O caso da cadela Manchinha, que morreu após ter sido agredida em uma unidade do Carrefour, teve grande repercussão nas redes sociais. Um segurança do supermercado é o principal suspeito pelos maus-tratos – ele foi afastado preventivamente durante as investigações. Na tarde da última quarta-feira (5), o Ministério Público de São Paulo instaurou um inquérito civil para apurar a ocorrência.
Abandonado, o animal costumava ficar na porta do supermercado e era alimentado por funcionários. A agressão teria ocorrido no dia 28 de novembro. Imagens da câmera de segurança do estabelecimento mostram um segurança correndo atrás de Manchinha com uma barra de ferro. O Departamento de Fauna e Bem Estar Animal foi chamado para resgatar a cadela, que já estava ferida.
O Carrefour disse que a cadela teria desmaiado “em razão do uso de um ‘enforcador’”, equipamento usado para contenção. A prefeitura, no entanto, afirma que o uso é padrão e guiado por normas de segurança, tanto para o profissional, quanto para o animal. A barra de alumínio usada pelo segurança nas imagens foi apreendida para perícia.
Levada para o atendimento emergencial, Manchinha apresentava pressão baixa, vômito com sangue e escoriações. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu. Como não havia denúncia de agressão até então, a administração municipal cremou o corpo.
De acordo com ativistas, Machinha foi envenenada e espancada pelo segurança. O inquérito foi instaurado pelo promotor Marco Antônio de Souza. O MP diz que o procedimento foi aberto após o recebimento de diversas representações e ampla divulgação do caso. O texto ainda afirma que, segundo a lei, é dever do Estado proteger os animais.
Apuração e proposta de penas mais severas
Testemunhas confirmaram a violência contra Manchinha, mas para ter validade, as falas precisam ser prestadas formalmente. A Polícia Civil de Osasco disse que já ouviu gerentes do supermercado e que irá buscar por testemunhas e imagens das câmeras de segurança. Como Manchinha foi cremada, é mais difícil validar a causa precisa da morte.
“O momento exato da pancada ainda não temos em imagem, mas estamos buscando essas imagens porque acreditamos que vão aparecer”, diz a delegada Sílvia Fagundes.
O caso fez com que o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apresentasse um projeto, na última quarta (5), que eleva a punição para crimes de maus-tratos contra animais. De acordo com a proposta, as punições variariam de 1 a 3 anos de detenção. Hoje, a lei prevê prisão de 3 meses a 1 ano, além de multa.
Personalidades como Tatá Werneck, Marcelo Serrado e Letícia Spiller manifestaram indignação com o ocorrido. A repercussão respingou até no reality show Masterchef, patrocinado pelo supermercado. Nas redes sociais, internautas pedem ao programa que pare de vincular a imagem ao Carrefour.
Na terça (4), o Carrefour lançou uma nota oficial em que “reconhece que um grave problema ocorreu” e anunciou que o funcionário foi afastado. O texto diz também que a empresa não irá se eximir de sua responsabilidade e que está recebendo sugestões de ONG’s para criar uma nova política de proteção e defesa animal.
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