O repórter Gerson de Souza foi denunciado ao Ministério Público pelo crime de importunação sexual contra quatro jornalistas da Rede Record. A acusação contra o repórter foi protocolada na Justiça na última segunda-feira (3). Se for considerado culpado, a pena é de até cinco anos de prisão. As quatro jornalistas trabalhavam no programa Domingo Espetacular, e segundo funcionários da emissora, duas das denunciantes foram demitidas.
A denúncia é resultado da uma investigação aberta, em que 12 mulheres procuraram o departamento de Recursos Humanos da Record, contando que haviam sido assediadas sexualmente por Gerson. “Tudo começou quando uma delas decidiu denunciar. Posteriormente, o RH da emissora fez um chamamento às mulheres da redação, e perguntaram se havia acontecido algo envolvendo o Gerson de Souza, e cada uma levou seu relato”, explica uma fonte ouvida por CLAUDIA, que pediu para não ser identificada.
Segundo a denúncia feita ao Ministério Público, as investigações do 23º DP concluíram que “por diversas vezes e de forma continuada, importunava as vítimas com palavras maliciosas, comentários de conotação sexual, gestos obscenos e toques lascivos e não consentidos, com elas mantendo contato físico inoportuno, constrangendo-as em local de trabalho”.
O jornalista foi enquadrado quatro vezes no artigo 215-A, que concebe “praticar contra alguém e sem sua anuência ato libidinoso, com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou de terceiros”, combinado com o artigo 71, do Código Penal, tratando o crime como continuado.
Segundo a fonte, as vítimas sofreram fortes retaliações de outros funcionários depois de fazerem a denúncia. “Elas ouviam dizer que alguns homens queriam fazer abaixo assinado. Eles diziam que o Gerson tinha reputação ilibada e que as meninas eram mentirosas”.
O que aconteceu às mulheres que fizeram a denúncia
Gerson de Souza foi afastado, mas continua recebendo salário. Desde as primeiras denúncias, o jornalista nega as acusações, e em uma declaração feita por ele em junho de 2019, afirmou que “no momento posso apenas dizer que o que está sendo dito sobre mim não é verdade e que confio no trabalho da polícia para esclarecer os fatos”.
Nossa fonte informou que a Record recebeu as denúncias com surpresa, mesmo que pela redação o apelido do jornalista era “Gerson Mayer”, numa menção ao ator José Mayer, também acusado de assédio. “Me pareceu que eles realmente estavam surpresos, e foram muito justos. Vários colegas do Gerson estavam humilhando as vítimas na redação, chamando-as abertamente de sem caráter, e o RH chamou a atenção deles, porque elas foram reportar o que estava acontecendo. A Record se posicionou onde devia”, disse. Ao Notícias da TV, a empresa disse que segue aguardando o desfecho do caso.
Por mais que as vítimas tenham sido devidamente ouvidas pela Record, segundo o que nos foi informado, as mulheres que fizeram a denúncia acabaram sendo extremamente prejudicadas no ambiente de trabalho. “Elas viveram um inferno lá dentro. Tiveram sua moral atacada, suas capacidades emocionais atacadas e vidas pessoais afetadas por uma denuncia. Todas que foram ao RH e posteriormente á polícia, tiveram suas dinâmicas de trabalho totalmente afetadas”.
A pessoa ouvida por CLAUDIA também falou mais a respeito do fato de que Gerson era conhecido pelas atitudes inapropriadas, que alguns classificam como meras brincadeiras. “Ele sempre fez isso. As próprias pessoa que foram depor em favor dele falaram que ele fazia brincadeiras. Mas acho que brincadeira tem limites, você só brinca com quem tem intimidade e nenhuma delas deu liberdade pra ele”.
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