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Fernanda Lima explica direitinho o machismo que desqualifica a mulher

Em uma série de postagens no Instagram, a apresentadora exemplificou o processo que culpabiliza a vítima

Por Fernanda Tsuji
Atualizado em 16 jan 2020, 03h54 - Publicado em 15 dez 2018, 13h14
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  • Fernanda Lima usou o Instagram para comentar sobre o processo que move contra o sertanejo Eduardo Costa. Na sexta (14), ela explicou em um álbum na rede social, o que a motivou a processá-lo por calúnia, injúria e difamação, depois que ele a xingou de “imbecil” por conta do que ela disse no programa “Amor & Sexo“.

    A fala em questão da apresentadora na atração: “chamam de louca a mulher que desafia as regras e não se conforma. Chamam de louca a mulher cheia de erotismo, vida e tesão. Chamam de louca a mulher que resiste. Chamam de louca a mulher que diz sim e que diz não. Não importa o que façamos, nos chamam de louca. Se levamos a fama, vamos sim deitar na cama, vamos sabotar as engrenagens deste sistema de opressão. Vamos sabotar as engrenagens desse sistema homofóbico, racista, patriarcal, machista e misógino”.

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    “Mais de 60 milhões de brasileiros e brasileiras votaram no Bolsonaro e agora essa imbecil com esse discurso de esquerdista! Ela pode ter certeza de uma coisa, a mamata vai acabar, a corda sempre arrebenta pro lado mais fraco e o lado mais fraco hoje é o que ela está”, foi o comentário ofensivo do cantor.

    Ele chegou a pedir desculpas no programa “Conversa com Bial“, mas de uma maneira bem enviesada, não descartando o que foi dito, alegando apenas que a “maneira” não foi correta. “Eu acabei entrando nas minhas redes sociais e falando pelos cotovelos. Eu continuo pensando da mesma forma, não retiro aquilo que eu disse, mas eu quero retratar a forma como eu disse, o jeito que eu me coloquei”, disse e completou: “Me arrependo da forma como falei, do fundo do meu coração. Acho que fui um babaca naquele momento”. 

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    A fala de ódio inicial do cantor – já deletada das redes sociais-, incitou haters contra Fernanda, que recebeu até ameaças de um fã do sertanejo que ligou pra sua assessora para ofendê-la. ”Um pedido de desculpa verdadeiro pode até ser louvável, mas ele não repara o mal que fez a vítima”, declarou a apresentadora.

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    Quando uma mulher rompe o silêncio e denuncia uma agressão, a primeira reação desse sistema de opressão é questionar a vítima e nunca o agressor. Por isso, precisamos segurar a mão uma das outras e nos apoiar. Juntas, vamos denunciar, exigir justiça e assim sabotar as engrenagens do sistema de opressão machista e misógino. #ChegaDeAbuso #ninguemsoltaamãodeninguem #mexeucomumamexeucomtodas

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    Ela também comentou o fato de uma coluna ter publicado uma chamada alegando que ela deu um “chilique” ao saber que Eduardo seria entrevistado por Pedro Bial. “Essa é outra forma que o machismo estrutural usa para desqualificar uma mulher quando ela é vítima. É simples dizer que ela é louca, descompensada, dá chiliques, logo não tem razão nenhuma sobre os fatos”.

    A postagem de Fernanda ganhou o apoio de famosas como Letícia Colin, Fernanda Paes Leme e Bruna Marquezine.

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    (@fernandalimaoficial)

    Veja a declaração dela na íntegra:

    “Em tempos de fake news é melhor esclarecer os fatos
    – Sobre o Sr. Eduardo Costa:
    Depois de ser difamada, agredida e ameaçada por ele através de um post indignado, procurei orientação jurídica a fim de proteger a mim e a minha família. Fui orientada a processá-lo, pois dessa forma inibiria agressões futuras. E assim o fiz.
    Após eu autorizar o processo, o Sr. Eduardo Costa pediu desculpas através de outros programas a que foi convidado, deixando claro que não se arrepende do que disse e sim da forma como disse. Tendo em vista que ele me agrediu moralmente, me ameaçou, incitou o ódio de seus fãs contra mim (ontem mesmo minha assessoria recebeu telefonema de um fã dele me ameaçando) e atacou o meu trabalho, não entendo que pedido de desculpas é esse. Além disso, um pedido de desculpa verdadeiro pode até ser louvável, mas ele não repara o mal que fez a vítima.
    Faz parte do machismo estrutural transformar a vítima em ré. Era justamente esse o assunto do programa Amor e Sexo que tanto indignou o meu agressor.
    – Quero também esclarecer sobre nota do jornalista Ricardo Feltrin.
    Meu caro colega, me desculpe a intimidade, mas como também sou jornalista tomei a liberdade. Diante dos fatos relatados acima e depois de uma entrevista que o Sr. Eduardo Costa concedeu ao nosso colega Pedro Bial, o senhor publicou (e muitos veículos, sem checar a veracidade de sua nota, replicaram) que “fontes” muito próximas relataram que eu teria dado um “chilique” e que eu teria ficado “possessa” e até teria pegado “ranço” do Pedro Bial por ter entrevistado o cantor.
    Colega, sua fonte sequer me conhece e muito menos é próxima. Quando tudo isso se deu, eu estava em um retiro de meditação, incomunicável por dois dias, e só fiquei sabendo dos acontecimentos quando cheguei em casa e minha assessoria me mandou a sua coluna. Outra inverdade da sua última nota sobre mim é que eu fracassei ao tentar fazer com que o Sr. Eduardo Costa não fosse mais convidado por outros programas da TV Globo. Pois, para seu conhecimento, não tenho ingerência sobre a escolha de convidados da emissora (com exceção do Amor e Sexo).
    Ricardo, essa é outra forma que o machismo estrutural usa para desqualificar uma mulher quando ela é vítima. É simples dizer que ela é louca, descompensada, dá chiliques, logo não tem razão nenhuma sobre os fatos. Inclusive, Ricardo, esse era o tema principal do Programa Amor e Sexo que gerou tanta polêmica. Viu como é importante falarmos e sabotarmos essa engrenagem machista? Conto contigo. Fernanda Lima”

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    Hoje tem! #CHAMATODOMUNDO!! @amoresexo @redeglobo @gshow @antonioamancio

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    É importante sim, Fernanda. E seguimos expondo, falando, denunciando, porque é preciso dar luz ao machismo enraizado.

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