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Natureza adentro: um mergulho na Amazônia

Nas margens do Rio Negro, a cinco horas de barco de Manaus, a comunidade ribeirinha de Tumbira oferece imersões na Floresta Amazônica

Por TEXTO Joana Oliveira FOTOS Helena Alba e Joana Oliveira
9 set 2022, 08h16

Os barcos adentram a escuridão do igarapé e aumentam os barulhos da floresta. Sons de pássaros, macacos e sapos se misturam no ar. Tudo num breu levemente iluminado pela imensidão de estrelas (ou pela Lua, se você tiver sorte). Surpreendentemente, esse é o cenário ideal para fechar os olhos, respirar fundo e se permitir sentir. O passeio noturno nas águas da Floresta Amazônica, uma verdadeira meditação, é uma das atividades mais intensas que se pode viver em Tumbira, comunidade ribeirinha às margens do Rio Negro, no Amazonas, onde vivem 35 famílias e cerca de 125 pessoas.

É pelas águas escuras que se navega durante cinco horas, saindo de Manaus, até chegar ao vilarejo de casas de madeira multicoloridas, com uma grande escola no centro. Foi justamente ela que impulsionou a criação da comunidade em 1986, quando os moradores dos arredores passaram a se mudar para perto do local das aulas. Naquela época, Tumbira ainda era um povoado de madeireiros. “Antes, olhava para as árvores e via preço. Hoje, olho e vejo valor. Sabia que o desenvolvimento sustentável e a educação eram as únicas formas de trazer qualidade de vida para o meu povo”, diz, emocionado, Roberto Brito, de 59 anos. Sentado nas raízes de uma gigante sumaúma, ele conta que largou a motosserra para apostar no turismo
comunitário como principal forma de renda do lugar.

É ele quem guia os visitantes pela trilha no meio da floresta, ensinando sobre cada folha, mostrando cada toca de animal e dando nome a cada ser vivo pelo caminho. Aliás, esse é outro passeio imperdível em Tumbira, que CLAUDIA conheceu a convite da Creators Academy, iniciativa que conecta pessoas com os biomas brasileiros. “A visita à floresta te permite conhecer os ciclos da natureza, o que te dá outra dimensão da importância de protegê-la, além de proporcionar uma conexão com você mesmo”, diz Bruno Mangolini, fundador da Poranduba, agência de turismo local. Paulistano, ele e a companheira se mudaram para lá em 2017, onde tiveram uma filha e se tornaram aliados de Roberto na missão de fazer do turismo o ganha-pão da comunidade. “Um dos passeios mais impactantes é a visita ao Parque Natural de Anavilhas, onde você se sente um grão de areia na imensidão de água e árvores”, conta.

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As delícias do rio

Depois da caminhada na mata, o almoço primorosamente preparado pelas mulheres de Tumbira é servido no restaurante comunitário. Não faltam opções de saladas e vegetais, mas o carro-chefe é o tambaqui ou pirarucu na brasa, acompanhados de farinha d’água. São muitos os visitantes que, na despedida, tentam “contrabandear” alguns gramas da iguaria para levar consigo. Quem quiser, ainda pode participar do processo de feitura na casa de farinha local, onde se aprende tudo sobre a mandioca, alimento fundamental na Amazônia.

Raimunda Garrido, de 91 anos, é uma das anfitriãs de Tumbira.
Raimunda Garrido, de 91 anos, é uma das anfitriãs de Tumbira. (Joana Oliveira/CLAUDIA)

Quem quer tirar a sesta se acomoda num dos quartos da Pousada Garrido, que leva o nome de um dos fundadores de Tumbira e, hoje, é administrada pela filha, Nádia, e Roberto, seu marido. Mas a anfitriã mesmo é dona Raimunda Garrido, viúva do fundador, que encanta a todos com sua conversa gostosa na varanda do casarão. “Ver isso aqui cheio de gente conhecendo a floresta era o sonho do meu marido”, sorri.

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A tarde convida para o que talvez seja a maior delícia dessa imersão amazônica: o banho no Rio Negro. No píer de Tumbira, é possível se deliciar nas águas de tom marrom avermelhado — e há coletes salva-vidas para todos. Outra opção é percorrer de barco o igarapé até a Praia Alta, onde dá vontade de passar o dia se banhando na corrente tranquila, ou ir até a Praia do Iluminado, de areias brancas, perfeitas para uma caminhada. Para quem quer mergulhar ainda mais no modo de vida ribeirinho, há passeios para aprender as diferentes técnicas de pesca tradicional, que respeitam a época de reprodução das espécies.

Quando a noite cai, quase sempre há uma fogueira no centro de Tumbira. Caso apareçam os povos de alguma comunidade indígena próxima, chega também o convite para dançar ao redor das chamas. É também após o pôr do sol que se monta a feirinha de artesanato local, com colares, brincos, roupas de tingimento natural e até cosméticos feitos com sementes e frutas da floresta.

A conversa e o riso soltos vão até tarde, mas vale a pena guardar energia para madrugar na sequência. Às cinco da manhã, mais um passeio de barco leva a um ponto estratégico do rio, onde se espera o sol surgir no horizonte. O céu se tinge primeiro de um vermelho intenso, que passa ao laranja, rosa e lilás, numa aquarela que se reflete no espelho d’água. Por instantes, o firmamento e o rio parecem uma coisa só, com pinceladas de verde que atravessam os sentidos. Aí, a Amazônia se instala de vez dentro de nós.

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