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Paolla Oliveira fala sobre a importância de separar a vida real da virtual

Para viver a influenciadora digital Vivi Guedes, a atriz, que é discretíssima, precisou experimentar uma versão mais agitada e menos privada da vida online

Por Texto: Isabella D'Ercole | Fotos: Karine Basílio
Atualizado em 17 fev 2020, 15h01 - Publicado em 31 jul 2019, 15h31

O universo da internet tem linguagem própria. Das gírias mais populares, as que se encaixam para descrever Paolla Oliveira ficam entre plena e fada sensata. Esses termos são usados quando a pessoa em questão não se deixa levar por nenhuma preocupação ou é capaz de discorrer sobre um tema com os pés firmes no chão e opiniões equilibradas.

Paolla é assim, leve. Sorri com delicadeza, tem fala serena e espaçada, numa cadência que acalma o ouvinte. Parece estar em busca de sua essência mais pura e natural. Para quem conhece a atriz só por suas personagens, essa apresentação se mostra improvável. Bom sinal! “Adoro quando dizem que me transformo com facilidade. Acho uma riqueza ter a capacidade de mudar”, afirma ela, que trocou os cabelos loiros de anos por um tom castanho-escuro para interpretar Vivi Guedes, a influenciadora digital que tem agitado a trama de A Dona do Pedaço, novela das 9 da Rede Globo.

A paulistana, 37 anos, traz em seu currículo outros papéis causadores (seguindo com o vocabulário do mundo online), como a policial e lutadora de UFC Jeize, de A Força do Querer (2017), ou a garota de programa Danny Bond, da minissérie Felizes para Sempre? (2016) – que quebrou a internet ao aparecer só de calcinha e salto alto caminhando em direção à varanda de um apartamento.

Para cada uma delas, mergulhou em um profundo laboratório de estudo de características e personalidades, desenvolveu trejeitos e também se submeteu a intensivos treinos físicos. Nesse caminho, encontrou um jeito para descolar completamente realidade de ficção. Paolla não se confunde com as personagens. Ela sabe quem é e não abre mão do constante processo de autoconhecimento.

A maturidade profissional que conquistou com os 20 anos de carreira ficou aparente na conversa com CLAUDIA, em uma sexta-feira quente e ensolarada, em São Paulo. “É só olhando para dentro que você consegue se permitir fazer certas coisas que antes eram difíceis. Parei com cobranças como ter que ser a mais legal, divertida o tempo inteiro, a mais sociável e bonita. Conheço meus limites e só vou até onde me sinto confortável, nenhum passo além”, diz.

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O afastamento entre TV e vida real faz ainda mais sentido atualmente, com Vivi Guedes atraindo a atenção do público. A blogueira, que tem até perfil no Instagram (@estiloviviguedes), leva uma vida bastante diferente da de sua intérprete, começando pelo nível de exposição. Paolla é discretíssima. Vivi é expansiva e depende de sua popularidade nas redes para ter sucesso.

A inclusão de uma influenciadora digital em novela de horário nobre mostra quão potente – e definidora – é a nossa relação com as redes hoje. Levanta também questionamentos sobre a falta de delimitações entre real e virtual e quanto isso pode ser prejudicial ou benéfico. Foi por esse caminho o bate-papo com a estrela, que, apesar de estar na pele de Vivi a maior parte do dia, admite que deixa o celular de lado com frequência e já ficou sem postar fotos por um período simplesmente porque se esqueceu de que elas existiam.

As redes borram o limite entre o íntimo e o público. Isso acontece quando nos filmamos comendo, lavando o cabelo… Você ficou famosa quando ainda não existia a exposição online. Como lidou com a transição?

Não sou uma pessoa extremista, apressada. Com tudo na vida, vou assimilando aos poucos, gradualmente. Relutei muito com as redes sociais porque sou reservada. Como ia me colocar nessa posição de me mostrar se falo tanto em privacidade? Minha geração não é esta, que nasceu conectada, nem a mais velha, que não sente necessidade de estar online. É o meio-termo. Descobri o que eu queria compartilhar e que interessaria aos outros. Fico no campo do assuntos de que gosto, de frases bem-humoradas ou que levantem a autoestima.

Quais são suas fronteiras de privacidade?

Em um momento em que o mundo está tão polarizado, raivoso, com tanta notícia ruim, gosto de compartilhar coisas boas. Tem outras que, acho, não interessam a ninguém. Detalhes da minha infância, por exemplo, e vida amorosa. Se estou com alguém e feliz, legal, eu falo. Se não estou com ninguém e sigo tranquila, tudo bem também. Mas pormenores, aonde eu fui, se viajei, o que pretendo com a pessoa, não tem nada a ver. Há quem se sinta confortável em dividir a intimidade, mas eu não vejo como essa parte da rotina pode ser útil a alguém.

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Carreira artística é uma escolha. Fama, não; é uma consequência. Você precisou aprender a ser famosa?

Ser atriz me preenche, me traz ar novo. Quando eu percebi isso, entendi o ofício do ator. A questão da fama fui assimilando, já que não conseguia separá-la do que mais gosto de fazer. Observei o que em mim interessava às pessoas. Muitas vezes, fiquei retraída porque não compreendia essa coisa de ter alguém me olhando. Achava que tinha feito algo errado, saído com uma roupa feia. Aos poucos, aprendi a lidar com críticas, com a curiosidade das pessoas. E tracei meu limite de cuidado e de privacidade.

Você se preocupa com o número de seguidores nas redes ou com um padrão de imagem?

Não tanto quanto outras pessoas, mas fico de olho em alguns detalhes. Sei, por exemplo, que a constância cativa mais. Meu olhar mudou, tiro foto de muro pintado na rua, de livros. Esse cuidado nada tem a ver com meta de seguidores, números. Já esqueci e fiquei uma semana sem postar nada. Hoje isso não acontece, a tecnologia é mais presente na minha vida. Tenho alguém que me ajuda, mas aprovo tudo. Tem dias em que não estou a fim de colocar legenda; em outros, entra um poema. É livre, sem metas.

Tem muitos haters? Como reage a eles?

Respondo a comentários queridos para incentivar as pessoas a continuar nesse astral. Se vejo uma mensagem agressiva, bloqueio. As críticas vazias não leio. É meu espaço para falar; então tem que seguir minhas regras. Todo mundo está cheio de opinião. Ganhamos três bocas e só temos um ouvido. Precisamos escutar mais do que falar. Nossa visão de mundo melhora ou se concretiza ainda mais quando nos abrimos para outras ideias.

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É comum vermos celebridades rodeadas de pessoas. Tem a assessora ou agente, maquiador, stylist, diretor da cena… Você sente falta de ficar sozinha?

Meu trabalho depende de um esforço de equipe. Mesmo um mon��logo exige um monte de gente por trás das câmeras. Mas eu gosto muito de estar sozinha, tenho um lado meio melancólico. Adoro ficar quietinha pesquisando músicas novas, ouvindo um som. Acredito que, com o tempo, desenvolvemos aquilo que precisamos. Aprendi a abstrair e ficar só comigo mesma ainda que tenha uma galera em volta. Passo muito pouco tempo em casa, principalmente durante gravações de novela. Se não paro e respiro, mesmo no meio das pessoas, dou uma pirada. O que percebi nos últimos anos é que me conheci melhor e me permiti ficar sozinha sem me culpar. A gente se cobra muito. Por não estar feliz um dia ou na mesma energia que todo mundo, por não querer socializar. Tem momentos em que não estamos a fim, e ponto. Quando eu me autorizo, a vida se torna mais agradável. Estar em paz com minhas escolhas me ajuda a lidar com o julgamento dos outros. Lembro de um dia em que eu estava triste, chorando, e uma pessoa me pediu uma foto no aeroporto. Eu fiz o retrato. E ela reclamou que eu estava estranha. Antigamente, eu teria tentado me explicar, justificar. Não mais. Eu dei o máximo que podia. Já sofri bem mais com essa coisa de estar sempre perfeita e organizada. Agora, acho ok não estar 100%.

Essa cobrança em cima das celebridades não incomoda?

A internet democratizou o poder de todo mundo ser um pouco celebridade. Isso é engraçado. Outro dia pediram para tirar uma foto comigo. Eu estava inchada por causa de um terçol horrível no olho. Falei para a pessoa tirar outra, de outro ângulo. Mas ela tinha saído linda na primeira. Qual você acha que ela postou? Choveu gente falando da minha cara. Eu me divirto. Fico o tempo todo fazendo o exercício para voltar para uma coisa mais natural, verdadeira. O maior elogio que posso receber é: “Como você é normal!”. Até abraço a pessoa, porque é sinal de que ela se conectou comigo.

Sendo tão reservada, como encarou o convite para viver uma influenciadora digital?

Fiquei bem preocupada no início porque achava que era uma coisa tão distante de mim, difícil. Aí parei e pensei. Tenho 17 milhões de seguidores no Instagram. Converso com as pessoas ali. Então eu sou influenciadora, só que do meu jeito. Desse meu lugar na rede, criei o espaço da Vivi para ser mais frenético, mas ágil. Ela inova, pensa nisso o tempo todo. Tem sido divertido ver como o mundo virtual pode ser diferente do que é pra mim.

Em quem buscou referências?

Eu fiquei muito tempo na internet. Vi de tudo: as blogueiras de moda, as fitness, as muito ricas. Pesquisei o Carlinhos Maia, que é um boom, a Camila Coutinho, pioneira. Acabei na família Kardashian. Elas misturam muito o real e o virtual. A gente nem precisa mais de reality show, a vida virou um.

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Você e Vivi têm algo em comum?

A Vivi é muito apegada à família, assim como eu. E, apesar de ter um histórico difícil – ter sido abandonada, adotada, saber que o pai trai a mãe –, ela trata a vida com leveza. Eu sou assim também, resolvo o que é pesado com suavidade.

O que faz para conservar esse temperamento calmo?

Faço de tudo. Exercícios levam corpo e mente a se reequilibrarem, liberam energia acumulada. Quando não consigo malhar, pratico ioga, qualquer coisa com movimento. Se tudo falha, vou correr. Assim consigo abrir espaço para novas emoções e sensações. Volto para casa me sentindo a Mulher-Maravilha. E faço terapia. Por indicação da Claudia Raia e da Angélica, comecei o método PNL (programação neurolinguística). É uma reflexão mais pontual, que não exige que eu vá muitas vezes ao consultório, o que é ótimo quando estou gravando. Mas também adoro a terapia convencional. Só o ato de sair, sentar naquele sofá… Acredito que todo mundo deveria fazer, é muito bom.

Você disse que acredita bastante em energia. Como mantém a sua protegida?

Dou valor a coisas pequenas, não só a grandes eventos, como Natal e Ano-Novo. Para mim, os menores atos são os mais transformadores e os que nos enchem de positividade. Se estou nervosa, saio, dou uma volta, coloco música. Não deixo acumular, senão piora. Adoro incenso, entro com o pé direito nos lugares, esse tipo de superstição.

* Edição de moda Fabio Ishimoto (OD MGT) • Styling Kaio Assunção • Produção de moda Bi Lessa • Beleza Ale de Souza • Assistentes de fotografia Júlia von Zeidler, Alessandra Braga dos Santos e Rafael Monteiro • Assistente de beleza Ivan Pasciscenai • Tratamento de imagens Doctor Raw

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