Medina Senghore:”Mulheres podem cair na armadilha de desrespeitar limites”
A atriz de "Aqueles Que Me Desejam a Morte", com Angelina Jolie, fala sobre a representação de mulheres nas telas
Companheira de Angelina Jolie no filme Aqueles Que me Desejam a Morte, a atriz norte-americana Medina Senghore sente-se sortuda pelos papéis que conquistou até hoje. Isso porque, para ela, foram representações muito reais de mulheres, longe de estereótipos e personagens rasas. “Ainda vamos ter que empurrar muito para ter mais mulheres diretoras, roteiristas e produtoras que façam trabalhos de acordo com a complexidade feminina”, contou a CLAUDIA. A seguir, uma conversa com ela sobre trabalhar na pandemia e planos para o futuro.
Como você entrou para o elenco de Aqueles Que me Desejam a Morte?
Minha primeira audição foi por vídeo, fiz em casa tarde da noite, porque tenho dois filhos pequenos. Onze da noite ou meia-noite é o horário que tem silêncio (risos). Depois, fiz outra audição no escritório, com o diretor de elenco. Eu acho que ainda fui mais uma vez no escritório e aí, para terminar, fiz a última audição no México, para fazer umas cenas com o diretor. Por sorte, foi antes da pandemia, então foi bem parecido com o processo comum.
Os cenários do filme são incrivelmente lindos. Ao mesmo tempo, é um filme de ação, com explosões, tiros. Como foi a gravação?
Cada dia foi diferente do outro. O filme muda muito de cenário e de núcleo de atores, então não tinha nada muito repetitivo. Uma das melhores coisas nos filmes de Taylor Sheridan, o diretor, é que os cenários são lindos. Entre as cenas, você está numa floresta ou num vale e chega um veado. Foi uma experiência linda.
Vocês tocam no assunto das queimadas e é algo muito real para nós hoje. Há um toque de alerta para a atenção com o meio ambiente?
Além de lidarmos uns com os outros, os personagens se veem de frente com as forças da natureza. O tema sustentabilidade não é batido com um martelo na sua cabeça, mas você entende a importância de respeitar o meio ambiente e o poder da natureza.
A personagem de Angelina Jolie é uma mulher muito forte, mas também com traumas, com vivências de dor. É um aspecto muito real feminino, algo que nem sempre vemos em filmes, já que as personagens femininas costumam se basear em estereótipos. Como é isso na sua experiência?
Penso muito sobre isso e converso bastante com minhas amigas também. Trabalhamos muito, temos família, somos ambiciosas, podemos cair na armadilha de querer fazer mais do que nossos limites permitem, de não parar quando é hora. Minha personagem no filme é forte diante de desafios, mas ela é não é super-humano, super-heroína. Ela sente medo, mas usa essa força quando é necessária. Isso é bom no jeito que o personagem foi escrito, por uma pessoa sensível e que tem respeito por mulheres.
Você acha que é raro encontrar personagens mulheres escritas com essa fidelidade a quem verdadeiramente somos?
Nos trabalhos que já fiz, fui muito privilegiada, nunca tive um papel em que tive que comprometer o que eu acreditava que é uma mulher, o que é a vida de uma mulher. É raro, contudo. Eu acho que tive sorte em mostrar a verdade, a profundidade da vida das mulheres, nos filmes que fiz. Vamos ter que empurrar para conquistar mais, para que diretores, roteiristas e produtores façam produtos que abordem essa complexidade feminina.
Como foi trabalhar com Angelina Jolie?
Ela é adorável. Eu estava um pouco intimidada de conhecê-la no set, porque eu admiro tanto, mas ela foi acolhedora, gentil, racional. Meu nervoso foi à toa. Ela é uma força, mas muito graciosa e gentil. Foi uma honra conhecê-la.
O que falta para termos mais mulheres eleitas na política