Juan Arias, colunista do jornal espanhol El País, defendeu que os bombeiros que atuam nas buscas de vítimas em Brumadinho recebam o prêmio Nobel da Paz. “Foram eles, anônimos, mal pagos, que não hesitaram em colocar as próprias vidas em perigo para salvar a de outros. Foram eles que nos ofereceram um pouco de oxigênio quando começávamos a desconfiar de tudo e de todos”, escreveu.
“Coração do continente”, como disse Arias, o Brasil nunca conquistou a premiação. Vizinhos, no entanto, têm histórico diferente. A Argentina foi congratulada cinco vezes com os prêmios, o México, três, Colômbia e Guatelamala, duas, e Venezuela e Peru, um Nobel cada.
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Ele destaca que a atuação dos bombeiros na tragédia anunciada pode colocar o Brasil no rol dos premiados. “Esses bombeiros fizeram de suas mãos, afundadas em toda a lama mortal, um instrumento de paz e de ilusão de poder encontrar vida”.
Aos anseios de parte da população que sugere que o prêmio seja entregue ao ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, o colunista diz que não seria um bom momento de conceder a congratulação a um político. Em vez disso, ressalta ele, os “bombeiros semearam a paz no momento em que o ceticismo já secava os corações”.
“Seria até simbólico que a Academia Sueca pensasse, ao conceder pela primeira vez seu prêmio ao Brasil, no Nobel da Paz. Milhões de brasileiros, de fato, se identificaram, sem diferenças políticas, em um movimento de solidariedade com os bombeiros salva-vidas que conseguiram criar um clima de alento em um contexto de polarização asfixiante. Os bombeiros conseguiram o milagre de unificar por um instante um país quase em guerra”, escreveu