Em 2009, quando o artista plástico francês Pierre David se mudou para Salvador, ele ficou impressionado com a imensa variedade de tons de pele dos brasileiros. Resolveu fazer uma coletânea das cores que encontrou e elaborou uma cartela – como aquela que vemos quando vamos escolher uma cor para pintar a casa. O projeto, chamado Nuancier (amostras em francês), foi apresentado no Museu de Arte Moderna de Salvador e agora está na cidade natal do artista, Clermont-Ferrand, na França .
Mas ele não parou no catálogo. David percebeu que os 40 funcionários do museu tinham tons de pele diferentes. Ele fotografou as costas de cada um e fez uma paleta. Depois, mandou as cores para uma fábrica e pediu que fossem produzidas tintas naqueles tons. Cada cor foi aplicada a uma parede do museu. O artista completou a instalação com retratos dos funcionários. “O processo de produzir as cores fez todos os homens serem iguais, mas é perceptível que a chefia tem a pele branca e os jardineiros são negros”, contou ao site inglês The Guardian. “Apesar da miscigenação brasileira, a cor da pele ainda é um marcador social, que leva à discriminação”, explica. “Tudo remonta à escravidão. Esse trabalho parece polêmico – classificar homens pela cor e mandar produzi-las, como algo comercial – mas é uma denúncia que o racismo pode ser encontrado em qualquer lugar”, conclui.