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Denúncia de estupro é alvo de ‘piadas’ em hospital do litoral de SP

O suspeito foi preso após cinco profissionais da saúde o denunciarem. Caso aconteceu na cidade de Peruíbe no litoral

Por Da Redação
8 dez 2021, 18h02
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  • Em um hospital de Peruíbe, litoral de São Paulo, três profissionais da saúde foram desacreditadas e julgadas por alguns colegas de trabalho após denunciarem um técnico de enfermagem por importunação sexual e estupro de vulnerável. 

    De acordo com seus relatos, o suspeito, que foi preso após uma série de denúncias, agiu de forma semelhante com todas: as tocava enquanto dormiam no momento de descanso. O g1 apurou que os crimes aconteciam desde 2018, em locais usados para o descanso dos profissionais da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Peruíbe.

    O homem usava dos momentos em que as colegas de trabalho dormiam para passar a mão em suas partes íntimas, como seios, nádegas e genitais. Até agora, pelo menos cinco vítimas se manifestaram sobre o caso.

    As investigações indicam ainda que o técnico teria encostado seu órgão genital nas mãos de uma paciente de 55 anos durante um atendimento médico. A Polícia Civil ainda não conseguiu localizar a vítima.

    A polícia descobriu também que o suspeito é investigado por abusar de uma adolescente em 2018, quando a jovem tinha apenas 14 anos. A vítima seria a filha de uma ex-namorada do homem na época.

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    violencia
    (Palmiro Domingues/Getty Images)

    Três técnicas de enfermagem que foram vítimas do abusador relataram em entrevista à TV Tribuna como tudo ocorreu e como foi difícil denunciar o homem. A autora da denúncia feita à Polícia Civil que resultou na prisão do profissional, relata que foi acordada pelo menos duas vezes sendo tocada pelo homem.

    Ao g1, ela contou que o técnico de enfermagem estava alisando seu corpo na primeira vez e que, assim que percebeu o advertiu. Ele alegou que estava brincando, mas a situação se repetiu meses depois.

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    “Agora, há pouco tempo, aconteceu um fato que eu vi, presenciei, ele passando a mão em outra colega de trabalho que dormia. Aí, eu vi que não pararia por ali, e imaginei que, da mesma forma que aconteceu comigo, com elas [colegas de trabalho], poderia acontecer com outras pessoas, até mesmo com pacientes”, disse.

    A mulher disse que ela e outras vítimas denunciaram aos responsáveis do setor da UPA em outubro, mas ele continuou trabalhando na unidade enquanto acontecia a apuração interna da Secretaria de Saúde. Depois disso, outras vítimas que, inicialmente, queriam resolver a situação administrativamente, se juntaram para registrar um boletim de ocorrência na Delegacia de Defesa da Mulher de Peruíbe, onde o suspeito passou a ser investigado.

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    (Palmiro Domingues/Getty Images)
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    Ainda assim, mesmo após o relato de cinco vítimas contra o homem, elas ainda foram desacreditadas e julgadas. “Estão me tratando hoje de forma diferente do que me tratavam antes, como se eu fosse culpada, como se eu tivesse cometido um crime”, lamentou.

    “Eu tinha ido para o meu horário de descanso, já estava dormindo. Lá são beliches, e eu estava virada para a parede. Já estava em sono profundo, e acordei com alguma coisa na direção do meu seio, por baixo das minhas roupas, mexendo”, contou uma segunda vítima, ouvida pela TV Tribuna.

    A mulher chegou a comentar sobre o ocorrido com colegas, que disseram que ela não tinha provas suficientes para denunciar.  “Eu comentei com uma colega, cheguei até depois a comentar com alguma enfermeira dali, só que o que me falaram foi o seguinte: ‘como é que você vai denunciar uma pessoa dessas, se você não tem uma prova? Você teria que ter uma prova para você poder falar, porque senão ele vai usar isso contra você, e acabar você sendo a vilã, e ele a vítima'”, disse.

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    Outros colegas ainda fizeram piada quando souberam do ocorrido. “A notícia correu do acontecido, e as pessoas até tiravam sarro, brincavam, zoavam com o ocorrido. Isso me incomodava, mas, para as pessoas, era algo engraçado”, lembra.

    Outra vítima que passou pela mesma situação diz que tinha muito medo de denunciar e que também está sendo julgada pelo que aconteceu. “Não está sendo fácil entrar na unidade, ver os olhares, ver a cobrança das pessoas. De pessoas que não sabem exatamente o que aconteceu e tomam um partido. Não está sendo fácil”, disse.

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