Ativista das causas de muitas minorias, Marielle Franco conhecia bem as dores e preconceitos de cada uma delas. Era mulher, negra, da favela. E lésbica. Seus últimos anos foram vividos ao lado da arquiteta Monica Tereza Benício, a quem considerava “minha companheira de vida e amor, a primeira mulher que beijei”.
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Em agosto último, na plenária que votou um projeto de lei de autoria da parlamentar pela instituição do Dia da Visibilidade Lésbica no Rio de Janeiro, ela fez um duro discurso sobre a responsabilidade da Câmara na defesa dos direitos LGBT. O projeto foi reprovado por 2 votos de diferença. E, de acordo com uma assessora técnica da Câmara que à época preferiu não se identificar, “nenhum outro projeto de celebração à vida LGBT chegou tão longe quanto esse”.
O tema foi lembrado ainda, naquele que é considerado o último pronunciamento público antes do crime que tirou sua vida. Ao finalizar sua fala, citou a escritora caribenha Audre Lorde, negra, feminista e lésbica como ela: “Eu não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira. Mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas. Por isso vamos juntas lutando contra toda forma de opressão”.
Monica, viúva de Marielle.
[Atualização em 19/03/2017: Monica deu entrevista ao Fantástico no domingo (18)]
Reclusa desde o assassinato da companheira, Monica, compreensivelmente, não quer conceder entrevistas ou declarações. Nos perfis de Marielle em redes sociais, estão as lembranças de um relacionamento feliz – as duas aparecem sorrindo e apaixonadas, em viagens, shows, entre amigos, com a filha adolescente da vereadora e também nas paradas LGBT.
Não faltam declarações da parlamentar, quase sempre finalizadas com a hashtag #NossasFamíliasExistem, em referência ao Estatuto da Família, que define a família como a união entre homem e mulher. Mônica por sua vez, correspondia com comentários como “entre tantas vidas, que sorte a nossa”. No último registro publicado, no dia 1 de março, as duas posavam sorridentes com o Complexo da Maré ao fundo, em comemoração ao aniversário do Rio de Janeiro.
Na noite de 14 de março, Marielle deixou, além de tantas lutas, da família e dos amigos, seu grande amor. Monica ficou viúva. E nós, de certa forma, também.
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