Gisele Bündchen confessa: ‘Ganho bem, mas não é tudo isso que falam’
Antes de brilhar no desfile da Colcci, na última quarta-feira (2), a top bateu um papo com Contigo!
Há quase 20 anos atrás, Gisele saiu de Horizontina para ganhar o mundo. “Tenho o mesmo dia a dia de qualquer mulher”, diz.
Foto: Adriano Fagundes
Sorrindo, abraçados, trocando beijinhos de tempos em tempos, Gisele Bündchen, 33 anos, e Tom Brady, 36, recebiam um grupo de amigos na sala de videoconferência do Hotel Emiliano, nos Jardins, em São Paulo. Era tarde da quarta-feira (2) e faltavam três horas para o casal estrelar o desfile da Colcci, um dos mais aguardados da São Paulo Fashion Week. Coube à modelo os holofotes na passarela, ao jogador de futebol americano as atenções na plateia, e à dona Vânia, 65, mãe de Gisele, curtir Benjamin, 4, Vivian, 1, filhos deles que ficaram no hotel durante o espetáculo. Viemos passar alguns dias a trabalho, mas o clima é de uma festa de família! Ficamos todos em três quartos, um ao lado do outro, com as portas abertas, meus filhos e sobrinhos brincando no corredor. Uma delícia!, disse Gisele, descalça, com as pernas cruzadas sobre o sofá do hotel, exibindo sua lindeza despojada em um macacão solto, poucas camadas de rímel e um batom cor de boca.
Com uma fala rápida e forte sotaque gaúcho, ela abordou as delícias da vida em família, o susto de um incêndio que acometeu dias atrás seu apartamento em Boston, nos Estados Unidos, além da conquista de suas verdadeiras riquezas. Tudo isso numa conversa regada a água de coco.
Tom Brady observa a esposa na passarela ao lado das cunhadas Gabriela e Patrícia
Foto: Tomás Arthuzzi
Como é vir ao Brasil a trabalho?
Agarro qualquer oportunidade para voltar a meu país. Não há lugar no mundo em que me sinta melhor do que no Brasil. É a minha terra, onde cresci e sinto uma energia diferente em todos os sentidos. Moro nos Estados Unidos há muitos anos. Gosto de lá, mas é muito diferente da forma com que fui criada e dos meus costumes. Não sei explicar, mas, quando chego aqui, é um alívio, consigo relaxar mais. Por mais que eu goste de lá e viva lá, o Brasil é a minha casa.
E por que não volta? Há planos?
Sou casada com um americano e não é uma decisão que eu possa tomar sozinha. Em nenhum relacionamento a gente chega e impõe algo. Conheci o Tom nos Estados Unidos, ele trabalha lá. Graças a Deus, minha profissão me dá oportunidade de viajar, de voltar ao Brasil e trabalhar em lugares distintos. Aliás, completo 20 anos de carreira em janeiro. Nesse mês, aos 14 anos, deixei minha cidade (Horizontina/RS) para morar em São Paulo e começar a trabalhar como modelo. Vou comemorar muito! Mas ainda não posso dizer como, porque está em definição.
Quando começou a carreira, aos 14 anos, sonhava em se tornar uma das modelos mais influentes do mundo?
Nunca imaginei tantas conquistas. O meu objetivo sempre foi e continua sendo dar o meu melhor.
Qual considera sua maior conquista?
Não tem só uma… Saí de Horizontina nova e tinha uma visão assim (coloca as mãos ao lado do rosto, tirando a sua visão periférica). Trabalhar ampliou minha realidade, de como o ser humano evolui… Viajei o mundo inteiro, conheci pessoas diferentes… Imagine: não acabei nem o 2o Grau e hoje falo cinco línguas! Por isso, sou grata a todas as oportunidades que tive, aos desafios que consegui superar.
E quais os desafios mais árduos?
Todo dia tem um diferente. Com o tempo, descobri que nunca sou a vítima numa adversidade. Aprendi cedo que quando você se acha coitada, dá a permissão para que a outra pessoa ou a situação tome o controle. Parei de falar: Tal pessoa fez isso contra mim ou ficar ansiosa para querer controlar determinada situação. Diante de qualquer desafio, penso: O que eu fiz para passar por isso? O que posso aprender com o que está acontecendo? Não posso mudar o outro. Mas eu posso me mudar. Já falaram na minha cara que eu era a mulher mais feia do mundo, que eu tinha o nariz grande, que eu era a mulher mais bonita do mundo… Já falaram tanta coisa… E, diante dessas palavras, continuo sendo a mesma pessoa, buscando a evolução. Óbvio que não tenho mais aquela carinha de bebê dos 14 anos. Sou uma mulher de 33.
Como pensa no futuro de sua profissão diante do passar dos anos?
Não sei quanto tempo ainda vou durar como modelo. Não tenho bola de cristal (gargalhadas). Mas o tempo em que estiver aqui, vou dar o meu melhor, vou me divertir. Vivo o presente. Não quero pensar no futuro, porque não aconteceu ainda. O futuro só a Deus pertence. Ninguém me garante que vou estar viva amanhã, entendeu?
Mas o que a leva a pensar assim, que pode morrer amanhã?
Dia desses (em 27 de março), teve um incêndio a três prédios do meu apartamento. Onde moro, os edifícios são coladinhos. Foi tão grave que dois bombeiros morreram. Imagine só: o cara saiu de casa, achando que teria mais um dia de trabalho, que voltaria para casa e jantaria com os filhos. Mas morreu. Aí, no meio daquela confusão, falaram para mim: Pegue seus filhos, seus pertences e saia agora de casa. Aí, olhei ao redor, vi tanta coisa incrível que comprei com o meu trabalho e só passou pela minha cabeça ir à gaveta e pegar meu passaporte. Na hora H, meus bens materiais se resumiram ao passaporte (risos)! O tempo todo, meu sentimento era: Como tenho sorte por poder levar a minha vida e a da minha família! Não quero viver o futuro.
Você é fisicamente parecida com sua mãe. Não passa pela cabeça que ficará parecida com ela no futuro?
Minha mãe nunca fez plástica, não quer nem cuidar das varizes dela (risos)! Ela me diz: Cheguei aos 65 anos e não vou negar esta história que está no meu corpo. Vou falar para você: tenho 33 anos, não sei nada do futuro. Se posso falar alguma coisa é que quero viver na natureza. Ao mesmo tempo, meus filhos vão crescer, fazer faculdade, trabalhar… Meu objetivo de vida é criar meus filhos com muito amor, muita integridade. É a coisa mais importante para mim.
Enquanto Gisele brilhou na passarela no último desfile da Colcci, na quarta-feira (2), e Tom Brady, seu marido, brilhou na platéia.
Foto: Adriano Fagundes
Como é vir ao Brasil a trabalho?
Agarro qualquer oportunidade para voltar a meu país. Não há lugar no mundo em que me sinta melhor do que no Brasil. É a minha terra, onde cresci e sinto uma energia diferente em todos os sentidos. Moro nos Estados Unidos há muitos anos. Gosto de lá, mas é muito diferente da forma com que fui criada e dos meus costumes. Não sei explicar, mas, quando chego aqui, é um alívio, consigo relaxar mais. Por mais que eu goste de lá e viva lá, o Brasil é a minha casa.
Como você se vê nos seus filhos?
As crianças são muito amáveis, extrovertidas e eu também. Sou muito física, beijo, abraço, converso… Se eles estivessem aqui, você iria ver: eles me agarram como se tivessem passado um mês longe de mim. Procuro criá-los como eu fui criada. Na minha casa, há árvores frutíferas. Estão com fominha? Então podem ir ali na árvore e pegar fruta. Agora é época de morango e vai comer morango, não tem abacaxi. Benjamin, que é maiorzinho, já demonstra um amor pelos bichos. Precisa ver: ele passa por uma fileira de formigas e quer ajudá-las (gargalhadas)! Benny quer cuidar dos bichos e de todo o mundo com quem convive. Meu marido e eu também buscamos que as crianças se tornem pessoas seguras. Caiu? Levanta, its ok, vamos pra próxima. A vida é assim.
Você e o Tom pretendem aumentar a família?
Meu sonho sempre foi ter três filhos. Está vendo esta tatuagem? (Ela levanta o pé direito, mostrando uma lua crescente e três estrelas no tornozelo. A marca foi realizada em 2006, em Nova York.) A lua é o símbolo do meu signo, Câncer, que é muito ligado à família. As três estrelas já eram meu desejo de ter três filhos. No fim, tive dois e ganhei um de presente (referindo-se a John, 6, filho de Tom do relacionamento anterior). Acho que minha família está completa. Hoje, sou uma mulher realizada.
…E poderosa. Há sete anos você aparece no topo de várias listas da revista americana de economia Forbes. Como lida com isso?
É triste, porque essas pessoas que escrevem lá não têm o número da minha conta (risos). Ganho bem, mas não é tudo isso que falam. Já fui auditada nos EUA por causa de lista da Forbes. E, sinceramente, se estou ou não nesse ranking, não me interessa. Tenho os mesmos interesses, o mesmo dia a dia, de qualquer mulher: quero criar bem os meus filhos, ser uma boa esposa e trabalhar. O que eu valorizo: meus filhos estão educados? O meu marido está feliz? As pessoas sentiram uma energia positiva a meu lado? Deveria ter uma revista para avaliar o conhecimento, a sabedoria e o amor das pessoas. Isso, sim, é poder!