Juliana Santos é uma mulher de sonhos – e dos grandes. Não à toa, a empresária foi responsável por colocar o estado de Pernambuco na rota do mercado de moda e lifestyle. A frente da Dona Santa, multimarcas fundada há 30 anos por sua mãe, Lília Santos, ela é exemplo quando o assunto é reinvenção. Agora, leva sua etiqueta ao Shopping Iguatemi.
A empresa é focada na curadoria exclusiva de marcas nacionais e internacionais, em formatos novos de varejo, como trunk shows e pop-up stores internacionais com Louis Vuitton, Fendi, Burberry e Dior.
A propósito, inovação é uma palavra importante na trajetória de Juliana, mas ela aparece ao lado do planejamento. “Sem plano, não avançamos”, diz ela em exclusiva à CLAUDIA. “Nada é construído sem uma organização por trás, portanto planejar sempre esteve em foco.” E os dados ocupam espaço central nesse aspecto: todas as decisões do negócio são embasadas, nenhuma escolha acontece sem uma análise prévia, segundo ela.
Chegar em São Paulo definitivamente foi uma estratégia de expandir seu empreendimento, mas não ocorreu do dia para a noite. O convite para ter um espaço dedicado à marca no Iguatemi aconteceu em 2021, mas Juliana não aceitou – ela sabe, como poucos, reconhecer o momento certo para avançar. Este ano, foi atrás da parceira porque entendeu que estava na hora. “Não imaginei que os planos sairiam tão rápido do papel.”
Nada disso, porém, seria possível sem a existência de sua mãe: além de fundar a Dona Santa, também se tornou uma referência à filha. O contato de Lília com a loja permanece até hoje, pois ela faz questão de ir frequentemente ao lugar que viu crescer. “Ela foi fundamental e, até hoje, quando surgem problemas, penso ‘queria que minha mãe estivesse aqui para me ajudar’.”
Elas provam que a ligação mãe-filha nos negócios é possível. “É normal discordar e apontar suas opiniões, especialmente quando se tem tanta intimidade, como os familiares possuem. Mas não demoraram 30 minutos e já estávamos bem”, garante. A soma de esforços também ajudou a fortalecer os laços e proporcionou melhoras para a loja.
“Minha mãe inventou a Dona Santa, e eu modifiquei o modelo de negócios para trazer o lifestyle para perto da loja, com a intenção de não ser apenas uma marca de compra e venda”, aponta. Hoje, a empresa abriga a própria marca, multimarcas, espaço second hand, duas galerias de arte, um espaço de beleza, shop in shop, um restaurante japonês e a pop-up do Iguatemi.
O império criado por duas lideranças femininas não tem uma história livre de desafios. “Uma marca que existe há 30 anos é uma marca que passou por crises, pandemia e milhares de problemas que os empreendedores brasileiros conhecem bem”, afirma a empresária.
Entre as dificuldades, consolidar o nome em âmbito nacional, em um país onde a indústria de moda está centrada em São Paulo e Rio de Janeiro, aparece. Circular nesse meio não é fácil, especialmente para quem vem de fora do eixo. Mas Juliana foi rápida em perceber que trabalhar seu nome ajudaria seu empreendimento: “construí uma imagem, passei a ir em semanas de moda e produzir conteúdos para a internet. Na época, outros empreendedores não entendiam, mas agora a maioria entra nessa dinâmica”.
Não demorou a aparecer comentários que comparavam o negócio com outros do sudeste, ao que ela rebate. “Não somos como tal loja do sudeste. Somos a Dona Santa, loja pernambucana. O nordeste também produz coisas incríveis, não precisamos ser comparados com o sudeste a todo tempo.”
Falta alguma coisa? A pergunta aparece ao observar uma carreira com tanto êxito em tudo o que se propôs. A resposta é rápida: “quem trabalha no varejo sempre quer algo a mais. É um mercado tão dinâmico, que você sempre tem desejos novos”, e ainda acrescenta que “empreender não é fácil, especialmente no Brasil, com tantas incertezas e desestímulos de todas as frentes. Mas, se você quer, tenha coragem. Planeje, tenha dados como amigos para ir atrás do que quer.”