Uma pesquisa realizada na Faculdade de Direito da Georgetown University, nos Estados Unidos, identificou que as meninas negras entre 5 e 14 anos são vistas como “menos inocentes e mais maduras” do que garotas brancas da mesma faixa etária.
Foram analisadas as respostas de 325 participantes de diferentes raças, classes sociais e níveis educacionais. A partir de questionamento que mencionavam impressões e ideias, como “o quanto as crianças devem ser reconfortadas”, “receber apoio”, entre outras, chegou-se a conclusão de que esta parcela de crianças e adolescentes está mais exposta ao julgamento preconceituoso e todas as suas consequências.
Para as autoras do estudo, Rebecca Epstein, Jamilia J. Blake e Thalia Gonzalez, tal visão estigmatizada interfere na maneira como essas garotas vivem e são tratadas na infância. Segundo elas, o estereótipo contribui para acelerar o processo de sexualização e de “adultização” das meninas negras.
“Já nos primeiros anos, a escola pode considerar que elas precisam de menos proteção e menos estímulo do que as garotas brancas”, exemplifica Rebeca. Neste ambiente, estima-se que elas tenham uma chance cinco vezes maior de receber punições como advertências e suspensões. Valores que continuam a se estender até a vida adulta — neste segundo momento, aplicado à Justiça.
A conclusão do estudo identifica ainda a vulnerabilidade desta parcela diante da violência de gênero, pois, devido aos retratos do racismo evidenciados acima, as jovens são mais culpabilizadas por agressões físicas e estupros sofridos.