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7 segredos para desapegar

Uma casa e um dia a dia sem excessos permitem que tenhamos mais tempo para focar no que nos dá prazer

Por Mariane Morisawa (colaboradora)
Atualizado em 12 abr 2017, 15h36 - Publicado em 2 jun 2015, 07h00
Getty Images
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Em uma época de consumismo desenfreado – de roupas, objetos, informações -, quando facilmente somos atolados pelos nossos excessos, a pequena e delicada japonesa Marie Kondo, 30 anos, tornou-se um gigante da organização e do desapego. Seus três livros já venderam mais de 2 milhões de cópias pelo globo, e a lista de espera para ter uma consultoria pessoal com ela passa de seis meses.

Considerada uma das 100 pessoas mais influentes do ano pela revista Time, Kondo conta que é fascinada por arrumação desde a infância, quando colecionava dicas de revistas femininas. Aos 15 anos, começou a botar as técnicas em prática arrumando o quarto de seus irmãos (ela é a do meio) e a casa dos vizinhos.

“Meu método não visa apenas a arrumação mas também influenciar a forma de pensar das pessoas”, afirmou em entrevista a CLAUDIA, em Nova York, onde estava para divulgar A Mágica da Arrumação – A Arte Japonesa de Colocar Ordem na Sua Casa e na Sua Vida (Sextante), que chega agora ao Brasil. “As pessoas perceberam que ter muitas coisas não significa estar satisfeito. Minha estratégia é baseada em ser feliz enquanto cuida bem do que é precioso para você”, disse a nova guru.

Para o australiano Peter Walsh, outro defensor de uma vida minimalista, autor de It’s All Too Much (“É coisa demais”, em tradução livre), a felicidade não pode ser encontrada em compras. “A ciência provou que adquirir bens materiais traz uma injeção rápida de alegria que se dissipa logo.

A verdadeira alegria vem dos relacionamentos com outras pessoas e consigo mesmo. E uma casa sem bagunça é o primeiro passo para isso.” A seguir, veja o caminho para uma vida mais simples e feliz.

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1.  Imagine o estilo de vida que deseja ter

“A organização é só uma ferramenta, não o destino final”, alerta Marie Kondo. O objetivo principal é alcançar o estilo de vida que você almeja. Se não consegue visualizar qual é ele de imediato, conte com a própria arrumação para ajudar você a fazer essa descoberta. “Ao colocar a casa em ordem, você ordena também seus afazeres e seu passado”, diz Marie. “Como consequência, pode ver bem claramente do que sua vida precisa e o que pode dispensar.” O escritor Peter Walsh segue a mesma linha de pensamento: “Antes de qualquer coisa, é preciso definir um plano para sua casa. Como quer viver? Como cada cômodo deve funcionar? Que atividades devem acontecer em cada espaço?” Fazer essa análise do estilo de vida que pretende levar ajuda também nas compras futuras. “Quando for adquirir um novo item, você para e pensa se ele vai aproximar ou afastar você do seu plano”, propõe Walsh.

2. Defina uma rotina e um prazo final

Alguns especialistas defendem que se comece a faxina aos poucos, mas Marie recomenda fazê-la de uma tacada só. “O impacto é muito maior”, diz a especialista. Achou o desafio grande demais e faltou tempo ou disposição para se dedicar a ele em uma jornada? Sem problemas. No lugar de adiar a tarefa para sempre, melhor fracioná-la. Nesse caso, ao menos estabeleça uma rotina e um limite: por exemplo, dedicar-se ao caos todos os domingos, por dois meses. E respeite seu prazo. Mas não saia comprando caixas e gaveteiros, ainda. O essencial é, primeiro, descartar tudo o que não quer mais – doe para instituições beneficentes ou monte um bazar para as amigas. Quanto mais rápido terminar a empreitada, melhor. “É mais fácil descansar em uma casa em que não há sempre algo a arrumar. Menos coisas significa menos manutenção e tarefas domésticas e mais tempo para fazer o que relaxa você”, alerta a americana Cristin Frank, autora do livro Living Simple, Free & Happy (“Vivendo de maneira simples, livre e feliz”, em tradução livre).

3. Divida a casa em categorias

Normalmente, iniciamos o processo por cômodos (primeiro quarto, depois sala, cozinha…). Marie também propõe uma estratégia diferente; afinal, guardamos o mesmo tipo de item em vários locais da casa. A proposta, então, é dividir tudo por categorias, seguindo esta ordem específica: roupas, livros, papéis, itens diversos (CDs, DVDs, cremes, maquiagem, suprimentos para artesanato e hobbies, produtos de limpeza, equipamentos de cozinha etc.) e recordações. Assim, o grau de dificuldade aumenta aos poucos. Começando pelas roupas, subdivida-as em partes de cima (camisetas, malhas), partes de baixo (saias, calças), roupas de pendurar (como vestidos e casacos), meias, lingerie, bolsas, outros acessórios, roupas de eventos específicos e sapatos. Pegue tudo o que tiver de cada subcategoria em todos os cômodos e espalhe pelo chão. Só assim, ela diz, você verá realmente o que tem. Siga esse método para todas as categorias. Com os papéis, seja rígida: só ficam os absolutamente imprescindíveis.

4. Mantenha só o que te traz alegria

Qual critério deve ser usado para selecionar o que fica e o que vai? O objetivo é se cercar apenas das coisas que importam. No método de Marie Kondo isso significa pegar cada um dos itens nas mãos e perguntar: “Esse objeto me traz alegria?” Assim, em vez de focar no que descartar, a proposta é escolher o que manter. Tocar cada peça faz diferença porque, segundo a autora, o corpo reage a cada uma delas. “Para nós, japoneses, tudo no mundo tem uma alma, seja a montanha, o arroz, seja a panela de arroz.” Pode até parecer um pouco esotérico, mas, no fundo, atende ao princípio básico do método: estar rodeada das coisas que ama para querer tomar conta delas. “Se gosta dos seus objetos, você provavelmente vai devolvê-los ao lugar de origem depois de usá-los. Assim, nunca haverá bagunça.” Por isso, diferentemente de outros autores, Marie não determina um número máximo de calças ou bolsas para ter no armário. Se você ama sapatos e vai conseguir cuidar bem de todos eles, tudo bem manter sua coleção. O que não pode é deixá-los esquecidos no fundo da sapateira.

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5. Envolva toda família

As dicas parecem mais fáceis de ser colocadas em prática quando se mora sozinha. Mas e as outras pessoas da casa? Um erro comum é descartar coisas do parceiro, dos filhos ou dos irmãos por eles. “Há um objeto ali que não lhe traz alegria, mas pertence ao seu marido? Não descarte! Você cuida das suas coisas apenas – e mantém a confiança do restante da família”, diz Marie. Segundo a guru, ao cuidar bem do seu pedaço, uma reação em cadeia acaba tomando conta do ambiente e contaminando os outros. A escritora Cristin Frank ensinou seus filhos desde cedo que brinquedos e roupas têm um lugar específico. “Se todos souberem como manter as coisas em ordem, fica mais fácil”, ela diz. “Ainda assim, de tempos em tempos fazemos uma arrumação nas áreas que podem ter voltado a cair na bagunça.” O escritor Peter Walsh sugere uma reunião familiar para definir que tipo de vida todos querem levar na casa. “Para reduzir o stress, é preciso estabelecer regras, como o nível razoável de acúmulo e de desorganização.”

6. Coloque as coisas no lugar

O fato de cada item ter seu espaço definido ajuda muito a diminuir os excessos e a confusão, até porque fica mais fácil visualizá-lo e guardá-lo de novo depois. “Você não precisará ficar pensando onde colocar cada coisa. Vai ser automático retornar a peça direto para o devido lugar. É eficiente”, diz Marie. A dica para quem costuma fazer estoque é armazenar cada categoria no mesmo local. Por exemplo, todos os xampus ficam juntos, em uma prateleira específica do banheiro que pode conter um determinado número de frascos. “Assim, você nunca vai comprar mais do que cabe naquele espaço.” Aliás, organização implica economia financeira também. “A falta de ordem sai cara. Por causa dela, você pode, por exemplo, comprar de novo algo que já tem porque não encontrou no meio da bagunça”, aponta Cristin Frank. Ou, ainda, ser obrigada a pagar multa por uma conta atrasada que sumiu na confusão. “Suas finanças vão melhorar”, aposta Peter Walsh.

7. Guarde de maneira eficiente

De que adianta esvaziar o armário, colocar cada objeto no seu quadrado se, no fim, perde espaço por armazená-los de maneira imprópria? Marie orienta: não adianta sair pendurando tudo em cabides – apenas os casacos mais pesados. O restante, inclusive os cardigãs mais fininhos, devem ser dobrados. Primeiro, porque vai aproveitar muito mais o espaço. Segundo, porque é uma espécie de exercício mental. “Enquanto manipulo minhas roupas, sinto quanto são preciosas para mim. Aí, fico com vontade de colocá-las no lugar adequado”, diz a guru. Para organizar as gavetas, transforme as peças em retângulos certinhos (uma camiseta deve ser dobrada normalmente: ajeite as mangas para dentro, depois dobre-a ao meio duas vezes para formar o retângulo) e guarde-as não empilhadas, mas enfileiradas, de forma que consiga visualizar todas elas. As meias também devem ser dobradas, jamais transformadas em bolas – que estragam os elásticos.

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