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Agredida na Cracolândia, mulher negra e trans diz que policial sentiu raiva “por não ser leiga”

Laurah Cruz é artista e trabalha no coletivo Tem Sentimento, que oferece curso e emprego a mulheres em situação de vulnerabilidade no centro de São Paulo

Por Ana Carolina Pinheiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 out 2021, 21h14 - Publicado em 6 out 2021, 21h07

Por cinco anos, a frieza da rua era a única companhia da paulistana Laurah Cruz, 33 anos, mulher trans e negra. A saída da situação de vulnerabilidade social aconteceu por meio do seu encontro com a arte e o ativismo. “O conhecimento é a única coisa que nunca vão me tirar”, diz a artista, que desenvolve sua profissão em oficinas de teatro do Coletivo Tem Sentimento.

Com a ajuda do projeto, no qual mulheres em situação de vulnerabilidade aprendem e trabalham com corte e costura, Laurah também consegue pagar o seu aluguel, fazer terapia e dar passos importantes para a sua segurança social.

Não sabemos até quando o projeto ficará com as portas abertas por conta da falta de doação

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No entanto, nem sempre o caminho está livre para esta mudança de vida visada por Laurah. Em uma tarde de trabalho no coletivo – mantido apenas com doações, que podem ser feitas por meio deste site –, a atriz foi vítima de violência policial no dia 30 de setembro.

Veja também: Demissão na pandemia e brigas de família levam mulheres e crianças às ruas

Na hora da abordagem, a vítima carregava uma sacola de doações. Quando o guarda pediu para tirar tudo o que estava dentro, “eu virei no chão e ele [um guarda] pisou em cima, começou a debater comigo, falando que eu devia aceitar o jeito como ele veio me abordar, de forma agressiva”, comenta Laurah, que também teve sua saia levantada, gerando a exposição de suas partes íntimas na “revista”.

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Não basta ter direitos, é preciso preservá-los

“Me pediram para ficar quieta, queriam tirar o meu direito de falar. O que impulsionou a ira dele foi ver que não sou uma pessoa leiga. Entendo que eles exercem um trabalho em uma região de risco, mas sou uma cidadã e mereço respeito”, afirma ela.

Veja também: Gêmeas trans fazem cirurgia de readequação de sexo em SC

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Para o G1, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Guarda Civil Metropolitana, divulgou que o guarda foi afastado das atividades operacionais e o caso será apurado.

Hostilidade nas ruas

Laurah tem um lar para se abrigar e viver, mas isso não a protegeu de uma perseguição sistematizada que assola as pessoas em situação de rua, principalmente no bairro da artista. “Aqui não é a só o tráfico de crack, há cultura no teatro de contêiner, no SESC, na Pinacoteca”, frisa sobre a efervescência artística da região.

Segundo um levantamento do Ministério da Saúde divulgado em 2019, São Paulo foi a cidade com mais moradores em situação de rua violentados entre 2015 e 2017.

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Eu não vim para ser mais uma, quero para ser a diferença não só pra mim, mas pelas que se calaram por muitos anos

 

As mulheres negras de 15 a 24 anos são as mais expostas, assim como as pessoas trans. O dossiê de 2020 da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) aponta que o Brasil teve um aumento de 90% no número de casos de assassinatos motivados por transfobia em relação ao ano de 2019.

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Na próxima semana, Laurah irá depor na Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga a violência contra pessoas trans e travestis em São Paulo.

A CPI da Transfobia, presidida pela vereadora Erika Hilton, foi protocolada depois da morte de Lorena Muniz, mulher trans que morreu dentro de uma clínica de procedimento estético. A vítima foi abandonada em um incêndio no local no início do ano, tornando-se mais um símbolo na luta pela proteção dos direitos dessa população.

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