Giselle Itié vende tortillas em feira gastronômica de São Paulo e surpreende os frequentadores
Depois de sofrer um acidente na lua de mel, a atriz deu um tempo dos trabalhos. Ela atende na barraca da família Itié, que funciona na feira gastronômica da Praça Benedito Calixto, na capital paulista
Giselelle e o irmão, Fernando. No domingo (11), ela se inspirou na pintora mexicana Frida Kahlo e fez um penteado com flores
Foto: Adriano Fagundes
Giselle Itié tinha apenas 4 anos quando a família deixou o México, em 1985, após o terrível terremoto que devastou a capital do país e resultou em quase 10 mil mortos. Da primeira infância, a atriz – hoje com 32 anos – guarda lembranças vagas, como o jardim da casa da avó paterna ou a escola, mas os sabores de seu país de origem permaneceram vivos. Depois de tanto tempo no Brasil, a família encara uma nova empreitada: vender comida mexicana genuína. Desde o início de maio, os Itiés armam sua barraca, aos domingos, na feira gastronômica da Praça Benedito Calixto, em São Paulo. É a Tostas Itiê. Giselle não cozinha, mas atende os fregueses e toma conta do caixa. A clientela se surpreende. “O primeiro olhar das pessoas é de dúvida. É ou não é ela?! Depois, querem saber o que estou fazendo”, conta a atriz.
Foi de Giselle a ideia de levar as elogiadas tortillas do pai – o mexicano Fernando Itié, 62 – para a Benedito. “Vim experimentar a coxinha de pato do chef Carlos Bertolazzi, que é meu amigo, e pensei em mostrar o talento do meu pai na cozinha para mais pessoas. Bertolazzi nos ajudou em todo o processo, foi nossa ‘fada-madrinha’.”
Além da atriz e do pai, a mãe, Sandra Lúcia Magalhães Ramos Itié, 59, que é mineira, e os dois irmãos, Mayella, 28, que é jornalista, e Fernando, 26, que trabalha com marketing, ambos nascidos no Brasil, cuidam do novo negócio. “Chegamos às 8h30 na feira, mas a preparação começa durante a semana com as compras e no sábado, com o preparo dos alimentos. Tudo precisa estar fresco e bem arrumado. Quando saímos do México, em 1985, eu trabalhava em uma empresa de comunicação e fiquei lá até me aposentar, no ano passado. Como não aguento ficar parado e sempre gostei de cozinhar para os amigos, trazer as tortillas para a feira foi ótimo. O mais importante é a união da família, porque passamos o dia aqui juntos, preparando tudo”, explica o pai da atriz.
Se tudo der certo, a barraca da Benedito pode se tornar o embrião de um projeto maior: um restaurante mexicano. “Nossa ideia é abrir algo bem familiar, pequeno e acolhedor. Não queremos fazer comida Tex-Mex, como muitas redes de pratos mexicanos fazem, mas, sim, a cozinha caseira tradicional do México”, diz a atriz, que, apesar de não ir para o fogão, é fã das iguarias de seu país. “Sou muito ligada à cultura mexicana e apaixonada por tudo da cozinha. Adoro tortillas e enchiladas refogadas com molho de tomate. Tudo com muita pimenta, claro.”
A família reunida: o irmão, Fernando, a mãe, Sandra, Giselle, o pai, Fernando, e a irmã, Mayella. O negócio pode virar um restaurante típico
Foto: Adriano Fagundes
De molho
Recém-casada com o ator Emílio Dantas, 30, a atriz comemora não ter ficado com sequelas do acidente de moto que sofreu durante a lua de mel, na Tailândia. “Eu estava dirigindo, com Emílio na garupa, fui desviar de um bueiro, mas dei de cara com um carro vindo em minha direção. A Tailândia tem um trânsito muito louco.” Giselle teve um corte profundo no joelho e precisou ser operada ainda na Tailândia, mas não rompeu ligamentos nem quebrou nenhum osso. “Agora, meu joelho sorri por causa da cicatriz. Tive muita sorte, porque atravessei o vidro e voltei. Meus óculos foram parar no volante do carro. Além do joelho, coloquei um pino no pulso. Tenho muito o que agradecer, porque estou inteira e fiquei apenas dois meses parada”, disse Giselle, que teve de abrir mão de alguns trabalhos. “Apareceram propostas, mas como eu achava que ficaria uns quatro meses me recuperando, não aceitei. Por enquanto estou trabalhando apenas nas tortillas”, disse ela, que deve retomar a carreira em breve.
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Giselle e o marido, Emílio. Ela não sabe cozinhar, mas prepara uma salada que leva nozes, queijo de cabra e damasco que ele adora. “A família me ganhou pelo estômago. O dia que os conheci, fizemos um churrasco. Não sei se é a mistura de mexicanos com mineiros, mas a comida está sempre presente”, conta Emílio
Foto: Adriano Fagundes