Dalai Lama sobre ataques em Paris: “não esperem ajuda de Deus”
"Foram os seres humanos que criaram esse problema, e agora estamos pedindo a Deus para resolvê-lo. É ilógico", afirmou o líder religioso
Na última sexta-feira (13), a cidade de Paris foi alvo de seis ataques terroristas simultâneos, registrados pouco antes das dez da noite. As informações divulgadas até agora falam em 129 mortos e mais de 350 feridos, 99 deles com gravidade.
Em entrevista à agência de notícias DW, o líder espiritual Dalai Lama comentou a violência global e os atentados. Seguido por milhares de devotos, Lama acredita no caminho do meio e na resolução de problemas pacificamente, sem extremismos.
Já sobre Paris, foi crítico e disse que combater esse tipo de extremismo é um dever de todos – e essa obrigação vai muito além das orações.
Leia na íntegra o que ele disse quando sua avaliação sobre os atentados foi questionada:
“O século 20 foi violento, mais de 200 milhões de pessoas morreram devido a guerras e outros conflitos. Vemos agora o sangue derramado no século passado transbordar para este. Se dermos mais ênfase à não violência e à harmonia, poderemos proclamar um recomeço. A menos que façamos sérios esforços para alcançar a paz, continuaremos a ver uma reprodução do caos que a humanidade vivenciou no século 20.
As pessoas querem levar uma vida pacífica. Mas os terroristas têm vista curta, e esta é uma das causas dos desenfreados atentados suicidas. Não podemos resolver esse problema apenas através de orações. Eu sou budista e acredito na oração. Mas foram os seres humanos que criaram esse problema, e agora estamos pedindo a Deus para resolvê-lo. É ilógico. Deus diria: resolvam-no sozinhos porque vocês mesmos o criaram.
Precisamos de uma abordagem sistemática para fomentar valores humanistas, que promovam unidade e harmonia. Se começarmos agora, há esperança de que este século possa ser diferente do anterior. É do interesse de todos. Por isso, vamos trabalhar pela paz em nossas famílias e na sociedade, em vez de esperar pela ajuda de Deus, de Buda ou de governos.”