Em 2014, a ativista Dylan Farrow, 32 anos, escreveu uma carta no jornal The New York Times onde denunciava o pai, Woody Allen, por abusar sexualmente dela quando ela tinha sete anos de idade. Apesar da grande repercussão do caso, o diretor –que negou tudo– continuou sendo prestigiado no mercado cinematográfico, lançando filmes com grandes estrelas e sucesso de bilheteria.
Agora, quase quatro anos depois, com a força das denúncias de abusos em Hollywood, Dylan volta a falar sobre o caso. “Por que não deveria me sentir ultrajada depois de tantos anos sendo ignorada?”, diz em entrevista à rede CBS.
A conversa ainda não foi transmitida na televisão norte-americana, mas alguns trechos foram exibidos na edição desta quarta-feira (17) do noticiário This Morning. “Tudo que posso fazer é dizer a verdade. Porque eu não deveria querer acabar com ele?”, defende a ativista.
“Estou dizendo a verdade e acho que é importante que as pessoas percebam que uma vítima de um acusador importa e é suficiente para mudar as coisas”, disse em trecho divulgado no Facebook do programa jornalístico. A entrevista completa vai ao ar na quinta-feira (18).
Em dezembro do ano passado, Dylan escreveu um artigo no jornal The Los Angeles Times em que pergunta o motivo de Woody ter sido “poupado” em uma “revolução seletiva” contra assédio sexual na indústria do entretenimento. Desde de que as acusações contra o produtor Harvey Weinstein ganharam força, Dylan vem questionando, pelo Twitter, os atores que trabalharam com seu pai.
A atriz Greta Gerwig se pronunciou publicamente sobre ter se arrependido de trabalhar com o diretor antes das denúncias de Dylan, no filme Para Roma com Amor, de 2012. “É algo que eu levo muito a sério e tenho pensado profundamente sobre. Levei tempo para reunir meus pensamentos e dizer o que eu quero dizer. Eu só posso falar por mim e o que eu percebi é: se eu soubesse, então, o que eu sei agora, não teria atuado no filme. Eu não trabalhei para ele novamente, e não vou trabalhar para ele de novo”, afirmou.
Mira Sorvino, que levou o Oscar em 1995 por Poderosa Afrodite, de Woody, também disse que nunca trabalhará com ele novamente. “Pessoalmente, nunca vivi aquilo que agora é descrito como um comportamento inapropriado em relação a mulheres jovens. Mas isso não é desculpa para o fato de eu ter ignorado a sua história porque queria desesperadamente que não fosse verdade”, escreveu em carta aberta.
Atores de filmes mais recentes também se posicionaram. Rebecca Hall, de A Rainy Day in New York, que ainda não estreou, pediu desculpas por ter trabalhado com Woody. Timothée Chalamet, do mesmo filme, anunciou que doará o cachê de sua participação no longa. “Até esse momento, eu tenho escolhido projetos da perspectiva de um jovem ator tentando seguir o legado de grandes artistas que admiro. Mas estou aprendendo que um bom papel não deve ser o único critério para aceitar um trabalho”, escreveu o ator. Ellen Page, Mira Sorvino, David Krumholz