Entenda a história do jovem que escreveu 14 livros e desapareceu
No Acre, Bruno Borges saiu de casa há duas semanas e não voltou mais. Em seu quarto, ficaram escritos criptografados e pinturas misteriosas
Um curioso caso está mexendo com a internet desde a última segunda-feira (5). O estudante de psicologia Bruno Borges, 24, saiu de casa há duas semanas, no dia 27 de março e não voltou mais. Entretanto, antes do desaparecimento, ele deixou as paredes de seu quarto preenchidas por textos codificados.
No quarto, que havia sido mantido trancado por 24 dias enquanto seus pais viajavam, estava uma estátua do filósofo Giordano Bruno (1548-1600) e 14 livros criptografados escritos à mão. Alguns trechos dos livros chegaram a ser copiados no teto e chão do quarto.
O desaparecimento de Bruno só foi percebido quando seu pai, o empresário Athos Borges, entrou em seu quarto e viu as mudanças que haviam sido feitas no local. “Eu entrei lá e não vi a cama, não vi nada, só vi aquilo tudo. Naquele momento eu vi que o Bruno tinha ido embora”, conta o empresário ao portal de notícias G1 .
Enquanto a família viajava, Bruno ficou em casa com o irmão gêmeo Rodrigo Borges, que não quis comentar o caso, e Gabriela Borges, irmã mais velha.
Gabriela disse, também ao portal G1, que estranhava o fato do irmão manter o quarto sempre trancado. “As pessoas têm que entender que não se tratava de uma criança, ele é um adulto e tem a privacidade dele, me incomodava, mas eu não podia arrombar a porta”, desabafou.
No quarto, os escritos foram feitos de forma impecável, com precisão e simetria, como em uma página de caderno. Vários símbolos também estão desenhados no cômodo e ao redor da estátua.
Segundo a irmã, Bruno chegou a deixar uma chave que relaciona letras aos símbolos e, com base nisso, os irmãos conseguiram traduzir algumas coisas. “O título de um dos livros é ‘A teoria da absorção do conhecimento'”, contou.
Segundo a mãe de Bruno, Denise, ele já havia mencionado à família que estava envolvido em um projeto, mas se recusava a dar mais detalhes.
“Ele dizia que era secreto e não dei o dinheiro. Então, ele começou a procurar pessoas que acreditassem nele sem contar o que era o projeto. Ele só me falava que estava escrevendo 14 livros que iriam mudar a humanidade de uma forma boa. Ele me pediu um ano sem trabalhar para terminar e eu, orientada por um médico, deixei”, fala.
Passados sete dias do desaparecimento e o desespero inicial, Denise afirma que começa a entender as atitudes do filho, que não tem problemas psicológicos. Diante do tamanho do esforço de Bruno, a mãe revela emocionada que, talvez, tivesse recorrido a medidas drásticas se visse os escritos de outra forma.
“Se ele abrisse a porta do quarto e nos chamasse para ver, eu iria chorar até ‘morrer’, chamar a ambulância e mandar internar. Ele sabia o que nós faríamos. Talvez tenha ido embora para que chegássemos a esse esclarecimento. Talvez tenha tentado patentear, não tenha conseguido, e criou uma linguagem própria ou talvez a obra tenha sido feita para ser lida por quem tem uma inteligência além”, especula.
Decifrando o mistério
Os livros escritos por Bruno estão em posse da Polícia do Civil do Acre, que também está investigando o caso. De acordo com o coordenador da Delegacia de Investigação Criminal (DIC), o delegado Fabrizzio Sobreira, todas as possibilidades estão sendo consideradas, porém o caso segue em sigilo.
Apesar disso, uma página dos 14 livros criptografados foi fotografada e postada na internet e, segundo o portal Tecmundo, ela já foi traduzida. Como os livros estão com a Polícia Civil do Acre, apenas essa página foi traduzida.
Leia aqui a tradução completa.