Fátima Bernardes: “Todo dia você descobre que sabe menos do que deveria”
A apresentadora fala sobre a carreira, os filhos, a infância no subúrbio carioca e o casamento com o jornalista William Bonner
Fátima Bernades comemora a nova fase profissional
Foto: Revista Contigo!
Ela está 6 kg mais magra e muito mais descontraída. Basta ver Fátima Bernardes em seu programa matinal para notar: o cabelo certinho que usava no Jornal Nacional se transformou em cachos amassados e mais modernos. Pessoalmente, a imagem de mulher séria dá lugar a sorrisos e brincadeiras. Ela chega a sala de imprensa da TV Globo falando alto, rindo e gesticulando, enfim, ela é como nós! Confira a entrevista com a apresentadora de “Encontro com Fátima“:
Qual foi o momento em que você percebeu que era a hora de deixar o JN?
Comecei a pensar nisso há uns cinco anos. Antes de eu entrar para o Jornal Nacional, o Fausto (Silva, apresentador da Globo) falou que eu deveria pensar em apresentar um programa. Só lembrei disso anos depois. Tudo tinha que ser lento, eu estava no lugar mais desejado do jornalismo na TV, fazendo coisas muito legais. Não é fácil trocar uma coisa muito boa por outra. Brinco que tive a crise dos 40 anos aos 45: foi o momento em que mais tive vontade de pensar em algo novo.
Você ficou insegura em fazer o programa?
Todo dia você descobre que sabe menos do que deveria. Mas, apesar dos desafios, era confortável estar no JN. Só que eu queria desconforto, novos desafios. Acreditava plenamente que era capaz (de apresentar um programa), ou não iria cometer essa insanidade (de mudar). Não fiquei insegura, fiquei ansiosa. E não faz nem cinco meses que estamos no ar, mas tenho a sensação de que faz um ano!
Que dica você daria para mulheres mais velhas que têm medo de mudar de área no trabalho?
Primeiro, reflita sobre o que realmente você quer. Com 40 anos ou mais, não dá pra ser inconsequente, abandonar o emprego sem ter outro, sem poder se sustentar. É a hora de ver o que queremos da vida. A idade deve ser uma fase de reflexão, não um impedimento.
O que é estar realizada profissionalmente?
Ah, eu ainda não sei (ela Gargalha)! Mas acho que estar realizada profissionalmente é fazer algo que realmente você gosta de fazer. É preciso ir ao trabalho com prazer diariamente. Foi o que fiz no jornalismo durante 25 anos: sempre fui trabalhar com satisfação. Ainda me sinto exatamente desse jeito.
Qual foi a maior dificuldade ao criar três filhos?
Saber o que precisava ensinar para eles. Será que estou passando os valores certos? Dando atenção suficiente? Estou atenta às necessidades deles? Hoje eu protejo mais eles têm menos liberdade do que eu tinha na minha época. Eu, na idade deles (os trigêmeos têm 15 anos), já ia para a escola de ônibus…
Você foi criada no Méier (subúrbio do Rio). O que trouxe de lá pra sua vida?
Tudo! Aprendi lá a cuidar das pessoas e respeitar o sonho dos outros. É preciso saber que o lugar em que você nasce não faz diferença para o que busca. Tenho muita coisa dessa vida simples que levava lá guardada na minha personalidade. Foi minha mãe que me alfabetizou e ela era dona de casa! Dou valor ao que as pessoas são.
Qual é o segredo para manter um casamento por 22 anos? Amor é suficiente?
Quando você namora, toma uma série de cuidados. Com o tempo, você fica preguiçoso e acomodado. A intimidade mostra o pior lado das pessoas, quando deveria ser o contrário: mostrar o que elas têm de melhor. Isso eu e o William fazemos bastante. Valorizamos e mantemos a admiração pelo outro. Não admiro o William só porque ele trabalha na TV. Um casal precisa se admirar porque um ajudou o filho a fazer o trabalho de escola ou porque percebeu que o outro fez alguma coisa na casa que estava precisando… São os pequenos gestos que fazem a diferença.