Jean Wyllys, eleito deputado federal pela terceira vez, desistiu do mandato por medo de ser morto. Assumidamente homossexual, o político ligado ao PSOL vive sob escolta policial desde o assassinato de Marielle Franco, em março de 2018.
Agora, com as intensificações das ameaças, ele irá deixar a vida pública. “O [ex-presidente do Uruguai] Pepe Mujica, quando soube que eu estava ameaçado de morte, falou para mim: ‘Rapaz, se cuide. Os mártires não são heróis’. E é isso: eu não quero me sacrificar”, disse em entrevista à Folha de S. Paulo.
De acordo com a entrevista, pesaram na decisão do deputado as recentes informações de ligações de um suspeito de chefiar uma milícia no Rio com o senador eleito Flávio Bolsonaro.
“Me apavora saber que o filho do presidente contratou no seu gabinete a esposa e a mãe do sicário”, afirma Wyllys. “O presidente que sempre me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta, que sempre utilizou de homofobia contra mim. Esse ambiente não é seguro para mim”, afirmou na entrevista.
Alvo de grupos conservadores, Jean Wyllys é constantemente difamado por fake news. Nos últimos anos, ele venceu pelo menos cinco processos por injúria, calúnia e difamação.
“Como é que eu vou viver quatro anos da minha vida dentro de um carro blindado e sob escolta? Quatro anos da minha vida não podendo frequentar os lugares que eu frequento?”, questiona.