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Vamos repetir juntas? O manequim plus size da Nike não promove obesidade

A empresa estreou novos manequins que representam outros tipos de corpos e causou polêmica.

Por Lucas Castilho
Atualizado em 15 jan 2020, 14h50 - Publicado em 14 jun 2019, 17h07
 (Nike/Divulgação)
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Vamos repetir juntas? O manequim plus size da Nike não promove obesidade. O manequim plus size da Nike não promove obesidade. O manequim plus size da Nike não promove obesidade.

Na semana passada, a Nike estreou uma repaginada na flagship dela em Londres, algo que passaria despercebido não fosse por um importante detalhe: em meio aos manequins com os corpos esguios de sempre, a empresa colocou modelos para representar corpos de pessoas plus size e com deficiência. A Nike não fez mais do que a obrigação dela, mas, mesmo assim, é uma notícia excelente – finalmente muitas consumidoras que se sentiram invisíveis por anos, vão se sentir representadas!

Infelizmente, nem todo mundo pensa assim. O “The Telegraph”, um dos jornais mais importantes do Reino Unido, publicou uma coluna de opinião terrivelmente gordofóbica que “causou” nas redes sociais. É até meio inacreditável como ela foi publicada. Nela, a autora acusa a marca de incentivar a obesidade e promover um tipo de corpo que mata as pessoas. O texto é todo errado porque mascara preconceitos com uma falsa preocupação com a saúde alheia.

“Ela é, em todos os aspectos, obesa, e não está se preparando para uma corrida em seu maravilhoso look Nike. Ela não pode correr. Ela é, provavelmente, pré-diabética e a caminho de uma prótese de quadril”, escreve a autora em um dos trechos mais problemáticos. Em primeiro lugar, é impossível olhar para qualquer corpo – seja ele gordo ou magro – e afirmar se ele é saudável ou não, se a pessoa é sedentária ou não, se pratica atividades físicas ou não. Isso é “achismo”, além de ser ignorante, insensível e atribuir ainda mais culpa a pessoas que já são marginalizadas apenas pela aparência delas.

“Ela não pensa na estrutura da vida de uma pessoa como qualquer outra e uma pessoa que precisa fazer atividades físicas, porque o sedentarismo mata mais do que qualquer outra coisa, o sedentarismo mata mais do que a obesidade. Se uma pessoa magra for sedentária, ela também vai morrer”, avalia Ju Romano, blogueira e ativista plus size. Ela continua: “a questão é a seguinte, se você pratica esporte, não necessariamente faz isso para emagrecer, você pode praticar esportes simplesmente porque você gosta. Eu, por exemplo, faço atividades físicas desde que eu sou criança. Eu sou uma pessoa gorda que vai à academia de duas a três vezes por semana, pratico esportes, ando de patins, bicicleta”.

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De acordo com a Ju, o que a colunista também esquece (e a maioria dos trolls da internet) é que o manequim plus size da Nike não promove a obesidade, faz justamente o contrário: “Você não oferecer produtos relacionados a esporte para pessoas gordas faz com que elas sejam desestimuladas a praticar esportes. Se você mostra para a pessoa gorda que ela também faz parte daquele universo fitness, ela é incentivada a sair do sedentarismo caso seja sedentária. Caso não seja sedentária, ela também precisa de peças para praticar suas atividades”.

O que a Nike fez é um movimento fundamental para representatividade e deverá ser seguido por outras marcas de moda, mas ela não faz isso porque é boazinha, isso se chama oportunidade de mercado: todo mundo precisa se vestir e tem o direito de ter acesso a roupas boas. No caso de pessoas plus size, um top com maior sustentação, uma legging do tamanho correto e com com maior durabilidade, por exemplo… Nos últimos anos, o interesse por atividades físicas e de bem-estar disparou e isso já se reflete nas vendas: de acordo com a Forbes, a divisão de produtos esportivos femininos é a menina das olhos atual da Nike, que enxerga uma “grande oportunidade” de ganhos futuros.

Vamos repetir juntas? O manequim plus size da Nike não promove obesidade, ele representa pessoas que por gerações foram ignoradas pelo mundo da moda (e também mostra que o capitalismo finalmente percebeu que estava perdendo dinheiro).

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