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Expressão usada em vídeo machista vira gíria ofensiva entre russos

Através de grupos e páginas, russos extremistas ofendem e criticam mulheres vítimas de assédio no país e usam termo em português para isso

Por Anna Laura Moura Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 jun 2018, 13h35 - Publicado em 27 jun 2018, 13h27
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  • A expressão machista que uma torcedora russa foi obrigada a repetir por um grupo de brasileiros em vídeo gravado durante a Copa Do Mundo, foi alvo de grandes discussões nas redes sociais. A grande repercussão fez com que o termo se tornasse nome da página de extremistas russos na rede social VK – uma espécie de Facebook criado no país –, bem como o de grupos de mensagens com o mesmo público.

    O grupo de extremistas adotou a expressão justamente com o intuito de diminuir as mulheres russas. Eles criticam o comportamento das que aparecem não só no vídeo que viralizou, mas também em outras gravações de assédios feitos por estrangeiros que visitam o país para a Copa. Na página, eles as culpam por fazer parte do vídeo e afirmam que o comportamento delas ofende a masculinidade dos patriotas.

    A mulher russa que aparece no vídeo dos torcedores brasileiros foi um dos alvos de duras ofensas em seus perfis pessoais nas redes. Em uma ofensiva coordenada, com dezenas de comentários simultâneos, a chamaram de “vergonha para o país” e “Natashka”, uma expressão usada por turcos para se referir a prostitutas de origem eslava. Com isso, a vítima deletou os perfis.

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    (BBC/Reprodução)

    Teor racista

    A página se autointitula um conteúdo de humor e sem ofensas. Mas, além do forte machismo presente nos posts, há também racismo. “É importante entender que os resultados de tudo isso serão, em primeiro lugar, pragas”, diz um internauta. “Os negros trouxeram tuberculose na Olimpíada de 1980, vindo com documentos falsos sem exames médicos ou vacinas.”

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    Além disso, em outras postagens, brasileiros e outros latino-americanos são chamados de “macacos” e “sujos”. Além da torcedora russa do vídeo, outras mulheres que aparecem dançando ou beijando torcedores brasileiros, argentinos e peruanos em vídeos que circulam na rede são expostas nos grupos e páginas associadas à hashtag “b****ta rosa”.

    Ao menos 15 vídeos são publicados por dia. “Vocês não são mulheres. São apenas orifícios”, diz uma das publicações.

    Reações das mulheres

    As ofensas à russa filmada pelo grupo de brasileiros também geraram declarações de repúdio e solidariedade entre mulheres na rede social.

    É o exemplo da ativista Alena Popova, que criou uma petição exigindo punição aos brasileiros que expuseram a russa no vídeo, e também aos membros dos grupos machistas. A petição já acumula mais se 60 mil assinaturas e foi traduzida para o português.

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    “Infelizmente, por causa do comportamento obsceno de muitas mulheres durante o mundial, ela agora precisa do apoio de seus compatriotas. Mas, ao contrário, está sendo perseguida por vários robôs. Este tipo de ação mostra claramente como nossa sociedade está desunida”, disse uma internauta.

    Em entrevista à BBC News Brasil, o diretor do Centro de Informações da Organização das Nações Unidas para o Brasil, Maurizio Giuliano, disse que os vídeos expõem um “sexismo cotidiano”. “É fundamental que nos lembremos que este caso é um de uma série de agressões que acontecem todos os dias, em todos os lugares. E isso precisa de um basta”, disse.

    Segundo o diretor da ONU, a exposição da mulher retratada no vídeo representa uma violência para todas as mulheres e a indignação que o caso despertou precisa ser posta em prática. “Diferentemente do que muitos pensam, a violência sexual não é apenas física, mas também pode ser psicológica”, afirmou.

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