A depressão pós-parto (DPP) ainda é considerada um tabu em nossa sociedade. Isso porque fere o ideal de que mães devem ser sempre cuidadosas e protetoras com seus filhos – o que piora ainda mais a situação das mulheres que passam por isso, que se culpam por não serem “mães perfeitas” de seus recém-nascidos. No entanto, esse transtorno é mais comum do que se imagina: uma em cada quatro brasileiras passam por isso, segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz de março deste ano.
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Os sintomas são parecidos com o de uma depressão clássica, que inclui desânimo, baixa autoestima, falta de prazer e alteração no sono e no apetite. Em alguns casos mais graves, a mulher pode deixar de cuidar da criança, ter raiva dela e até pensar em suicídio. Os médicos ainda não entendem o que causa a DPP, no entanto, acreditam que ela deve estar relacionada com as fortes alterações hormonais pelas quais o corpo da mãe passa nesse período. Se trata de uma situação provisória que, normalmente, passa em poucos dias – mas pode se extender por alguns anos.
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Para ajudar a desconstruir o preconceito com quem passa por depressão pós-parto, algumas celebridades assumiram que passaram pelo transtorno e compartilharam as suas histórias. Separamos alguns casos:
Adele
A cantora britânica, em entrevista recente a Vanity Fair, contou que teve DPP após o nascimento de seu filho Angelo, que hoje está com 4 anos. “Um dia eu disse a uma amiga ‘eu odeio isso pra caramba’ e ela simplesmente começou a chorar e disse ‘eu também odeio isso’. E foi assim… Meu conhecimento sobre depressão pós-parto ou pós-natal, como a chamamos na Inglaterra, é que você não quer estar com seu filho. Você tem medo de machucar seu filho. Você tem medo de não estar fazendo um bom trabalho. Mas eu estava obcecada com o meu filho. Eu me sentia muito insuficiente, inadequada. Eu sentia como se tivesse feito a pior decisão da minha vida… Ela pode vir de muitas formas diferentes“, contou. Adele ainda disse que não teve coragem de falar com amigos e familiares sobre o assunto na época.
Ana Furtado
A apresentadora brasileira abriu o jogo a QUEM, em 2009, e disse que também passou por essa situação ao dar a luz à filha Isabella: “É um assunto no qual não gosto de me aprofundar muito, só falei uma vez sobre isso, para exorcizar minha tristeza. Mas, do mesmo jeito que me senti muito triste e mal durante esse período – e foi muito ruim para mim –, não quero que outras mulheres passem por isso, principalmente as que não conseguirem reconhecer esse momento. Porque é tanta coisa: a gente não dorme porque tem que amamentar, o marido precisa de atenção, a casa também, tem o trabalho… Chega uma hora em que você está tão envolvida com tantas coisas que só percebe os outros, não percebe você mesma.”
Gwyneth Paltrow
A atriz contou a revista Good Housekeeping, em 2011, que tudo ocorreu perfeitamente bem após o nascimento de sua primeira filha, Apple, por isso ela ficou muito assustada quando se deparou com os sintomas de DPP após dar à luz a Moses, em abril de 2006. “Era horrível. Era o oposto do que tinha acontecido quando Apple nasceu. Com ela, eu estava nas nuvens. Eu não conseguia acreditar que não estava sendo a mesma coisa. Eu só conseguia pensar que eu era uma mãe terrível, além de uma pessoa terrível.” Gwyneth diz que a parte mais difícil foi reconhecer o problema. “Eu pensei que na depressão pós-parto você fica chorando todos os dias e é incapaz de cuidar de uma criança. Mas há diferentes tons dela e profundidades, o que é por isso que eu acho que é tão importante para as mulheres falarem sobre isso. Foi um momento difícil. Eu me senti um fracasso.”
Brooke Shields
Sua história é uma das mais conhecidas, já que lançou o livro Depois do Parto, a Dor, em 2005, no qual conta como foi essa experiência após o nascimento de sua primeira filha, Rowan. “Por que choro mais do que o bebê?”, ela se perguntava. “O choro dela não me incomodava nem irritava meus nervos, mas também não me dizia nada. Sentia-me anestesiada em relação a ela”, relata. “Eu comecei a experimentar uma sensação ruim no estômago. Era como se algo apertasse o meu peito. Ao invés da sensação nervosa de ansiedade que acompanha o pânico, um sentimento de devastação caiu sobre mim.” A atriz acredita que a amamentação foi crucial para sua recuperação, além do uso de antidepressivos: “o contato físico era o que eu, realmente, precisava, eu gostando ou não. Era incontestável que, de alguma forma, ela ainda fosse presa a mim.” Hoje, ela afirma que nada é mais importante para ela que suas filhas.
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Courteney Cox
Os sintomas da DPP só chegaram seis meses após o parto de sua primeira filha Coco, contou a eterna Monica de Friends ao programa USA Today em 2005. “Eu não conseguia dormir. Meu coração estava acelerado. Fiquei deprimida. Fui ao médico e descobri que meus hormônios estavam alterados.” Ela disse que o tratamento hormonal com progesterona e apoio das amigas Brooke Shields e Jennifer Aniston foram fundamentais para sua recuperação.