Um evento chamado “Adoção na Passarela“, que aconteceu na terça (21) no Pantanal Shopping, em Mato Grosso, tem ganhado repercussão na internet.
Realizada pela Comissão de Infância e Juventude (CIJ) da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) – e a Associação Mato-grossense de Pesquisa e Apoio à Adoção (Ampara), a ação pretendia “dar visibilidade a crianças e adolescente de 4 a 17 anos que estão aptas para adoção”.
Entretanto, a ideia foi amplamente criticada na Internet – muitos alegaram que o desfile expõe as crianças como “mercadoria”.
Para Tatiane de Barros Ramalho, presidente da CIJ, o desfile é benéfico:
“Será uma noite para os pretendentes – pessoas que estão aptas a adotar – poderem conhecer as crianças, a população em geral poderá ter mais informações sobre adoção e as crianças em si terão um dia diferenciado em que elas irão se produzir, cabelo, roupa e maquiagem para o desfile”, explicou.
Ainda segundo ela, na edição anterior, realizada no ano passado, dois adolescentes, de 14 e 15 anos, foram adotados. “Esperamos novamente dar visibilidade a essas crianças e adolescentes que estão aptas a adoção. E como sempre dizemos: o que os olhos veem o coração sente.”
Repercussão negativa
Na internet, o evento foi considerado como uma ideia equivocada e recebeu diversas críticas. Guilherme Boulos, ex-candidato à presidência da República pelo PSOL, se posicionou no Twitter e considerou o desfile uma “perversidade inacreditável”.
A "passarela da adoção", em Cuiabá, expondo crianças de 4 a 17 anos para a escolha dos pretendentes pais é de uma perversidade inacreditável. Os efeitos psicológicos da exposição, expectativa e frustração dessas crianças pode ser devastador, ainda que a intenção tenha sido outra.
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) May 22, 2019
Outros usuários da rede social também se posicionaram contra a “Adoção na Passarela”. Muitos criticam a exposição das crianças e cobram providências por parte do Ministério Público e do Conselho Tutelar.
https://twitter.com/priscilavanti/status/1131179093708480520
https://twitter.com/Lih_meira/status/1131202943120752640
https://twitter.com/diogojga/status/1131201025229099010
O que diz o outro lado
A assessoria de imprensa diz que na primeira edição o evento foi bem recebido e só neste ano recebeu críticas. Afirma também que a ação foi aprovada pelos órgãos competentes e que a adoção de dois adolescentes comprovam o sucesso do evento.
Em entrevista à CLAUDIA, Tatiane de Barros Ramalho, presidente da CIJ, e Lindacir Rocha, da Ampara, rebateram as acusações. Leia aqui.
O Pantanal Shopping divulgou nota em que repudia a objetificação de crianças e adolescentes. Leia o comunicado na íntegra:
“O Pantanal Shopping informa que repudia a objetificação de crianças e adolescentes e esclarece que o único intuito em receber a ação foi contribuir com a promoção e conscientização sobre adoção e os direitos da criança e adolescente com palestras e seminários conduzidos por órgãos competentes que possuem legitimidade no assunto. O shopping afirma que a ação foi promovida pela Associação Mato Grossense de Pesquisa e Apoio à Adoção (Ampara) em parceria com Comissão de Infância e Juventude (CIJ) da OAB-MT e reitera que o evento contou ainda com o apoio do Ministério Público do Estado do Mato Grosso, Poder Judiciário do Estado do MT, Governo Estadual do MT, Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania, Sindicato dos Oficiais de Justiça, Associação Nacional do Grupo de Apoio à Adoção e Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, além do Tribunal de Justiça do Mato Grosso.”
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