Brumadinho: Animais sentiram antes o rompimento da barragem
Segundo especialista, os bichos tem os sentidos mais aguçados que os seres humanos
Os sobreviventes da tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais, relataram a veículos de imprensa que cachorros, vacas, galinhas e bois que viviam próximo a barragem do Córrego do Feijão apresentaram um comportamento estranho antes da avalanche de lama que deixou, até o momento, 150 mortos e 182 desaparecidos.
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Em entrevista ao Uol, o professor de zoologia e comportamento animal da Unesp, Carlos Alberts, explicou que uma das razões para a agitação dos bichos é o fato de que eles têm os sentidos mais aguçados que os seres humanos, sendo possível que ouviram sons emitidos antes da avalanche.
“A barragem não rompe de uma vez só. Ela tem movimentos anteriores ao rompimento completo. Esses movimentos geralmente emitem sons ou muito baixos ou infrassom, que é uma frequência abaixo do que o ouvido humano consegue ouvir”, explicou o especialista ao Uol.
De acordo com o professor, além do som causado pelo choque de moléculas dentro da barragem, os animais tambémpodem ter sentido o que estava para acontecer pelo tato das patas no chão, “muitos animais conseguem sentir a vibração da terra”, relatou.
Lieuzo Luiz dos Santos, um dos sobreviventes que estava acima da barragem disse, em entrevista à TV Globo, que não ouviu nenhum som antes do rompimento, só percebeu que o gado estava correndo pouco antes do chão começar a se abrir.
Os sentidos podem ter contribuído para que alguns animais conseguissem sobreviver. Há relatos de famílias que acharam seus cachorros após voltarem à região onde estavam. “Os animais não erram, eles percebem antes da gente. A gente precisa ver ou estar muito perto, ouvir um som alto. Eles podem estar à distância”, aponta o professor.
Segundo Alberts, a sensibilidade dos animais vem de anos de evolução e da seleção natural. “Eles estão geralmente em duas condições opostas: ou são presas ou são predadores. Em ambos os casos, a sobrevivência depende de eles descobrirem uns aos outros”, explica o especialista.