O terceiro dia de Casa de Criadores #52 foi uma celebração da cultura afro e do upcycling no conceito da transmutação. Ocupando o Centro Cultural São Paulo, a maratona de desfiles começou no jardim e se encerrou na biblioteca.
A Berimbau abriu os trabalhos da sexta-feira (14) com uma homenagem ao futebol feminino. Em seguida, passamos pelas marcas Sukeban Kompany, que enalteceu a comunidade trans com um baita manifesto, e Shitsurei trabalhando a saudade em suas peças de uma forma belíssima.
As apresentações continuaram com os trabalhos de Felipe Caprestano, designer que brinca com o desconforto e o questionamento da sociedade tecnológica, Alexandre dos Anjos com suas estampas à mão inspiradas em cartas de tarô e a alfaiataria moderna de Felipe Fanaia.
A noite foi encerrada com o coletivo PIM (Periferia Inventando Moda), que contou com as marcas Couto e Riddim, a transmutação têxtil da Vou Assim, e o axé afrofuturista de Mônica Anjos.
Abaixo, falamos um pouco sobre as principais tendências do terceiro dia de Casa de Criadores.
Recortes
Os recortes foram uma técnica recorrente entre os desfiles da Casa de Criadores desde o primeiro dia. Eles continuam presentes até mesmo para misturar diferentes modelagens ou tecidos, criando um efeito moderno e estruturado em peças de alfaiataria e streetwear. Felipe Caprestano, Couto, Shitsurei e Vou Assim trabalharam isso em suas coleções.
Franjas
Mônica Anjos foi a rainha das franjas. Ela apresentou uma linha que contava uma história de mudança, de quando ela saiu de Salvador e veio para São Paulo. A proposta da coleção é “O futuro é Ancestral“, as referências do ouro vêm abundantes e à Rainha Nzinga Mbandi mostram a resistência na luta da independência de Angola.
Através da ancestralidade e do futurismo, a estilista agrega o surface design e as franjas em suas peças. Elas aparecem estruturadas ou fluídas, varia de acordo com o tecido. Esse acabamento apareceu também nos desfiles de Sukeban Kompany e Riddim.
Plissado
O plissado apareceu em peso no desfile de Alexandre dos Anjos, na coleção Tarô dos Anjos. A inspiração veio das cartas, e o estilista se baseou nos arcanos que mais gosta. “Eu peguei A Morte, A Estrela e outros mais impactantes para mim. Nessa temporada, estou trabalhando o tarô, essa coisa da adivinhação, de você tentar prospectar e entender o futuro sem saber do que se trata, é tudo um grande devaneio”, explica o designer.
Alexandre usa os Arcanos tanto na estamparia digital, quanto manual. As peças tem um storytelling através das cores primárias, indo do azul, passando pelo vermelho, amarelo e finalizando no branco.
Boca Marrom
Na maquiagem, os delineados seguem reinando, como citamos no primeiro dia de Casa de Criadores, mas outra tendência é a boca marrom, que apareceu na beleza da Shitsurei e de Alexandre dos Anjos.