Incêndios na Amazônia registram pior mês de junho em 15 anos
Historicamente, o mês registra aumento de queimadas, devido à temporada seca, iniciada em maio: foram 11% a mais de focos de fogo do que no mês anterior
Com 2.562 focos de incêndio registrados ao longo do mês, as queimadas na Amazônia atingiram um novo recorde histórico em junho, de acordo com os dados do Programa Queimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Esse é o pior número de incêndios no bioma em 15 anos: em 2007, foram contabilizados 3.519 focos de queimada e, desde então, os números ficaram abaixo de 2.000 focos em cada junho, até 2019.
Historicamente, o mês registra aumento de queimadas, devido à temporada seca, iniciada em maio: foram 11% a mais de focos de fogo do que no mês anterior.
Desde 2019, primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, todos os meses de junho apresentaram aumento de incêndio na Amazônia: foram 1.880 focos naquele primeiro ano da administração do presidente; 2.248 focos em 2020 e, em 2021, o número chegou a 2.305. O próprio Bolsonaro proibiu por decreto, no último dia 23, o uso de fogo em todo o país pelos próximos 120 dias, suspendendo, inclusive, as autorizações de uso de queimadas em práticas agrícolas.
Vale lembrar que os incêndios também são usados para ocupação ilegal de terras e abertura de terrenos desmatados para a grilagem. É por isso que os dados do INPE e de outras instituições de monitoramento mostram que os registros de incêndio acompanham os alertas de desmatamento, que também cresceram. Em maio, o desmatamento na Amazônia foi de 1.476 km², o que representa 44% do acumulado do ano, com uma devastação 31% superior ao do mesmo período do ano passado. Esse também é o pior dado dos últimos 15 anos, de acordo com o Imazon.
Infelizmente, o panorama se repete em outros biomas brasileiros, como o cerrado e o pantanal. O primeiro também registrou recorde de queimadas no último mês, com 4.239 focos de incêndio (número mais alto desde 2010, quando houve 6.443 focos). O cerrado também teve o pior junho desde o início do Governo Bolsonaro, com 58 focos a mais do que no mesmo período do ano passado.
Já o pantanal registrou aumento de 17% das queimadas no mês em relação a junho de 2021, com o número de focos de chamas passando de 85 para 115.