Black Friday: assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Congresso derruba veto de Bolsonaro e garante distribuição de absorventes

Se for aprovado no Senado, país pode ter programa destinado à proteção e promoção da saúde menstrual, com distribuição gratuita de absorventes

Por Joana Oliveira
10 mar 2022, 21h15
absorventes
Menstrual tampons isolated on a bath towel (tommaso79/ThinkStock)
Continua após publicidade

O Brasil pode ter, pela primeira vez na história, um programa destinado à proteção e promoção da saúde menstrual, com distribuição gratuita de absorventes. Na noite desta quinta-feira, o Congresso Nacional derrubou o veto do presidente Jair Bolsonaro a alguns artigos da Lei de Dignidade Menstrual, que institui o programa de distribuição gratuita de absorventes para mais de 5,6 milhões de pessoas que menstruam em situação de vulnerabilidade em todo o Brasil. Agora, a pauta segue para discussão no Senado. “Foi uma luta árdua contra o machismo, a misoginia, a falta de respeito às mulheres. Mas conseguimos! A derrubada desse veto fez parte de uma grande articulação dentro do Congresso. Foi uma vitória das mulheres brasileiras, que terão mais dignidade a partir de agora. Nossa luta continua. Agora é cobrar a imediata regulamentação e o início efetivo do programa”, comemorou a deputada federal Marília Arraes (PT), autora da legislação.

A Lei 14.214/2021 propõe possibilitar o acesso a produtos de higiene menstrual para estudantes carentes da rede pública de ensino, detentas, adolescentes que cumprem medidas sócio educativas e mulheres em situação de rua, além de instituir o Programa Nacional de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual, responsável pela disseminação de informações sobre a saúde da mulher e dos corpos que menstruam. Em outubro de 2021, Bolsonaro vetou a distribuição de absorventes para essas populações, alegando falta de verba para esse fim o projeto prevê orçamento de 84 milhões de reaiso que levantou um grande debate público sobre a pobreza menstrual e suas consequências. Mais de quatro milhões de jovens não têm acesso a itens de higiene básica nas escolas brasileiras quando estão no período menstrual, apontam relatórios do Fundo de Populações nas Nações Unidas e da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). Um a cada quatro dessas meninas que menstruam faltam às aulas por não ter acesso a esses itens. 

No Dia da Mulher, 8 de março, celebrado na terça-feira, o presidente antecipou-se para evitar o constrangimento com a derrubada do seu veto no Congresso e assinou um decreto que destinará 130 milhões de reais para a distribuição de absorventes para a população mais vulnerável, incluindo o mesmo público contemplado pela medida proposta pela deputada federal petista. 

Escola e cárcere

Desde 2014, a Organização das Nações Unidas (ONU) considera o acesso à higiene menstrual um direito que precisa ser tratado como uma questão de saúde pública e de direitos humanos. Apesar disso, dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013, feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelaram que, das meninas entre 10 e 19 anos que deixaram de fazer alguma atividade por problemas de saúde nos 14 dias anteriores à data da pesquisa, 2,88% delas deixaram de fazê-la por problemas menstruais, um índice maior do que aquelas que não realizaram atividades por conta de uma gravidez (2,55%).

Nos presídios brasileiros, onde há mais de 37 mil mulheres encarceradas, de acordo com o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen), a pobreza menstrual leva as detentas a utilizarem até miolo de pão na falta de absorventes. Na maioria das unidades prisionais espalhadas pelo país, o kit de higiene distribuído é o mesmo para mulheres e homens, e e apenas algumas unidades disponibilizam absorventes para as internas. “Estar privada de liberdade em função do cumprimento de uma pena não significa ter que ser privada de dignidade”, concluiu Marília Arraes.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!

Receba mensalmente Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições
digitais e acervos nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.

a partir de 10,99/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.