Cuidar dos filhos passa a dar direito à aposentadoria na Argentina
Mulheres acima de 60 anos que não cumprem o tempo mínimo de contribuição serão contempladas pela medida
A Argentina anunciou que a Previdência Social será ampliada para cerca de 155 mil mulheres que dedicaram a vida ao cuidado materno e não possuem renda previdenciária. O Programa Integral de Reconhecimento de Tempo de Serviço por Tarefas Assistenciais permitirá que mulheres que deixaram o mercado de trabalho para cuidar dos filhos tenham aposentadoria digna.
A medida, que entrará em vigor a partir de 1º de agosto, inclui mulheres acima dos 60 anos que não cumprem os 30 anos de contribuição necessários para se aposentar. O projeto foi criado pela Administração Nacional de Seguridade Social (ANSES), órgão responsável por assegurar que políticas públicas sejam benéficas para a população.
“É uma bela política que temos desenvolvido para as mulheres argentinas que dedicam parte de seu tempo ao cuidado de seus filhos e que tem a ver com reparar a desigualdade. Mulheres e homens não têm as mesmas oportunidades. Além disso, esta medida destaca que, de fato, as mulheres trabalham mais e reconhece o valor do cuidado para o direito de acesso à aposentadoria”, afirmou Fernanda Raverta, a diretora executiva da (ANSES).
O governo argentino apontou que as dificuldades enfrentadas pelas mulheres fazem com que elas acumulem menos tempo de trabalho do que os homens, por isso a medida é importante. Segundo a ANSES, o programa foi criado para reparar a desigualdade estrutural causada pelo machismo enraizado.
As mulheres com carteira assinada que tiraram licença-maternidade também terão direito à medida. O período que elas ficaram afastadas poderá ser incluído no tempo de serviço.
O reconhecimento funcionará da seguinte forma: um ano para cada filho ou filha, dois anos para aqueles que foram adotados e para os filhos com deficiência e três anos caso tenha recebido o Abono Universal para Crianças (AUH) por pelo menos 12 meses.
Durante o anúncio do programa, o presidente argentino Alberto Fernández afirmou: “Para mim, uma sociedade que não pensa nos idosos é uma sociedade que perdeu a sua ética. Uma sociedade que não reconhece os que atingem a maturidade e não lhes dá a paz de espírito necessária para uma vida digna e pacífica não é uma sociedade ética. Uma sociedade ética é aquela que agradece sempre aos idosos pelo que fizeram e, nessa idade, dá-lhes o reconhecimento que merecem”, pontuou.