A inteligência artificial ajuda a estender a capacidade humana, diz CEO da Microsoft Brasil
Priscyla Laham, que participa do novo episódio do videocast “Eu, CEO”, compartilha suas experiências e visões de liderança

À frente da Microsoft Brasil, Priscyla Laham representa uma nova geração de líderes que unem tecnologia e propósito. Com uma trajetória marcada pela coragem de assumir desafios e a habilidade de transformar ambientes, ela se consolidou como uma das executivas mais influentes do país. Sua visão vai além do crescimento de negócios: é sobre usar a inovação como ferramenta para impactar vidas e ampliar oportunidades.
Sua carreira foi construída em paralelo com o compromisso de abrir espaço para outras mulheres, mostrando que liderança e empatia não só podem como devem caminhar juntas. Hoje, seu nome está associado à construção de um futuro digital mais inclusivo e sustentável – inspirando equipes, formando novas lideranças e abrindo caminhos para a diversidade no setor.
Priscyla é a nova convidada do videocast Eu, CEO, criado por CLAUDIA para destacar mulheres em cargos de liderança e gestão. Conosco, ela compartilha os desafios e realizações de sua trajetória.
Para conferir o episódio na íntegra, assista ao canal Veja+, disponível gratuitamente no Samsung TV Plus (canal 2075), hoje às 19h, ou acesse nosso canal do YouTube.
Veja o papo completo:
Como você se aproximou desse tema? Em algum momento você ouviu que isso não era coisa de mulher?
Me formei em marketing e era uma carreira que não tinha tecnologia como destino naquele momento. Mas, aos 15 anos, fiz um colegial técnico e acabei me aproximando da tecnologia. Fui estagiária na FATEC também. A IBM foi quem me trouxe para o mundo da tecnologia, foi meu primeiro estágio. Quando lembro da ambição que tinha naquele momento — meu propósito e minhas inspirações — percebo que sempre busquei estar em lugares onde pudesse gerar impacto social e também nos negócios.
Pensando na sua carreira, desde executiva até chegar ao cargo de CEO, quais foram os desafios mais latentes?
O meu inglês não era bom e as empresas de consumo tinham um grau de exigência muito alto e, quando a IBM me aceitou para o estágio, consegui entrar com o nível do idioma que eu tinha. O que é muito interessante porque traz uma luz na necessidade de pensar como temos que ser inclusivos com as pessoas – isso está muito relacionado ao potencial. Há coisas que você pode aprender e o idioma é uma delas. No final das contas, tive uma carreira internacional muito bem sucedida.
A segunda coisa é a liderança. Quando você deixa de ser um contribuidor individual para ser um gestor, precisa aprender novas habilidades. O seu time passa a ser o centro das atenções, ele faz coisas diferentes de você e, necessariamente, não vai ser ruim. Muitas vezes é melhor. A Microsoft sempre foi uma empresa muito forte de diversidade e inclusão, então, ter pessoas com diferentes backgrounds ajudava muito nisso.

Quando você passa por um momento de liderança, aprender a gerir as pessoas, a lidar com esses desafios, no seu caso, foi mais na prática ou teve também um estudo formal que você acha que te apoiou?
Se você pode ter um desenvolvimento nessa área, ajuda muito. Nisso, a Microsoft fez um bom trabalho. Quando eu passo desta fase para outra, eu já estava sendo treinada. Eu tinha uma preocupação de desenvolvimento de carreira e do meu desejo de ser uma gestora de pessoas. E aí, obviamente, tive que aprender na prática.
Minha primeira posição de gestão foi no Brasil, mas a primeira posição de liderança, reportando para a pessoa que era presidente da Microsoft, foi na Argentina. Precisei aprender rapidamente a falar espanhol e conhecer a equipe. E o fato de não conhecer nada disso antes me ajudou a ter uma aceleração das minhas capacidades de liderança.
Como você avalia a nossa relação com a tecnologia?
O brasileiro adota a tecnologia muito fácil. A gente é muito social e interativo. O nosso problema está em garantir que a gente tenha capacitação certa para as pessoas estarem prontas para a inteligência artificial e para esse momento de evolução tecnológica muito rápida. De certa forma, estamos vivendo um ponto de inflexão com a inteligência artificial e precisamos criar as condições para que o Brasil seja competitivo. E isso passa por capacitação, pela preparação das pessoas e por dar acesso à tecnologia.
A gente vive um momento de oportunidade, mas ela também vem acompanhada de medo. Quando as pessoas falam de inteligência artificial, muitas vezes é um cenário catastrófico. Como você percebe esse futuro?
Eu sou otimista. Temos que trabalhar para que o cenário seja um cenário benéfico para a humanidade. Afinal de contas, estamos fazendo tudo isso para que seja um lugar melhor. Acreditamos que a inteligência artificial vai estender a capacidade humana. Temos nosso co-piloto, que é a nossa interface, e ela serve para você estender a sua capacidade. Temos um estudo chamado Work Trend Index – e o de 2025 mostra que 72% das pessoas estão sem energia ou estão muito cansadas das suas jornadas de trabalho por conta de funções muito repetitivas.
E, se você pensa no envelhecimento da população, a inteligência artificial vem num momento que pode ajudar a estender a nossa capacidade para o que o ser humano faz de melhor, que tem a ver com criatividade, engenhosidade e todo o trabalho que gostaríamos de fazer. Obviamente há determinadas funções que podem ser substituídas por inteligência artificial: talvez uma revisão de nota fiscal, uma revisão de contrato poderia ser feita por um agente autônomo. Mas ela vai substituir o trabalho do advogado? Ela vai substituir o trabalho de quem está no contas a pagar? Não.

A presença humana e o nosso coração fazem parte da atuação da liderança?
Sem dúvida nenhuma. Tem uma questão da criatividade, engenhosidade e do cuidado humano que nunca vai ser substituída. Há conexões e ideias que só vão surgir quando entramos em contato com o outro.
Você comentou a preocupação da empresa com inclusão e diversidade. Como você acha que mais empresas podem garantir diversidade nas posições de alta liderança?
Sempre brinco que, quando você olha mulheres em posições como a minha, são sempre as melhores. Não necessariamente isso vai acontecer com os homens, porque o funil é mais aberto. Então, não vejo a hora de ter muito mais mulheres – e algumas nem tão boas – porque significa que o funil está se abrindo. As empresas têm que criar as condições para isso, como preparação e o devido cuidado nos momentos importantes.
Assine a newsletter de CLAUDIA
Receba seleções especiais de receitas, além das melhores dicas de amor & sexo. E o melhor: sem pagar nada. Inscreva-se abaixo para receber as nossas newsletters:
Acompanhe o nosso WhatsApp
Quer receber as últimas notícias, receitas e matérias incríveis de CLAUDIA direto no seu celular? É só se inscrever aqui, no nosso canal no WhatsApp.
Acesse as notícias através de nosso app
Com o aplicativo de CLAUDIA, disponível para iOS e Android, você confere as edições impressas na íntegra, e ainda ganha acesso ilimitado ao conteúdo dos apps de todos os títulos Abril, como Veja e Superinteressante.