A entrevista da secretária de Cultura Regina Duarte para a CNN nesta quinta-feira (7) foi um show de momentos polêmicos. Em conversa com o âncora Daniel Adjuto, a atriz relativizou o período de ditadura militar brasileiro, declarou que não tem pretensões de deixar o cargo que ocupa há dois meses no Ministério do Turismo e se irritou com questionamentos da colega Maitê Proença sobre sua falta de posicionamento em relação às mortes de artistas por causa da Covid-19.
Tudo começou quando Regina foi questionada pelo jornalista sobre seu apoio ao presidente Jair Bolsonaro mesmo após ele ter defendido publicamente figuras ligadas ao regime militar. Após ouvir que se tratava de um período difícil da história brasileira, marcado por muitas mortes e torturas, a secretária respondeu que “a humanidade não para de morrer”. “Se você falar ‘vida’, do lado tem morte. […] Sempre houve tortura, sempre houve… Stálin, quantas mortes? Hitler, quantas mortes? Se a gente for ficar trazendo mortes, arrastando esse cemitério… Desculpe, mas eu não quero arrastar um cemitério de mortos nas minhas costas. Não desejo isso para ninguém. Sou leve, estou viva. Estamos vivos, vamos ficar vivos. Para quê olhar para trás?”, declarou, completando em seguida que sente que o coronavírus tem trazido “uma morbidez insuportável”.
Pouco depois, ao abordar a preocupação de colegas da classe artística sobre o trabalho da Secretaria de Cultura, a emissora transmitiu um vídeo no qual a atriz Maitê Proença lamentava a falta de informação e o silêncio reservado ao setor. “Nós estamos sobrevivendo de vaquinhas. Nesse túnel comprido, e sem futuro à vista para a arte, que afinal, se faz juntando gente. Mas, afinal, até quando isso vai se sustentar. […] Enquanto isso, morrem os nossos gigantes: Rubens, Aldir… Nenhuma palavra de nosso presidente, de nossa secretária. Regina, eu apoiei desde o início o seu direito a posição que divergia da maioria. Regina, fala com a gente”, pediu Maitê.
A mensagem irritou Regina Duarte, que retirou o ponto do ouvido e o balançou diante da câmera, demonstrando não ter interesse em ouvir o que a colega tinha para falar. “Não, eu não quero ouvir. Ela tem meu telefone, ela fala comigo”, reclamou, dizendo também que a CNN estava baixando o nível ao desenterrar a fala de Maitê. Após a confusão, a entrevista foi encerrada.
Sobre o silêncio da Secretaria quanto às mortes de artistas por causa do coronavírus, ela declarou: “Desde a primeira morte me cobraram uma divulgação (de nota de pesar) por parte da secretaria desses óbitos. Optei por mandar uma mensagem como Secretária às famílias das pessoas que perderam os entes. Será que a secretaria virou um obituário?”.
Veja trecho da entrevista a seguir: