João Emanuel Carneiro: entrevista com o autor de “Avenida Brasil”
O autor de Avenida Brasil revela que criou uma "mocinha" dúbia porque gosta de torcer pelos vilões nas tramas
João Emanuel Carneiro, autor de “Avenida Brasil”
Foto: TV Globo/Divulgação
O escritor João Emanuel Carneiro mexeu com o Brasil inteiro ao revelar as crueldades sem fim da Flora (Patrícia Pillar), de A Favorita (2008). Ela, aliás, é considerada por muitos a pior vilã da história das novelas brasileiras. Agora, com a Nina (Débora Falabella) de Avenida Brasil, o autor mostrará uma personagem com perfil bem diferente das mocinhas convencionais. Nina tem um único objetivo na vida: vingança! E não medirá esforços nem terá escrúpulos para atingir o que quer.
Para escrever Avenida Brasil você foi para o subúrbio do Rio, ou já o frequentava?
Recentemente fui muito para noitadas em Duque de Caxias, Nova Iguaçu… Mas, para ser sincero, minhas fontes foram minhas empregadas. Na infância tinha a Conceição, por exemplo, e eu ia sempre passar o final de semana na casa dela no Méier. Daí veio minha vivência de subúrbio. E minha atual empregada, a Marta, é uma fonte que mora em Cabuçu, também em Nova Iguaçu.
O futebol será um personagem da novela?
Não. O futebol será mostrado no treino, na bateção de pênaltis. Não vejo muito como encenar os jogos. Todo filme de futebol que mostra o jogo fica meio fraco. Não tem verdade, sabe? O jogo que aparece no primeiro capítulo foi feito com muita antecedência. Depois vai ser mostrado sempre o vestiário, os bastidores…
Você sentiu falta em A Favorita de cenas mais leves, divertidas?
É que sempre fui escritor de humor, não é? Avenida Brasil tem um pé mais no humor, sim. Ela é mais colorida que A Favorita. Tem o Cadinho (Alexandre Borges) e suas três mulheres; a Suéllen, muito engraçada; o Leleco (Marcos Caruso), que no futuro contratará o Darkson (José Loreto) para seduzir a mulher dele…
E a vilã Carminha, de Adriana Esteves? O que podemos esperar dela?
Adoro a personagem Carminha. É uma mulher que nasceu e cresceu no lixão e abriu caminho na vida aos trancos e barrancos. É uma vencedora. Manda a enteada Nina para o lixão porque ela própria veio de lá, é um lugar que ela conhece. A Carminha é uma palhaçona triste.
Você se sente muito cobrado por fazer uma vilã tão diabólica quanto a Flora?
Acho que não. Vou tentar fazer o melhor possível.
Além da Carminha, de que você gosta muito, tem outra personagem de destaque?
Sim, a Monalisa (Heloísa Périssé), que é muito importante na novela. Essa mulher fez uma pequena fortuna sozinha, com salão de beleza, criando um tipo de alisamento de cabelos.
Você gosta de tipos ambivalentes, não? E a Nina terá caráter dúbio…
Nina surgiu porque sempre tive vontade de torcer pelos bandidos nas tramas. Quando escrevi A Favorita, gostava da Flora, mas não dava para torcer por ela (risos). A Nina é uma heroína, mas acaba agindo como vilã. Essa é a grande novidade dessa novela!