Ísis acha que Rakelli tem um mundo
próprio, por isso, fala muitas
bobagens
Foto: RAFAEL FRANÇA
Há dois anos, a vida de Isis Valverde mudou como num passe de mágica. Aos 19 anos, quando saiu de Aiuruoca, cidade do interior de Minas Gerais, ela era uma desconhecida do público. E continuou assim por um tempo, mesmo depois de aparecer na novela Sinhá Moça (2006). Como na trama a atriz aparecia com o rosto coberto para viver Ana do Véu, o estrelato e a popularidade demoraram a acontecer. Hoje, a mineirinha, de 21 anos, virou o objeto de desejo dos homens e é adorada pelas crianças, graças a hilariante Rakelli: “Ela é um presente na minha vida. Estou muito feliz!”
Exorcizar personagens
Faço o possível para não igualar as personagens. É provável que Rakelli tenha alguma coisa minha e a Ana do Véu (de Sinhá Moça) também. Mas sempre tento matar a personagem. Criei a Rakelli, mas na próxima novela vou destruí-la, matá-la, enterrá-la. Vou fazer o túmulo dela rosa e terei outro papel para dar vida. Se você leva alguma coisa do trabalho anterior para o novo, o público percebe. O povo não é bobo.
Boba, não!
“Rakelli não é ‘sem noção’, infantilóide, muito menos burra. Ela não tem um jeitinho ‘tatibitate’. Na verdade, ela possui um mundo próprio, quase paralelo, por isso, fala tanta bobagem. Mas ela é muito criativa, viva e sensível. Criei a Rakelli transgressora. Apesar de eu estar saindo pouco, fico muito feliz com a receptividade do público”.
Muito diferentes
“A força para correr atrás dos objetivos é a principal semelhança entre mim e Rakelly. De resto, temos personalidades completamente diferentes. Ela é expansiva, adora ser notada e gosta de fazer a diferença aonde vai. Não sou assim. Se depender de mim, vou escolher o último banco do restaurante para sentar. Quanto mais perto da parede, melhor (risos).”
Pouca romântica
“Não curto homens pegajosos, daqueles que tentam te controlar o tempo todo. Detesto chegar em casa e a pessoa perguntar onde eu estava ou aonde fui. Também não curto romantismo exagerado. Tudo o que é piegas demais me irrita. Sou aquariana, livre, gosto de ar.”
Posar nua não rola
“Não acho que seja o momento e também não sei se posaria pelada algum dia. Hoje, falo ‘nunca’ com muita convicção. Mas ‘nunca’ é bem forte, né? De qualquer forma, essa é a minha resposta, agora, para as revistas masculinas que me procuram. Amanhã, é outro dia…”
Rainha dos baixinhos
“As crianças se identificam com a Rakelli porque ela é ingênua, não tem maldade, é pura, verdadeira. O modelito colorido da personagem agrada em cheio às meninas. Ela usa basicamente roupa de malha, minissaias, shortinhos, sandálias e bijuterias de plástico. Tudo muito colorido. Isso sem falar no esmalte azul-metálico e na bolsa em formato de cachorro. Houve um dia em que eu estava de óculos escuros dentro de um elevador e entrou uma menininha com a mãe. Elas não me reconheceram, mas reparei que a garotinha estava vestida de Rakelli, com a mesma bolsinha de cachorrinho.”
Conselho dos colegas
“De cara eu percebi que Rakelly não tinha meio-termo, nem nas roupas, nem no jeito, nem no grito. Seria assim também com o público, não teria um meio-termo. Foi um desafio, mas eu topei e deu certo. Para construir a personagem, consultei alguns atores que poderiam me dar dicas sobre comédia. Osmar Prado, Zezé Polessa e Duda Ribeiro foram alguns deles. Osmar me recomendou tratar a comédia como uma tragédia para poder chegar ao sublime. E isso funciona! Há dias que saio de cena morta, sem voz, de tanto que me entrego”.