“Grey’s Anatomy me deu tudo que tenho hoje”, diz Patrick Dempsey a CLAUDIA
Após retorno a "Grey’s Anatomy" para falar da pandemia, Patrick Dempsey conta sobre sua nova série e como uma crise mudou a relação com sua família
“Page cardio!”, pensei eu quando Patrick Dempsey apareceu na tela do meu computador para dar essa entrevista a CLAUDIA. A expressão, para quem não acompanhou a série Grey’s Anatomy (será que existe alguém que nunca tenha visto ao menos uma temporada?) se tornou famosa no seriado médico e era berrada toda vez que algum paciente precisava de atendimentos cardiológicos urgentes.
Patrick, hoje com 55 anos, interpretava o neurocirurgião Dr. Derek Shepherd, que, nas dez temporadas em que o ator esteve no elenco, foi de interesse romântico a marido e pai dos filhos da protagonista, Meredith Grey (Ellen Pompeo). O charme e a beleza renderam ao personagem o apelido de “McDreamy”, algo como “dos sonhos”, numa tradução bastante livre.
Num hiato da série desde 2015, Patrick só topou voltar à última temporada (spoiler: como um espírito), cuja temática é a pandemia do novo coronavírus, para reforçar a importância do uso da máscara. “Foi uma experiência cheia de significados e também deu aos fãs o que eles queriam”, falou o ator, declarando ser muito grato à experiência que “deu a ele tudo que ele tem hoje”.
Patrick, na verdade, já construíra uma longa carreira antes de Grey’s – ele começou na TV nos anos 1980 –, mas foi o show que o lançou ao estrelato. Porém, é provável que você também se recorde dele como o nova-iorquino que abriga a princesa em Encantada (2007), o namorado de Reese Witherspoon em Doce Lar (2003) ou um dos possíveis pais do bebê de Renée Zellweger em O Bebê de Bridget Jones (2016). Ele justifica a trajetória eclética pelo fato de sempre estar em busca de algo novo e diferente. “Acho que desafios são uma forma de crescer”, explica o ator, que leva esse espírito aventureiro também para seus hobbies.
Patrick é piloto de corridas e tem uma equipe pra chamar de sua, a Dempsey Proton Racing. Ele já participou da tradicional 24 Horas de Le Mans, na França, e até da Copa Porsche, numa edição que aconteceu em Interlagos, em 2014. “Admiro muito o Senna, ele era um corredor e uma pessoa espetacular”, declarou. O envolvimento do norte-americano no setor é tamanho que ele se tornou, este ano, embaixador da linha Porsche Design Eyewear, e assinará quatro modelos de óculos.
“Percebi que tinha sacrificado muito do meu tempo em família pelos objetivos, mas a fama é abstrata. No fim do dia, o que você tem é a família e o amor deles dá sentido a tudo”
O projeto permite que ele fique perto de sua paixão pela velocidade sem passar tanto tempo longe de casa, como exigiam as corridas. É que há alguns anos Patrick tem tentado equilibrar melhor seu trabalho com o hobby e a vida pessoal. Em 2015, ele e a mulher, a maquiadora e cabeleireira Jillian Fink chegaram a passar algum tempo separados antes de decidirem se dedicar à reconciliação. O par tem três filhos, uma menina de 19 anos e garotos gêmeos de 14.
“Eu sempre tive objetivos muito claros e, quando os alcancei, decidi recalcular a rota. Percebi que tinha sacrificado muito do meu tempo em família para realizar outras coisas. Hoje, eles são a prioridade. Chega de ser egoísta”, justificou ele. “A fama é intangível, abstrata. No fim do dia, o que você tem é a família e o amor deles dá sentido a tudo”, completou o ator, que deu a entrevista durante uma folga em Los Angeles, na Califórnia.
Patrick estava há uma semana em casa depois de uma temporada de filmagens na Itália para a série Devils, um thriller político que estreou no Brasil no final do ano passado, no canal Universal TV. “Depois disso, ainda vou para a Irlanda gravar e tenho que ficar dez dias de quarentena chegando lá. A distância é difícil, mas, nesse momento, é complicado levar a família, então não temos opção a não ser ficarmos longe por mais tempo. Por isso, aproveito ao máximo meus dias aqui”, explica.
No país europeu, ele deve gravar a continuação de Encantada, Desencantada, com Amy Adams. “Pela primeira vez, meu personagem vai cantar e dançar. Estou aterrorizado, porque nunca fiz isso (risos). Minha voz não é boa, mas estou confiando no trabalho do coach, assim como no do professor de dança. Sei que estou em boas mãos”, admite.
Para o ator, a parte favorita das viagens a trabalho é a oportunidade de entrar em contato com outras culturas e hábitos. “Você foge do que é dito no noticiário ou das barreiras políticas e conhece as pessoas. Isso muda tudo. É a essência do país”, conta ele. O ator, aliás, evita falar de política por acreditar que o papel dele é entreter as pessoas. “Só me posiciono a respeito do que sei e, para isso, preciso me informar. Quando fui falar das máscaras em Grey’s, estava me baseando na ciência”, explica.
Quando o assunto são as tensões em seu país e no mundo no último ano, prefere se esquivar. “É a humanidade que nos salva, olhar para as pessoas, se conectar. Precisamos superar as nossas diferenças e nos juntar no meio do caminho, sem julgamentos, com empatia e compaixão. Só assim faremos mudanças de verdade.”
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