Roubo de perfis nas redes sociais, golpes financeiros, armadilhas digitais… Os riscos e crimes cibernéticos têm aumentado no Brasil e, no ano passado, o país foi o quinto no ranking global onde mais se registraram ataques desse tipo: só no primeiro trimestre foram 9,1 milhões de ocorrências, mais do que todo o ano de 2020, de acordo com a consultoria alemã Roland Berger. “Grande parte da prevenção pode ser feita pelo usuário, com a proteção de suas informações. A primeira dica é desconfiar mesmo quando o texto e o contexto parecem coincidir”, diz Camilla Jimene, advogada especializada em Direito Digital. Ela dá um exemplo: se você curte a foto de uma pousada no Instagram, e, de repente, sem nenhuma outra interação prévia, alguém te manda mensagem oferecendo um pacote de estadia naquele local, há grande probabilidade de tratar-se de um golpe.
Para as mulheres, essas ameaças são ainda maiores, incluindo o vazamento de fotos e vídeos íntimos, na prática conhecida como revenge porn. No Dia da Internet Segura, celebrado nesta quarta-feira (9), conversamos com especialistas em segurança online para dar dicas de como proteger seus dados nas redes e evitar os perigos mais comuns no ambiente digital. Confira:
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Use o duplo fator de autenticação
“É importante aprender a configurar o duplo fator de autenticação em todos os aplicativos e contas que disponham dessa possibilidade”, recomenda Camilla Jimene. Essa autenticação é uma camada extra de segurança na conta para confirmar a identidade da usuária: quando se ativa o recurso, depois de inserir login e senha, é preciso fornecer uma segunda informação para ter acesso à conta. Esse segundo fator pode ser desde um código de SMS, PIN, uma segunda senha, perguntas secretas, dispositivos físicos (como drives USB) até dados de biometria, como reconhecimento facial ou leitor de impressão digital.
“Na questão dos roubos de perfis, a autenticação de duas etapas é importante, mas o que tenho mapeado é que os golpes vão além disso e seria interessante as empresas e organizações criarem meios de identificar a veracidade dos links antes deles chegarem aos usuários”, ressalta Nina da Hora. Segundo ela, tem crescido o número de perfis roubados nas redes sociais através de links maliciosos, geralmente relacionados a grupos específicos. “É necessário conferir, sem clicar no link, de onde ele está vindo. Nos sites oficiais das empresas estão seus e-mails oficiais. Compare!”, recomenda.
Conheça os termos de uso das plataformas
Por mais longos e tediosos que pareçam, as especialistas em segurança digital enfatizam a importância de ler os termos de uso das plataformas utilizadas. “É fundamental para entender o que é feito com seus dados pessoais”, diz Camilla. “É importante para compreender se os seus direitos fundamentais estão sendo respeitados”, acrescenta Nina, que, especialmente para crianças e adolescentes, indica a leitura deste guia de Internet Segura.
Proteja suas senhas
Nada de compartilhar senhas com terceiros ou salvá-las no bloco de notas do celular. É preciso armazená-las em lugares seguros, como aplicativos criptografados específicos para guardar informações de login de forma segura. Nos sistemas iOS e Android é possível encontrar várias opções gratuitas e pagas, como o Bitwarden e outros. “E, para além de usar senhas seguras, que misturem palavras, números e símbolos especiais, jamais repita senhas”, lembra Nina.
Use ferramentas de criptografia
Camilla lamenta que, cada vez mais, chegam casos de mulheres vítimas de vazamentos íntimos em seu escritório. Ela explica que, embora sejam considerados seguros, os aplicativos de armazenamento em nuvens podem sofrer ataques, então nada de guardar suas nudes neles. “O ideal é usar ferramentas de criptografia para proteger fotos e vídeos sensíveis. Assim, mesmo que eles caiam em mãos de terceiros, ninguém conseguirá abri-los”, explica a advogada. Outra dica é apagar essas imagens do celular e do serviço de nuvem após servem enviados e recebidos, para evitar a captura desses conteúdos por criminosos.
Para terminar, Nina lembra: “Internet segura não é um papel somente dos usuários. Organizações governamentais e privadas precisam oferecer segurança aos dados, compartilhamentos e a identidade digital criada de cada usuária que foi criada ao longo dos anos. É importante pressionarmos para que isso aconteça.”