessoa com quem eu trabalhei em um set de filme profissional. Eu tinha dezessete anos. Já faz onze anos, e esta é a nossa segunda vez trabalhando juntos.
Conte-nos sobre a experiência de trabalhar com Jonah nesta série
Foi muito divertido. Também foi uma oportunidade para realmente me libertar, tipo… “tudo bem, amanhã eu sou um assassino texano. E no dia seguinte eu sou um elfo, com sotaque britânico. E então eu voltarei para Annie, que está cheia de traumas.”
Dessa forma, foi uma experiência fascinante. E fazer isso com Jonah foi realmente maravilhoso. Não há muita improvisação, no meu ponto de vista, nessa série. Mas a primeira coisa vez que contracenamos juntos foi improvisando o tempo todo. Nosso relacionamento é meio natural, eu acho. O jeito como gostamos de trabalhar juntos, é com esse tipo de espontaneidade. Tem sido muito emocionante. Cansativo, mas emocionante.
O que você acha o estilo de direção do Cary?
A direção de Cary é demais. Eu acho que ele é incrivelmente visual, como você provavelmente já viu em outros trabalhos. Ele tem um olhar muito distinto. É divertido simplesmente habitar esses mundos que ele sonha com Patrick (Somerville, produtor executivo). Alex (DiGerlando), nosso designer de produção, que é incrível e quem trabalhou com Cary antes. E Darren (Lew), nosso diretor de fotografia, que também já havia trabalhado com ele. Ele é ótimo. É muito solto, mas nosso cronograma é tão apertado que as coisas mudam rapidamente. E ele sabe exatamente o que ele quer. E adapta-se facilmente. Pelo menos é assim que parece para mim.
Me fale sobre Annie, o seu personagem, e como você encontrou essa persona?
Annie, minha personagem, está no meio da depressão e do vício. Ela tem um imenso trauma que acaba de ocorrer em sua vida, e pelo qual ela se sente pessoalmente responsável.
Ela tem muita força, mas também tem muita dor. Quando ela está tomando a pílula A repetidamente antes de ir para o laboratório, está tentando se colocar de volta naquele experiência de novo e de novo. É muito masoquista.
Acho que em última análise, foi um bom processo para entender por que alguém iria querer se punir dessa maneira. É um espaço mental muito interessante para tentar me colocar. E não é algo que me é totalmente estranho… eu achei realmente desafiador e incrível entrar em todas essas diferentes experiências com ela, com todos esses personagens diferentes, essas diferentes partes de sua personalidade. Tem sido um presente legal como ator poder interpretar tantas pessoas que vivem na mesma pessoa.
Porque eu acho que, quando sonhamos, ou em diferentes fases de nossas vidas, podemos sentir como se um monte de pessoas diferentes vivessem dentro de nós. E esta é uma representação muito literal de todos os diferentes lados da existência de alguém.
Conte-nos como as experiências do laboratório afetam sua personagem, e um momento favorito
A maneira como as experiências afetam tocam os personagens, especialmente para Owen e Annie… tem sido legal de trabalhar na atuação, eu consigo deixar certos traços para certos personagens, e ainda colocar o sentimento básico de Annie em todos eles.
Eu acho que minha personagem favorita é Linda Marino, de Long Island. Porque eu acho que ela, na cabeça de Annie, é o mais distante do que ela gostaria de ser. Ela diz que Linda é o oposto de qualquer coisa que ela quisesse ser.
Mas quando Annie está fazendo o teste da verdade, dizendo que não quer ser Linda, o teste cai, o que me deu muita informação. Claro que esse é um sonho de Annie, ter esse tipo de estabilidade e esse tipo de família. Ser mãe e ser mulher de alguém. E ela é divertida, ela é cheia de personalidade. Eu realmente gostei de interpretar Linda.
Os cenários são incríveis.
Em termos de cenários e locais diferentes, acho que o laboratório realmente nos surpreendeu, por causa da aparência. As cadeiras, e a maneira como a iluminação se move enquanto percorremos as diferentes experiências da pílula. É o mundo que Cary e Patrick e Alex sonharam. É um período de tempo. Basicamente é como o mundo tivesse parado de evoluir perto de 1984. As pessoas estão vestindo anúncios em vez de anunciando na internet. É uma espécie de realidade alternativa ao mundo em que vivemos, que na verdade é 2022, acho. Foram lugares fascinantes para mergulhar na história.
O que é um dia típico para Annie no laboratório?
Bem, o laboratório só existe por três dias. A série realmente se passa ao longo de três dias. Eu não sei se há necessariamente um “dia típico”, exceto pelo fato de você acordar, comer alimentos que foram cortados em cubos. Você dorme em uma cápsula. E então você entra na sala de experimentos. Você toma uma pílula. Você fecha seus olhos. Eles põem tipo um microondas eletromagnético, essa coisa estranha em torno de sua cabeça, e você entra nessas alucinações, basicamente.
E então eles te acordam e perguntam o como foi sua experiência, como numa espécie de meio para um processo de cura. Então, esse é um dia típico. E então você volta a dormir na sua cápsula. E faz tudo de novo.
O que o público terá ao assistir à “Maniac”?
Eu acho que há algo fundamental que é muito bonito, é essa ideia que eu acho que talvez muitos de nós tenham, que eu certamente tive, de tomar uma pílula e consertar tudo que está errado comigo. Você sabe, esquecer qualquer lembrança ruim que a gente tenha, tipo “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”.
Eu gostaria de poder apagar algumas partes da minha vida. Mas então o que aconteceria se eu apagasse esses coisas da minha vida que eu acho que “me fuderam”? Isso também fez de mim quem eu sou.
E a ideia aqui é que você pode tomar uma pílula, mas você não pode escapar da conexão humana. Realmente não há nada que possa simplesmente “consertar você”. Às vezes eu acho que, no meio de muita dor, a gente gostaria que houvesse. Isso faz parte do tipo de alegria e beleza da vida é a dor e a incrível magia da conexão. Mesmo quando há uma grande perda.
Então eu acho que é um tipo de coisa realmente linda para explorar. E é a série é uma maneira divertida e insana de explorar isso.
Fale sobre como vocês se curam.
Eu nunca tive essa experiência antes, mas minha personagem tem zero interesses amorosos nesta série. Eu fiquei meio maravilhada com isso. Minha personagem está no próprio caminho para curar essa coisa que aconteceu com a irmã dela. E eu realmente achei lindo que no final Annie encontra a cura apenas fazendo um amigo. Apenas o fato de que Owen e Annie não conseguiram se conectar às pessoas de maneira real por muito tempo. Talvez nunca tenham conseguido. E fiquem amigos no final. E o quão curativo pode ser apenas ter uma pessoa que olha para você e te entende. Eu achei isso realmente incrível. Eu também estava animada que Annie está em uma jornada sozinha e aprende a
conectar-se a outra pessoa. Mas isso não tem que ser romântico para ser incrivelmente curativo e lindo.