Papa emérito Bento XVI morre aos 95 anos
O Pontífice emérito estava com a saúde debilitada nos últimos anos. Velório será na segunda-feira, dia 2 de janeiro
O Papa emérito Bento XVI faleceu na manhã desta segunda-feira, aos 95 anos. “É com pesar que informo que o Papa Emérito Bento XVI faleceu hoje às 9h34 no Mosteiro Mater Ecclesiae no Vaticano. Mais informações serão fornecidas o mais breve possível”, informou o perfil de notícias do Vaticano no Twitter. O velório de Bento XVI acontecerá na segunda-feira, 2 de janeiro, na Basílica de São Pedro do Vaticano, confirmou a Santa Sé, jurisdição eclesiástica da Igreja Católica, em um comunicado.
A saúde de Joseph Ratzinger, que vivia no Mosteiro Mater Ecclesiae desde sua renúncia, em 2013, vinha se debilitando nos últimos anos. Na última quarta-feira (28/12), o Papa Francisco chegou a pedir aos fieis que orassem por seu antecessor, que estaria “gravemente doente”. Na sexta-feira, o Vaticano emitiu um comunicado, informando que, de fato, a situação de Bento XVI era grave, mas estável, e que ele recebia atenção médica constante.
O Pontificado de Bento XVI
Bento XVI liderou a Igreja Católica entre 2005 e 2013, quando tornou-se o primeiro Papa em 600 anos a renunciar ao cargo. E, embora a renúncia seja justamente a principal lembrança de seu pontificado, o período também foi marcado por um conservadorismo nas questões morais do catolicismo, que ele expressou, inclusive, por meio de densos textos teológicos, por escândalos e vazamento de documentos do Vaticano.
O caso conhecido como Vatileaks expôs como o Vaticano era administrado, com escândalos que envolviam corrupção, desvio de dinheiro, comportamentos sexuais contrários à Igreja e vários jogos de poder. Na época, chegou-se a especular que o acúmulo de problemas teria sido o motivo da renúncia de Bento XVI, mas ele e seus apoiadores sempre alegaram problemas de saúde. O próprio Papa emérito afirmava que, após uma viagem ao México, em 2012, na qual levou uma queda, sentiu o peso da idade e percebeu que sequer seria capaz de ir ao Brasil em 2013, para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
Bento XVI reconhecia que não tinha muita vocação para questões administrativas e delegava muitas decisões a pessoas de sua confiança, entre elas, o cardeal Tarciso Bertone, secretário de Estado do Vaticano. Bertone foi posteriormente envolvido numa polêmica por reformar um apartamento de 700 metros com recursos de um hospital infantil do Vaticano.
Uma das missões de Bento XVI à frente da Igreja Católica era reforçar a fé absoluta em Deus e Jesus Cristo, principalmente num momento em que essa religião começava a perder fieis em todo o mundo. Todos os densos textos teológicos que escreveu durante seu Pontificado foram nesse sentido, rememorando seus clássicos acadêmicos. Em Introdução ao Cristianismo, de 1968, é um deles. Outro exemplo é a série best-seller Jesus de Nazaré, na qual contou a vida de Cristo com toques de história e teologia.
Bento XVI era criticado por expor, inclusive nesses textos, a visão de uma Igreja considerada demasiado conservadora e desconectada de seu tempo. Mais de uma vez, ele deu declarações contrárias ao aborto em qualquer circunstância, ao casamento entre homossexuais, à distribuição de preservativos como política de saúde pública, ao fim do celibato dos padres e à flexibilização de normas para casais em segunda união. Ele também recebia críticas por representantes da chamada “teologia da libertação” e outras correntes consideradas “de esquerda”, que conciliavam a defesa dos pobres na política com o cristianismo.
Trajetória